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Mulheres investem no mercado cervejeiro com marca feminista e franquia

Kathia Zanatta, fundadora do Instituto da Cerveja, escola para cervejeiros - Divulgação
Kathia Zanatta, fundadora do Instituto da Cerveja, escola para cervejeiros Imagem: Divulgação

Larissa Coldibeli

Do UOL, em São Paulo

08/03/2015 06h00

Elas não apenas bebem e conhecem sobre cerveja como investem no mercado cervejeiro. Mulheres estão à frente de iniciativas como uma marca de cerveja feminista, uma rede de franquias que vende versões especiais da bebida e até uma escola para cervejeiros. 

Kathia Zanatta, 32, é fundadora do Instituto da Cerveja, escola de formação de sommeliers de cerveja fundada em 2013. Ela descobriu sua vocação ainda na faculdade de engenharia de alimentos, quando conseguiu um estágio na cervejaria Paulaner e foi morar por um ano na Alemanha, em 2005. Lá, ela passou por todos os departamentos da empresa.

Na volta ao Brasil, foi trainee em desenvolvimento de cervejas da Schincariol (hoje Brasil Kirin). Pela empresa, fez o curso de sommelier de cervejas na Alemanha, em 2008, e, em 2010, foi convidada, junto com dois colegas de trabalho, a desenvolver o curso de sommelier de cervejas no Brasil em parceria com a ABS (Associação Brasileira de Sommeliers). Hoje, os três são sócios no negócio.

O curso de sommelier do Instituto da Cerveja tem duração de 104 horas e custa R$ 3.000. Ela diz que cada turma tem de 20% a 25% de mulheres entre os alunos. “Muitas mulheres mais velhas não tomam cerveja porque é ‘feio’. Na Europa, isso não acontece. É comum ver mesas de velhinhas no bar tomando cerveja. Esse ponto cultural está mudando por aqui”, afirma.

Franquia vende kits de cervejas especiais

Beer code - Divulgação - Divulgação
Ketlyn Zim, fundadora da rede de franquias Beer Code
Imagem: Divulgação

Ketlyn Zim, 28, é fundadora da rede de franquias Beer Code, que vende cervejas especiais em kits presenteáveis. A ideia de negócio surgiu depois que ela ganhou uma cerveja com mel entre os ingredientes, interessou-se pelo universo cervejeiro e viu que esse era um mercado ainda pouco explorado. A primeira unidade foi inaugurada em 2010, em Porto Alegre.

Um de seus objetivos é atrair mais mulheres para o mundo cervejeiro. “Elas já compram bastante, principalmente para presentear, mas oferecemos degustações para que elas também passem a apreciar a bebida. A mulher é um público importante, porque é fiel quando gosta de um produto”, afirma.

A empresária acredita que muitas mulheres não gostam da bebida porque só tiveram contato com as cervejas convencionais, que não têm sabores complexos. “É necessário educar o paladar.”

Hoje, a Beer Code possui oito unidades na região Sul e em São Paulo. O investimento inicial para uma unidade é a partir de R$ 101 mil (custos de instalação + taxa de franquia). O faturamento médio mensal é de R$ 50 mil, com lucro de 10% a 15%, ou seja, de R$ 5.000 a R$ 7.500. O retorno do investimento é a partir de 24 meses.

Cerveja Feminista quer discutir machismo na propaganda

Cerveja Feminista -  -
Cerveja Feminista foi lançada após polêmica da Skol

As publicitárias Thais Fabris, 32, Maria Guimarães, 28, e Larissa Vaz, 25, lançaram em fevereiro a cerveja Feminista. A ideia surgiu depois da campanha polêmica da Skol que incentivaria o assédio no Carnaval. “Não queríamos deixar morrer a conversa sobre machismo na propaganda. Lançamos a cerveja para manter o assunto, para que seja um puxador de conversa na mesa do bar”, afirma Guimarães.

Apesar da proposta, elas mesmas se deixaram levar pelas velhas fórmulas publicitárias. No lançamento do site, o produto era descrito em primeira pessoa, como se fosse uma mulher feminista à venda. "Sou uma ruiva de descendência irlandesa. Depois vem meu sabor...", dizia o site. Ná página de encomendas, a pergunta: "Quantas feministas você quer?". Após acompanhar críticas em um grupo feminista no Facebook, elas adequaram a comunicação.

Foram vendidas mil unidades no primeiro lote e há mais 2.000 encomendadas. Elas ainda estão negociando os últimos detalhes com a cervejaria que irá produzir a bebida e esperam fazer o evento oficial de lançamento em cerca de um mês. As publicitárias, que não se dizem feministas, afirmam que não esperam lucro e estão vendendo o produto a preço de custo: R$ 14.

Conhecer o ramo é fundamental, diz consultora

Ana Fontes, especialista em empreendedorismo feminino e fundadora da Rede Mulher Empreendedora, diz que as mulheres precisam dominar o assunto caso desejem abrir uma empresa em um segmento considerado masculino. “A rejeição é grande, a mulher é vista e muitas vezes se sente como um estranho no ninho.”