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Foto de irmãs Kardashian no Instagram faz grife mineira bombar exportação

Afonso Ferreira

Do UOL, São Paulo

13/04/2015 06h00

Fotos da modelo e socialite norte-americana Kim Kardashian e sua irmã também modelo Kourtney vestindo calças legging ajudaram uma fabricante mineira da roupa a exportar seis vezes mais o produto para os Estados Unidos. Kourtney chegou a postar duas vezes fotos vestindo uma calça legging com estampa de onça no Instagram.

Willian Pires, 40, sócio da confecção, diz que a calça usada por Kourtney nas fotos foi confeccionada pela grife e comprada na loja Bandier, revendedora da marca na cidade de Southampton, no Estado de Nova York. A modelo também foi fotografada vestindo a calça durante uma caminhada ao lado da irmã Kim, que vestia uma legging preta. 

Após as publicações, em nove meses, as vendas da grife Cândida Mariá, de Uberlândia (494 km de Belo Horizonte) para o país subiram de 500 peças para 3.000 itens por mês. O número de revendedores das calças legging também aumentou. A marca, que antes era encontrada em 80 pontos de venda nos EUA, agora é vendida em 400 lojas, maior mercado para a empresa fora do Brasil.

Chase Rosen, gerente da loja Bandier, revendedora das leggings mineiras, confirma que Kourtney e a irmã Kim compraram calças da grife de Uberlândia. “As irmãs Kardashian fizeram a compra em nossa loja no último verão [no hemisfério norte, entre junho e setembro]”, disse por e-mail.

Produto valoriza curvas femininas

A vantagem do produto em relação à concorrência é a modelagem, segundo Pires. “Apesar de ser mais caro do que as calças chinesas, nosso produto valoriza as curvas femininas e é mais confortável. Isso, com certeza, faz diferença para o público que pratica exercícios”, afirma. 

As exportações representam 20% das vendas da empresa. Além dos Estados Unidos, os produtos são enviados para Alemanha, África do Sul, Austrália, Espanha e Portugal. Em 2014, a empresa faturou R$ 3,5 milhões. A margem de lucro, no entanto, é abaixo de 10%, segundo o empresário.

A empresa chegou ao mercado internacional por meio da cunhada de Pires, que mora nos Estados Unidos e começou a levar algumas peças para lojistas das principais cidades do país. Depois, a grife lançou uma versão em inglês do site, o que facilitou o contato por parte dos clientes internacionais.

Negócio começou com R$ 800

A grife foi criada há dez anos com investimento inicial de R$ 800, de acordo com Pires. O dinheiro foi o que sobrou da venda de um carro. “Quitei as dívidas do veículo e com o que sobrou comprei os primeiros tecidos”, diz. O primeiro lote foi de apenas 12 camisetas regatas produzidas por uma costureira terceirizada.

Na época, o empresário cursava a faculdade de direito e vendeu todas as peças no mesmo dia para colegas. Em seguida, o empreendedor começou a vender o produto de porta em porta e, depois, para lojistas. Foi aí que o negócio ganhou volume. “Fechei um pedido de mil peças e percebi que era mais vantajoso vender no atacado”, afirma.

Por conta da sazonalidade das regatas, a empresa precisou diversificar a linha de produtos com leggings, batas, saias e blusinhas. “Vendíamos muito no verão, mas passávamos por dificuldades no inverno”, diz Pires. Atualmente, a grife produz, em média, 30 mil peças por mês. As novas linhas representam metade das vendas da grife.

Atrasar entrega é inaceitável, diz consultor

Antes de exportar, no entanto, a pequena empresa precisa criar um diferencial para seus produtos, segundo Gilberto Campião, consultor do Sebrae-SP (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo). Um tecido mais confortável ou uma calça com melhor corte e caimento podem fazer com que a marca se destaque da concorrência.

“O diferencial da pequena empresa não pode ser o preço baixo”, afirma. “O produto de origem asiática sempre será mais barato.” Além disso, o consultor diz que, para começar a exportar, o empresário precisa ter uma gestão profissional do negócio.

“Atrasar a entrega de um pedido é inaceitável no comércio exterior. Se acontecer, esse cliente dificilmente comprará outra vez da empresa”, declara. “Por isso, a produção e a logística de entrega precisam funcionar corretamente para que seja cumprido o que foi prometido em relação ao prazo e à qualidade.”

Onde encontrar:

Cândida Mariá: candidamaria.com.br