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Paleteria lança quiosque por R$ 140 mil; consultor vê risco por fim da moda

Larissa Coldibeli

Do UOL, em São Paulo

14/04/2015 06h00

O inverno está chegando. Para tentar enfrentar o período de baixa nas vendas de sorvetes na temporada fria, a rede de franquias Los Paleteros lança um modelo de negócio chamado de “carrinho”, a partir de R$ 140 mil (custos de instalação + taxa de franquia + capital de giro). Consultores ouvidos pelo UOL, no entanto, avaliam que investir em negócio da moda pode ser arriscado. 

Outra estratégia adotada pela da rede é realizar ações promocionais da marca, que estará presente no Rock in Rio. 

O carrinho como ponto de vendas é, na realidade, um quiosque menor do que o tradicional, que possui rodinhas, para ser instalado em shopping centers. O investimento é 65% menor do que necessário para montar uma loja da rede, que custa a partir de R$ 395 mil, e 46% menor do que um quiosque convencional, que não sai por menos de R$ 260 mil.

“A implantação do carrinho é mais fácil e barata do que a do quiosque porque ele vem pré-fabricado. O quiosque precisa ser construído no local”, afirma o sócio-fundador, Gean Chu.

Além disso, é possível operar o carrinho com dois funcionários, enquanto o quiosque exige quatro, e a loja, seis. O faturamento médio mensal, no entanto, também é menor. A estimativa é de R$ 85 mil por mês para o carrinho, contra R$ 100 mil para loja e para quiosque, segundo a empresa. A rede não informa o lucro médio mensal.

A rede prevê retorno do investimento entre 12 e 24 meses, mas a ABF (Associação Brasileira de Franchising), trabalha com o mínimo de 24 meses.  A primeira operação no novo modelo funciona desde o final de dezembro em Campinas (93 km a noroeste de São Paulo) e há outras duas em Piracicaba (160 km a noroeste de São Paulo) e em Porto Alegre (RS).

Fundada em dezembro de 2012 em Balneário Camboriú (SC), a Los Paleteros possui 83 unidades, sendo quatro próprias. A expectativa é inaugurar mais 75 unidades em 2015, sendo 35 no novo formato. A rede fechou 2014 com faturamento de R$ 70 milhões. O lucro não foi informado.

Vendas devem cair 40% no inverno

A rede se prepara para uma queda de até 40% nas vendas. Para driblar a sazonalidade, eles apostam em estratégias que já deram certo em anos anteriores. Uma delas é o lançamento de novos sabores inspirados em sobremesas, como torta de limão e romeu e julieta. A rede também investe em propagandas na televisão para manter o interesse pelo produto.

Parcerias com outras marcas para criação de sabores é uma nova aposta. O sabor iogurte e frutas vermelhas, em parceria com a bala Fruitella, já está à venda nas lojas. E, a partir do dia 24, os clientes poderão provar o sabor “crunchy cream”, de nata com baunilha e pedaços crocantes de biscoito de chocolate, em parceria com o Rock in Rio. A marca será a única de sorvetes presente no festival, com operação própria.

Além disso, está sendo inaugurado nesta terça (14) um laboratório em Moema, bairro da zona sul de São Paulo, para a criação de novos sabores, que contará com o palpite de clientes, franqueados e formadores de opinião. “Nos primeiros seis meses, vamos validar os processos do laboratório e, depois disso, vamos abrir um processo de seleção de clientes interessados em participar”, afirma Chu.

Negócio é moda e hora de entrar já passou, dizem consultores

Para os consultores especializados em franquias Ana Vecchi, da Vecchi Ancona, e Marcus Rizzo, da Rizzo Franchise, as paleterias são um negócio da moda. “É um produto novo, com novo modelo de negócio, que até ontem não existia e, de repente, está em todos os lugares”, diz Vecchi. O período de validade de negócios de moda costuma ser de quatro anos.

Ela diz que entrar nesse negócio hoje é mais arriscado do que há dois anos. “O mercado está se consolidando, os melhores pontos já foram ocupados. A hora certa para investir já passou, agora é necessário escolher o lugar certo. Regiões quentes, como Norte, Nordeste e Centro-Oeste sofrem menos com a sazonalidade, por exemplo.”

Para Rizzo, no entanto, é possível que haja uma quebradeira de franqueados nos próximos anos. “É um negócio que exige um alto capital para instalação, mas que não tem receitas compatíveis com o investimento. O ticket médio é baixo e, no inverno, as vendas caem, porque brasileiro não tem o hábito de consumir sorvete no frio”, afirma.