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Franquia oferece sex shop sem vibrador à mostra em shoppings por R$ 40 mil

Larissa Coldibeli

Do UOL, em São Paulo

15/04/2015 06h00

Sex shop light:

  • Cara do negócio é inspirada em lojas de cosméticos, como O Boticário
  • Clientes são recebidos com espumante
  • Dono foi revendedor de lingeries porta a porta, com 150 sacoleiras
  • Ele abriu sex shop antes, mas imagem negativa atrapalhava
  • Pessoas não têm uma boa imagem de sex shops tradicionais

Quem passa em frente enxerga uma loja de cosméticos e lingeries comum. Quem entra descobre que os itens têm um algo mais. Levar sex shops para shopping centers, com um layout discreto, sem vibradores à mostra, é a proposta da Desejo Secreto, única franquia de produtos eróticos do Brasil, segundo a ABF (Associação Brasileira de Franchising).

Ainda não há nenhuma loja em shoppings, apenas em rua. Consultor alerta para o risco de haver preconceito, mas a novidade também pode ser um ponto positivo.

Os cosméticos sensuais, como óleos de massagem, são o carro-chefe. Mas a rede também vende lingeries e fantasias eróticas, além dos vibradores e acessórios, que ficam em uma área reservada. O investimento parte de R$ 40 mil, incluindo custos de instalação, sem contar o ponto comercial e a reforma, e a taxa de franquia.

O espaço mínimo para uma loja é 20 m². O faturamento médio mensal é de R$ 25 mil, com 25% de margem de lucro, ou seja, R$ 6.250, segundo a empresa. A rede informa que o retorno do investimento se dá a partir de seis meses, mas a ABF diz que a média é de 24 meses para microfranquias (aquelas com investimento inicial de até R$ 80 mil).

São cinco lojas de rua em funcionamento, todas no interior de São Paulo, e 20 em implantação, segundo o fundador, Everton Moreira, 36. O plano de expansão prevê lojas de rua e de shopping, em cidades como Salvador e São Paulo.

Formado em química, ele foi funcionário de uma franqueadora por 15 anos, até que resolveu empreender como revendedor de lingeries porta a porta. A equipe chegou a  150 sacoleiras. No final de 2010, decidiu abrir uma sex shop em Capivari (137 km a noroeste de São Paulo).

“Minha expectativa era faturar de R$ 25 mil a R$ 30 mil por mês, mas só chegava a R$ 10 mil ou R$ 12 mil em meses bons. Foi aí que percebi que sex shops têm uma imagem negativa, as pessoas não gostam nem de entrar”, diz. Diante dessa constatação, ele resolveu mudar o conceito da loja em 2013, apostando em uma butique erótica, e atingiu a receita esperada.

Lojas são inspiradas na franquia O Boticário

O desenho dos pontos de venda é inspirado em lojas de cosméticos, como O Boticário, com entradas abertas e vendedoras uniformizadas. Os clientes são recebidos com espumante e as atendentes são treinadas para explicar, demonstrar os produtos e ainda oferecer serviços, como chá de lingerie para noivas, encontro de casais (inclusive para igrejas) e até treinador de namoro.

Os cosméticos sensuais são o carro-chefe, com destaque para o vibrador líquido, que provoca a sensação de dormência e pequenas contrações nas partes íntimas, e o anestésico anal, para facilitar a prática de sexo anal. Os produtos variam de R$ 6 (cápsulas vaginais que esquentam ou esfriam) a R$ 299 (vibrador). Entre as lingeries e fantasias eróticas, há peças exclusivas. Os preços vão de R$ 30 a R$ 129.

Preconceito pode limitar crescimento, diz consultor

Para o consultor de franquias Luis Stockler, da consultoria BaStockler, o empreendedor acerta ao apostar na discrição da loja, pois muitas pessoas têm vergonha de ser vistas manipulando produtos eróticos. Mesmo assim, a atração de franqueados ainda pode ser prejudicada. "Ainda há muito preconceito". Mas, por ser novidade, os shoppings podem se interessar pelo negócio.

No entanto, ele alerta para a importância de ter produtos certificados pelo Inmetro e autorizados pela Anvisa, para não expor os franqueados a produtos não permitidos pela lei. Outro ponto de atenção é a concorrência, pois criar negócios similares é simples.

Os dados financeiros, no entanto, precisam ser analisados cuidadosamente pelo candidato, que deve conversar com franqueados para saber mais sobre a operação. “É muito difícil montar um ponto de 20m² por menos de R$ 100 mil. A margem de lucro de 25% até pode ser possível em algumas operações, mas dificilmente será a média de uma rede, que deve ficar em torno de 15% a 20%.”

Cláudio Tieghi, diretor de inteligência de mercado da ABF, diz que, por ser um modelo de negócio novo no ramo erótico, o empreendedor enfrentará dificuldades, mas também é uma oportunidade. "Ele enfrentará os riscos de ser o primeiro e ter que adaptar o negócio se precisar, mas também tem a chance de se consolidar e virar referência", declara.