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Hambúrguer de chef que só comeu sanduíche aos 13 chega a Miami

Afonso Ferreira

Do UOL, em São Paulo

16/04/2015 06h00

Os caminhos da rede Madero, que nasceu no Paraná:

  • Chef experimentou seu 1º hambúrguer numa rodoviária e se apaixonou
  • Morador de cidade pequena do PR, ele viajava só para comer o sanduíche
  • Dono já foi vereador e madeireiro na Amazônia antes de ser chef
  • Seu primeiro restaurante é de alta gastronomia em Curitiba
  • Rede de 47 unidades no Brasil vai abrir pontos em Miami, Sidney e Dubai

Ele já foi vereador, madeireiro na Amazônia, chef de restaurante renomado, mas é uma paixão de infância que hoje dá rumo aos negócios do empresário Luiz Renato Durski Junior: o hambúrguer, que o paranaense só experimentou aos 13 anos de idade.

Quarenta anos depois de comer o sanduíche pela primeira vez, sua rede de hamburguerias Madero soma 47 lojas no país e se prepara para abrir a primeira unidade em Miami, nos Estados Unidos. Só em 2014, a empresa faturou R$ 182,3 milhões. O lucro foi de R$ 10,9 milhões, segundo o empresário.

O sanduíche tem características especiais: é feito com pão francês assado na hora e hambúrguer grelhado na churrasqueira. Com nove unidades no Brasil, o plano de expansão internacional do Madero inclui lojas em Sidney, na Austrália, e em Dubai (Emirados Árabes). As duas inaugurações estão previstas ainda para 2015, segundo a rede.

Nascido em Prudentópolis (214 km a oeste de Curitiba), cidade que não contava com lanchonetes e redes de fast-food, Junior Durski, como é conhecido, experimentou seu primeiro hambúrguer na rodoviária de Ponta Grossa, a 98 km de sua cidade-natal, quando voltava de uma viagem à casa do avô. E se apaixonou.

“Meu primeiro hambúrguer foi um X-salada”, diz. “Depois de provar, fui várias vezes à cidade de ônibus só para comer o lanche e voltar. Perdia quase o dia todo na viagem.”

Primeiros restaurantes deram prejuízo

Descendente de uma família de políticos locais, Durski foi eleito vereador em sua cidade, mas renunciou em menos de dois anos para extrair madeira na Amazônia. Em 1984, o empresário se mudou para Machadinho d’Oeste (RO), onde morou por 15 anos. “Nesse período, peguei malária três vezes”, diz. “Só na última vez, perdi 10 kg.” Por causa da saúde, decidiu voltar ao Paraná, mas manteve as atividades à distância.

Em Curitiba, Durski abriu em 1999 um restaurante de alta gastronomia, que leva o sobrenome do empresário e oferece receitas da família de origem ucraniana e polonesa. Segundo ele, a casa até hoje não dá lucro. O objetivo de mantê-la aberta é para que seu nome continue uma referência em alta gastronomia na cidade.

Em 2005, abriu outro restaurante, ao lado do primeiro. Era o Madero, nome inspirado na atividade madeireira. Os primeiros cinco anos também foram de prejuízo, de acordo com o empresário. E os negócios só eram mantidos com a renda da exportação de madeira. O Madero só virou o jogo e passou a ser lucrativo em 2010, quando já tinha seis unidades. 

Para isso, foi preciso baixar o preço do hambúrguer de R$ 28 para R$ 17. O resultado foi imediato, afirma. “Tinha convicção de que o produto era bom, mas não entendia porque as lojas ficavam vazias. Foi aí que abaixamos o preço.” Já no primeiro mês, o número de clientes na rede foi três vezes maior. Hoje, os hambúrgueres custam de R$ 23 a R$ 39 (com fritas) e representam 80% das vendas.

Calcular mal preço de produto pode gerar prejuízo

De acordo com Marcelo Nakagawa, professor de empreendedorismo do Insper, o mal planejamento do negócio pode levar a sérios prejuízos e até o fechamento da empresa. Um dos erros mais comuns está na hora de calcular o preço dos produtos ou serviços. “Às vezes o negócio pode ser bom, mas o preço está alto ou ponto mal localizado”, declara. 

Se o preço for muito alto, as vendas podem não ser satisfatórias. E, se for muito baixo, há ainda o risco de a operação não se pagar. Segundo o professor, quando o empreendedor notar prejuízo, ele pode pesquisar com clientes, fornecedores e outros empresários do ramo melhorias a serem feitas.

Caso as alternativas não ajudem a empresa a sair do vermelho, o empreendedor precisa avaliar a continuidade do negócio. A perda de dinheiro pode ser maior caso o empresário não perceba a hora de encerrar as atividades. “Fechar uma empresa também envolve custos, especialmente trabalhistas. Se o empresário esperar o caixa zerar para encerrar o negócio, como ele pagará os funcionários?”, diz. 

Onde encontrar:

Madero: www.restaurantemadero.com.br