Engenheira formada fez faxina em loja de SP e hoje é dona de 6 empresas

Mesmo depois de formada em engenharia eletrônica, Andrea Sabino, 50, foi vendedora, fez faxina e passou roupa em uma loja antes de ser empreendedora. Hoje, ela é dona de seis empresas em diferentes segmentos, como tecnologia, saúde e financeiro. O faturamento e o lucro dos negócios não foram divulgados.

A empresária saiu de Recife rumo à capital paulista em 1994, após se divorciar do marido. O primeiro emprego em São Paulo foi como vendedora em uma loja de roupas. Quando a funcionária responsável pela limpeza saiu de licença-maternidade, a engenheira acumulou a função para complementar sua renda.

“Trabalhava como vendedora durante o expediente e, quando a loja fechava, eu fazia faxina e passava as roupas que iriam para a vitrine no dia seguinte”, diz. Sua renda, na época, era de um salário mínimo mais comissão sobre as vendas que realizava. Ao todo, ela trabalhou durante um ano e quatro meses na loja.

A empresária afirma ter sofrido discriminação por ser mulher e nordestina até conseguir emprego em sua área de formação, que é predominantemente masculina. “Percebia que, na hora da entrevista, as pessoas riam do meu sotaque e eu ficava com muita vergonha”, diz. “Se meu sotaque é ‘arrastado’ hoje, imagina há 21 anos.”

A primeira chance na área veio em uma empresa de cartões de crédito. Em seguida, ela trabalhou em uma fabricante de celulares. No entanto, precisou morar no México e viajava constantemente para os Estados Unidos e Europa, enquanto os filhos viviam no Brasil. Para ficar mais perto da família, a empresária decidiu largar o emprego e abrir o negócio próprio, em 2000.

Empresária aproveitou oportunidades para criar negócios

A primeira empresa, a Brightcom, vende placas wi-fi (acesso à internet sem fio) para notebooks. “Na época, o Brasil ainda não tinha internet wireless. Por viajar muito, percebi uma oportunidade”, diz a empreendedora. Pouco depois, ela abriu a Brightcorp, negócio focado na distribuição de equipamentos de informática.

Com início da TV digital no país, no final de 2007, a engenheira enxergou outra oportunidade e fundou a Sagna, fabricante de antenas de sinal digital aberto. A marca se tornou uma das referências do mercado e teve parte da sociedade vendida para um grupo internacional. Porém, a empresária continua no comando do negócio.

A quarta empresa veio em uma área diferente, a da saúde. Em sociedade com o segundo marido, Sabino abriu uma clínica de pneumologia em Alphaville, região nobre de Barueri, na Grande São Paulo. Devido à sua experiência, a quinta empresa foi uma consultoria para implantação de novos negócios.

A mais nova empreitada da empreendedora em série é uma empresa de garantias e participações imobiliárias. O serviço oferece imóveis como garantia para outros empresários conseguirem empréstimos em troca de participação na gestão do negócio e nos lucros. “É uma modalidade nova no Brasil e espero me tornar referência na área”, declara.

Dividir atenção entre empresas pode ser prejudicial

Abrir mais de uma empresa é uma estratégia arriscada e precisa ser planejada, segundo Paulo Marcelo, gerente do Sebrae-SP (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo). Para o especialista, o empreendedor pode perder o foco com mais de um negócio, o que pode levá-los ao fechamento.

“A atenção que antes era só para uma empresa passa a ser dividida e o primeiro negócio que estava indo bem pode ser prejudicado”, diz. Além disso, Marcelo afirma que é importante não misturar o caixa das empresas. “Se o empresário tirar dinheiro de um negócio sadio para colocar no outro, ele pode ficar descapitalizado e as duas empresas são puxadas para baixo.”

O consultor declara, ainda, que para ter sucesso à frente de vários negócios, o empresário precisa delegar tarefas e encontrar sócios que entendam da área de atuação. “É normal o empreendedor querer fazer tudo, mas as empresas precisam andar sozinhas. Para isso, é importante ter uma equipe que saiba levar as ideias dele adiante.”