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Casa tem gravadora de vinil, bar, loja e escola; vale diversificar negócio?

Vívian Soares

Do UOL, em São Paulo

08/05/2015 06h00

Um misto de gravadora de vinis, loja, bar, café, com uma pitada de espaço de eventos, coworking e, agora, também escola de DJs. Essa é uma definição aproximada da Casa Brasilis, empreendimento fundado em agosto do ano passado pelos sócios Rafaella Gouveia e Bruno Borges.

A diversificação de produtos e serviços do negócio, ao mesmo tempo que pode atrair mais público e aumentar a receita, eleva o risco e dificulta a gestão da empresa, segundo consultor ouvido pelo UOL.

A ideia de ter um lugar para reunir amantes do rap, hip hop e música brasileira surgiu como uma evolução do selo Brasilis Grooves, que desde 2011 resgata vozes pouco conhecidas da música brasileira, como Noriel Vilela e o pernambucano Di Melo, e prensa vinis em edições limitadas para venda ao público. O selo cresceu e atraiu novos artistas, despertando a necessidade de um ponto próprio.

“Nossas prensagens de discos são de 500 ou 1.000 cópias, que são vendidas de forma lenta, com um retorno difícil. Ainda estamos engatinhando: o que faturamos dá para pagar as contas”, afirma a sócia. Os álbuns prensados pela gravadora custam de R$ 30 a R$ 65.

Mas, como as vendas de vinis não “sustentavam” o ponto, a Casa Brasilis começou a funcionar também como loja de roupas e bar – as vendas de café, cervejas e porções hoje ajudam a manter o negócio que fatura por volta de R$ 25 mil mensais. O lucro não foi informado.

A sócia afirma que, no princípio, a ideia era montar uma loja física para os discos da Brasilis Grooves e também outros vinis usados. “Começamos a fazer festinhas e happy hours, sempre com foco na cultura do DJ e do disco de vinil”, diz. Aos poucos, começaram as festas fixas como a Beat Brasilis, que acontece às quartas, e a casa começou a ser um ponto de encontro da comunidade da música. 

Coworking e escola de DJ no mesmo espaço

Com apenas um funcionário além dos dois sócios, a Casa Brasilis funciona também como espaço “acidental” de coworking (espaço de trabalho compartilhado). Com Wi-Fi livre e espaço aberto para quem busca um ambiente para trabalhar, a loja também atrai clientes para o café. “Não cobramos nada pela permanência das pessoas, mas a maioria consome nossos produtos”, diz.

O último passo dado, segundo a sócia, foi no sentido de diversificar um pouco mais. Desde abril, a Casa Brasilis oferece cursos livres de discotecagem e aulas de MPC (aparelho para Djs), como mais um complemento da gama de serviços da loja.

Oferecer mais serviços para cobrir prejuízos é arriscado

O consultor de marketing do Sebrae São Paulo, Marcelo Sinelli, explica que oferecer produtos e serviços diversificados dentro de um espaço acolhedor é uma solução para mercados de nicho como o de vinis. É o chamado marketing de experiência, segundo o consultor, que pode ser explorado especialmente pelos pequenos negócios. 

“O ambiente descolado e a trilha sonora compõem um cenário em que o cliente quer permanecer, se envolver. Vai além de uma relação de consumo simples: muitas pessoas desejam a experiência mais do que o produto”, afirma. “Além disso, o empreendedor expande a gama do que oferece para o cliente e assim aumenta o ticket médio”, explica.

No entanto, o consultor alerta que é um risco iniciar atividades para cobrir deficiências de outras. O ideal é que cada serviço seja planejado. “Toda a estratégia deve estar prevista no plano de negócios”, diz. Além disso, é necessário ter uma gestão bem estruturada, para administrar todas as atividades simultaneamente. 

Sinelli explica ainda que diversificar pode parecer simples, mas a opção deve ter consistência, e os serviços e produtos devem conversar entre si e se complementar. “É preciso ter uma boa capacidade de articulação de imagem e de marca”, afirma. 

Onde encontrar

Casa Brasilis: casabrasilis.com.br