Start-up de SC cria tecido contra celulite e nanocápsula que hidrata a pele

A nanotecnologia tem ajudado uma start-up de Santa Catarina a inovar. Fundada em 2009, a Nanovetores já criou cosméticos com nanocápsulas que hidratam a pele, além de tecidos resistentes à lavagem, com propriedades antibacterianas, hidratantes, relaxantes musculares ou para tratamento da celulite. 

As nanocápsulas, que são invisíveis a olho nu, são usadas em soluções líquidas. Suas propriedades cosméticas são liberadas apenas no contato com água, enzimas, por meio de fricção ou variação de temperatura e ph. Isso, segundo a empresa, permite que os princípios ativos do produto permaneçam inalterados até o momento da sua utilização.

A tecnologia é inédita, segundo a empresa, que já depositou nove pedidos de patente. A start-up está incubada no Celta (Centro Empresarial para Laboração de Tecnologias Avançadas), incubadora de Santa Catarina. Em 2014, faturou R$ 2,5 milhões, R$ 1 milhão a mais do que no ano anterior. A empresa tem 25 funcionários e cinco distribuidores internacionais.

A Nanovetores é uma das 68 integrantes do API.nano, rede de empresas que desenvolvem soluções sustentáveis para grandes indústrias e trabalham com nanotecnologia em produtos têxteis, de metalurgia, alimentos, biomedicina, cosméticos, construção civil, entre outros.

Segundo Leandro Antunes Berti, secretário-executivo do API.nano, a rede conta basicamente com empresas de micro e pequeno portes –aquelas que faturam no máximo R$ 3,6 milhões ao ano. “Queremos intensificar nossa parceria com grandes indústrias e, nos próximos cinco anos, criar um centro de inovação em nanotecnologia”, afirma.

Berti também é empreendedor em uma start-up, a Advanced Nanosystems. Sua empresa desenvolve um fluido feito de insumos naturais utilizado para pesar caminhões e um óleo isolante que, quando dentro de um transformador, aumenta a proteção e reduz em até 40% o risco de curto-circuito.

Gestão é dificuldade para empresas de tecnologia

Segundo Berti, inovar é apenas parte do desafio para os empreendedores de tecnologia. Como muitos têm o perfil altamente técnico, a maior dificuldade acaba sendo a gestão da empresa.  “É o mesmo desafio de qualquer empresário: sobreviver aos dois primeiros anos de atividade”, afirma.

Segundo levantamento da Fundação Dom Cabral entre empreendedores, a falta de conhecimento em gerenciamento é um dos fatores de risco que levam start-ups ao fracasso. 

De acordo com José Martins, diretor-executivo da empresa Nanotimize, de São Paulo, o maior problema do pesquisador é verificar a viabilidade econômica de uma ideia.  “A grande dificuldade é entender quanto o produto vai valer no mercado e fazer a conta de trás pra frente, se vale a pena”, declara.

A Nanotimize trabalha com o micro e nano encapsulamento de princípios ativos que melhoram o desempenho de remédios. “Significa tomar comprimidos apenas uma vez por semana, em lugar de duas vezes por dia", afirma. "Diversos tratamentos não avançam porque o paciente esquece de tomar o medicamento”, diz Martins. 

O físico José Rabelo, diretor da Innova Cura Biomateriais de Santa Catarina, que fabrica enxertos ósseos, buscou ainda na faculdade desenvolver seu lado empreendedor participando de cursos, muitos dentro do Sebrae (Serviço de Apoio à Micro e Pequena Empresa). “Consigo praticar até hoje as experiências vividas. Vi minhas deficiências e no que preciso melhorar."

Negócio requer alto investimento e mão de obra qualificada

O modelo de negócio de uma empresa de tecnologia conta com mão de obra altamente qualificada e requer grande investimento e muito tempo para se desenvolver. Por isso, muitas começam sua trajetória dentro de incubadoras.

Para fortalecer o trabalho das incubadoras, o Sebrae e a Anprotec (Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores) desenvolveram um modelo de gestão chamado Cerne. "Trabalhamos a qualificação em mercado, gestão e capacitação do empreendedor”, afirma o presidente do Sebrae, Luiz Barretto.

Onde encontrar:

Nanovetores: http://www.nanovetores.com.br/