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Campeão de pôquer usa prêmio para abrir franquia de produtos antialérgicos

Afonso Ferreira

Do UOL, em São Paulo

07/07/2015 06h00

Mais que um hobby, o pôquer abriu caminho para o carioca Felipe Carriço, 26, tornar-se empresário. No ano passado ele venceu a etapa de Florianópolis do BSOP (Brazilian Series Of Poker), o campeonato brasileiro de pôquer. Parte da premiação recebida foi usada para abrir uma unidade da franquia Alergoshop (produtos antialérgicos) no Rio de Janeiro.

Dos R$ 171 mil da premiação, Carriço gastou R$ 100 mil na compra da franquia. O investimento total na abertura da loja, segundo ele, foi de R$ 210 mil. O restante do dinheiro foi obtido com a ajuda dos pais dele e do sócio, Guilherme Araken, 23, que é primo do jogador de pôquer.

O negócio abriu as portas no dia 24 de junho deste ano. Em pouco mais de duas semana de atividade, Carriço diz que o movimento na loja está dentro da expectativa passada pela franquia. “Ainda é cedo para falar que o negócio vai bem, mas estamos muito confiantes”, afirma.

Segundo o empresário, a região onde a loja está localizada, em Botafogo, tem vários consultórios médicos e grande fluxo de pessoas, o que ajuda a atrair clientela. “Não há lojas de produtos antialérgicos por perto. Vimos uma oportunidade e encontramos um ponto bastante favorável”, declara.

Apesar de a dupla ter investido R$ 210 mil, a Alergoshop diz que é possível abrir uma loja da marca com capital a partir de R$ 113 mil, inclusos taxa de franquia, instalação e capital de giro. O faturamento médio mensal da rede é de R$ 30 mil, com lucro líquido de R$ 3.600. O retorno do investimento é de 24 a 36 meses.

Empresário seguirá jogando pôquer

Carriço afirma que aprendeu a jogar pôquer na adolescência e, em 2006, quando completou 18 anos, começou a participar de campeonatos profissionais. De lá para cá, ele conquistou colocações que lhe renderam premiações entre R$ 5.000 e R$ 15 mil, até que venceu o prêmio de Florianópolis, no BSOP, em 2014.

Mesmo com a loja recém-inaugurada, o empresário não pretende abandonar o pôquer. Em julho, ele participará de um campeonato em Lima, no Peru. “Os campeonatos duram, em média, uma semana. Não creio que vá atrapalhar os negócios”, diz. “Além disso, se eu for premiado, é um dinheiro que cai bem e pode ajudar a loja em um momento de dificuldade.”

Para ele, o pôquer e os negócios têm alguma similaridade. “No pôquer, você precisa saber a hora de poupar fichas e de ser mais ousado. O mesmo acontece nos negócios, se você se arriscar demais, pode perder tudo”, declara. “Os outros jogadores são como seus concorrentes e acabam te superando se você não estiver atento o tempo todo.”

Os sócios também esperam colocar em prática alguns ensinamentos da faculdade. Araken é recém-formado em propaganda e marketing, enquanto Carriço cursa o último semestre de administração. “Temos algumas noções de negócios que vimos na faculdade, mas o maior aprendizado será no dia a dia da loja”, afirma Carriço.

Franquia não é garantia de sucesso, diz consultor

Abrir uma franquia é uma escolha que envolve riscos e não é garantia de sucesso, segundo Raul Monegaglia, sócio do escritório especializado em franchising KBM Advogados. Para ele, tornar-se franqueado por impulso aumenta a possibilidade de fracasso do negócio.

“Antes de investir, o empreendedor deve se perguntar se ele está preparado para administrar uma empresa, contratar e demitir funcionários, trabalhar o dia todo e, inclusive, aos finais de semana”, diz. “Muitos acham que franquia é fácil e dá dinheiro sozinha, mas, na verdade, vão ter de trabalhar mais e se esforçar para conquistar clientes.”

O consultor afirma, ainda, que a presença do franqueado no dia a dia do negócio aumenta a chance de sucesso. “Ele só vai saber se os clientes são bem atendidos ou se o serviço é prestado com qualidade se estiver presente”, declara. “No dia a dia, ele também notará custos que podem ser reduzidos, como uma lâmpada ou equipamento ligado desnecessariamente.”

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