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Gaúcha abre franquia em Londres que ajuda brasileiros a obter vistos

Flávio Carneiro

Do UOL, em Dublin (Irlanda)

27/07/2015 06h00

De tanto ver as dificuldades de brasileiros diante da burocracia para vistos de permanência no Reino Unido, a jornalista Francine Mendonça da Silva, 43, decidiu abrir em Londres uma unidade da franquia Cartório Mais. A rede assessora a obtenção de certidões, documentos e comprovantes no Brasil, exigidos nos processos de visto, mas não dá entrada nos pedidos.

Nascida em Porto Alegre, ela vive em Londres há 19 anos. “Desde 2001 eu gerencio a LondonHelp4U, uma empresa que auxilia brasileiros na área de imigração e solicitação de vistos para o Reino Unido. Com minha experiência, percebi que há muita carência na área de documentação para estrangeiros aqui, por isso apostei na Cartório Mais”, afirma. 

Inaugurada em agosto 2014, a representante europeia é a primeira da marca fora do Brasil. O ponto escolhido foi estratégico. A franquia funciona no mesmo local já ocupado pela agência de imigração. Os documentos mais pedidos por seus clientes são segunda via de certidões no Brasil, por cerca de 100 libras (R$ 519), histórico escolar, 75 libras (R$ 389) e averbações, 90 libras (R$ 467). 

No total, a franquia recebe entre 78 e 102 pedidos por mês. A empreendedora não quis revelar valores de investimento inicial e de faturamento, mas diz que espera recuperar o que aplicou em dois anos. Segundo a rede, as unidades nacionais faturam de R$ 50 mil a R$ 80 mil e a margem de lucro varia entre 30% a 55% sobre o valor de cada serviço prestado. A marca não informou números do exterior. 

Para abrir uma unidade do Cartório Mais fora do país, paga-se uma taxa de franquia entre R$ 25 mil e R$ 35 mil. No Brasil, a taxa fica entre R$ 9.000 e R$ 150 mil. O investimento inicial total em território brasileiro fica entre R$ 21 mil e R$ 190 mil (custos de instalação, taxa de franquia e capital de giro). A rede não informou a média de valores de custos de instalação e capital de giro no exterior.

O valor dos royalties é de um salário mínimo brasileiro mensal (R$ 788) para unidades no exterior e de um salário a R$ 2.758, no Brasil, conforme o número de habitantes da cidade.

Abrir franquia fora do país tem riscos adicionais

Abrir uma franquia brasileira fora do país, no entanto, exige mais cuidados do que os necessários para se contratar a mesma marca no Brasil. Dificuldades como desconhecimento do mercado estrangeiro, características culturais, idioma estranho e a importação de produtos são os principais desafios.

“Conhecer o local é importante para o sucesso nesse ramo", afirma Claudio Tieghi, diretor de inteligência de mercado da ABF (Associação Brasileira de Franchising). Por isso, segundo ele, entre os franqueados, é mais comum encontrar brasileiros que moram fora do Brasil há vários anos.

Segundo informações da ABF, cerca de 8% das redes brasileiras possuíam representantes no exterior no primeiro trimestre de 2015. O ano de 2014 fechou com um total 1095 unidades fora do país. 

Segundo o consultor Marcus Rizzo, da Rizzo Franchising o planejamento deve prever expansão em longo prazo. “Para viabilizar uma franquia brasileira no exterior é preciso investir em mais de uma loja, com o objetivo de criar gradativamente uma rede. Se possível, tornar-se um franqueador master da marca para atrair outros investidores.”

Na hora de escolher a marca os detalhes fazem a diferença. De acordo com o consultor, é importante optar por uma empresa que esteja consolidada no Brasil e ofereça suporte para o franqueado. Outra característica a ser levada em conta, segundo ele, é o fornecimento de materiais. 

Algumas redes de cosméticos, por exemplo, possuem produtos próprios que precisariam ser importados do Brasil, encarecendo o preço final. Já outras marcas não permitem que o franqueado utilize fornecedores locais, obrigando até mesmo o uso guardanapos brasileiros, encarecendo o processo.

Exigências para investir no Reino Unido

Para abrir empresa no Reino Unido, é preciso investir no mínimo 200 mil libras (cerca de R$ 1 milhão; para quem vive no país há, pelo menos, cinco anos). O investimento garante visto de permanência no país por 40 meses, segundo o departamento de vistos e imigração do Reino Unido. Setores como construção civil e aluguel de imóveis não fornecem visto. Além disso, é preciso comprovar fluência na língua inglesa, por meio de certificados de proficiência. 

Consultores dão dicas para escolher uma franquia