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Ex-vendedor de picolé de rua vira dono de franquia de sorvete na pedra

Afonso Ferreira

Do UOL, em São Paulo

28/08/2015 06h00

Dos 11 aos 14 anos, Émerson Sarandim vendia picolés com um carrinho pelas ruas de Matão (305 km a noroeste de São Paulo). Na época, ele ganhava pouco menos de um salário mínimo. Hoje, aos 34, ele é dono da franquia Ice Creamy, rede que vende sorvetes preparados "na pedra".  Com 16 lojas em funcionamento, a franquia diz que faturou R$ 5 milhões em 2015. Em 2014, foram R$ 800 mil.

Segundo Sarandim, o diferencial da rede é a preparação do sorvete sobre uma pedra de mármore congelada a -20º C. A massa do sorvete é aberta sobre a pedra e são acrescentados recheios –como cookies, gotas de chocolate, amêndoas e Nutella (creme de avelã)– e calda de frutas.

O custo para abrir uma unidade da marca é a partir de R$ 150 mil (inclusos taxa de franquia, instalação e capital de giro), segundo a empresa. O faturamento médio mensal é de R$ 45 mil, com lucro líquido de 20% (R$ 9.000). O prazo de retorno do investimento é entre 24 e 36 meses.

Além dos sorvetes preparados na pedra, a franquia também vende picolés simples ou mergulhados em calda de frutas ou de chocolate. Os preços variam de R$ 2 a R$ 12, dependendo da combinação.

Empresário também foi office-boy

Ter um negócio próprio era um desejo desde a época em que vendia picolés, segundo o empresário. “Sempre quis ser independente. Nunca gostei de pedir dinheiro aos meus pais”, afirma. Para conciliar as atividades, ele estudava de manhã e trabalhava à tarde. Os picolés e o carrinho eram de uma sorveteria.

Serandim ainda trabalhou como office-boy, auxiliar de escritório e professor de informática até se formar em um curso de negócios, em 2002. Depois, ele virou consultor de empresas e trabalhou com algumas redes de franquia.

Investimento para abrir negócio foi de R$ 200 mil

A ideia de fundar a própria sorveteria veio em 2006, durante uma viagem a Campos do Jordão (181 km a nordeste de São Paulo). Foi lá que o empresário conheceu o sorvete preparado sobre a pedra de mármore.

Porém, a empresa só saiu do papel em abril de 2014. Nesse período, Serandim fez um curso de preparação de sorvetes na Itália e visitou negócios semelhantes nos Estados Unidos.

Para fazer o negócio funcionar foram necessários R$ 200 mil, vindos de recursos próprios e de empréstimos de amigos e familiares, segundo o empresário. Três meses após abrir a empresa veio a primeira unidade franqueada. Ao final de 2014, a rede tinha seis lojas. “Foi um negócio pensado desde o começo para ser uma franquia”, diz Serandim.

Sazonalidade pode prejudicar negócio, diz consultor

Preparar sorvetes sobre uma pedra congelada pode até chamar a atenção, mas não é o suficiente para garantir o sucesso do negócio, afirma Paulo Ancona Lopez, diretor da consultoria em franchising Vecchi Ancona. “O cliente pode comprar uma vez pela curiosidade, mas só vai voltar se achar que o preço e a qualidade do produto valem a pena.”

Redes de sorveterias podem sofrer com a sazonalidade, segundo o consultor. Ele diz que, enquanto as vendas são altas no verão, o movimento cai durante os meses de frio. Essa baixa nas vendas pode fazer com que a empresa não tenha dinheiro suficiente em caixa para pagar custos de funcionamento, como aluguel, salários e impostos.

“Nenhuma empresa pode ser dependente de um único produto, ainda mais se ele for sazonal”, declara Lopes. “O empresário precisa ter produtos complementares. No caso de uma sorveteria, seria possível trabalhar com bebidas quentes, salgados ou outras sobremesas nos meses de frio.”

Onde encontrar

Ice Creamy: www.icecreamy.com.br 

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