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Casal dono de 'food-truck' em Kombi nos anos 90 tem hoje loja e confeitaria

Márcia Rodrigues

Colaboração para o UOL, em São Paulo

10/09/2015 06h00

Uma promoção de pacotes de biscoitos quebrados motivou o casal Glaucia e Aparecido Pereira a abrir um negócio. Eles começaram revendendo bolachas na rua. A empresa móvel funcionava, primeiro, numa Brasília e, depois, em uma Kombi. Hoje, a Delícias Glauci Doceria tem duas lojas e uma confeitaria na região da Avenida Paulista, zona nobre de São Paulo. 

"Minha mãe fez uma cirurgia em Guarulhos e, quando estávamos voltando para casa, vi uma placa na fábrica da Bauducco anunciando a promoção. O cliente comprava um pacote e ganhava outro. Resolvemos lotar a nossa Brasília de bolacha para vender", diz Aparecido Pereira. 

Na época, em 1991, ele, publicitário, trabalhava em uma editora e em um jornal, e a mulher era bancária. Ele deixou um dos empregos para poder dedicar parte do tempo ao negócio. "Nós lotávamos a calçada de caixas com os doces quando parávamos o veículo, normalmente na região da Avenida Paulista e da Avenida Angélica."

Após um ano e meio, o casal abriu uma loja no bairro Casa Verde, zona norte, e ambos passaram a se dedicar somente à venda de doces. Mesmo assim, o forte do negócio era o comércio itinerante. "70% do nosso faturamento vinha da rua e 30% da loja. E olha que dávamos nota fiscal também na rua."

Loja na zona norte foi inundada e perdeu estoque

Após trocar a Brasília por uma Caravan e, depois, por uma Kombi, o casal investiu em um minicaminhão, com o qual ficou até 2011. Mas as frequentes apreensões de mercadorias feitas pela Guarda Civil começaram a dar prejuízo. Na época, a venda de alimentos na rua não era regulamentada em São Paulo. A lei começou a valer em 2014

Além disso, uma enchente destruiu a loja da zona norte, que havia acabado de mudar de ponto. Foi quando decidiram abrir uma loja mais próxima da clientela, na região da Paulista. "A enchente levou tudo e ficamos sem estoque. Foi difícil levantar, mas não somos de desistir fácil."

Hoje, o casal mantém duas lojas na região da Avenida Paulista e uma confeitaria. "Nossos produtos próprios representam 15% das vendas. Fazemos mais como diferencial para o cliente porque não pretendemos focar nossa atuação em doces próprios. A ideia é oferecer um mix que atenda a maior parte das pessoas." Pereira não revela faturamento, mas diz que o consumo médio por cliente é de R$ 12.

Migrar comércio de rua para loja exige inovação

Para o economista-chefe da ACSP (Associação Comercial de São Paulo), Marcel Solimeo, com a criação do Simples Nacional, em 2006, ficou mais fácil para o pequeno comerciante sair da informalidade e buscar a melhoria do seu negócio. "Hoje, com a regulamentação dos negócios móveis como food-truck, por exemplo, ter um comércio assim passou a ser atrativo."

Na opinião dele, quem quer investir na migração para uma loja física precisa inovar. "Lançar sempre produtos, estar antenado ao que o mercado deseja e, se for o caso, modificar a sua forma de atuação para atrair mais clientes são algumas dicas que podem manter a saúde da empresa em dia." 

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