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Dono de loja de brinquedos se nega a vender raridades e atrai nerds

Larissa Coldibeli

Colaboração para o UOL, em São Paulo

02/10/2015 06h00

Fã de bonecos de super-heróis, o empresário Victor Jacques, 36, resolveu transformar o hobby em negócio em 2012, ao fundar a Toy Show, loja de brinquedos colecionáveis. Mas, por ser apaixonado por seus produtos, ele fica chateado quando algum item raro da loja é vendido. Alguns, como o boneco do Hulk gigante, estão proibidos de deixar a loja.

“Algumas peças são xodó”, diz. Ele começou a colecionar bonecos há cerca de cinco anos, depois de uma viagem à Disney, mas diz que sempre gostou do universo dos super-heróis, principalmente os da Marvel. Para consultores ouvidos pelo UOL, por mais estranho que pareça, o apego do dono pode funcionar como estratégia de marketing para a loja.

O negócio surgiu quando Jacques já tinha em casa um quarto cheio de brinquedos e precisou desocupá-lo para a chegada da filha recém-nascida. A solução foi levar a coleção para sua escola de tecnologia, a Training Education, em São Paulo. Não demorou para que os alunos começassem a perguntar se os bonecos estavam à venda.

“Foi aí que percebi a oportunidade de negócio. Resolvi montar uma loja virtual com a estrutura que eu tinha na minha escola de tecnologia, para testar o mercado, e vi que tinha potencial”, diz. Ele começou a importar brinquedos, inclusive itens raros, comprados principalmente em leilões na internet, e o negócio começou a dar retorno. A participação em eventos também deu visibilidade à marca.

Produtos ficam expostos para o público tocar

No final de 2014, Jacques investiu R$ 500 mil para abrir uma loja física em São Paulo, o que colaborou para um aumento de 300% na receita da empresa, segundo ele. No entanto, não informou o faturamento e o lucro de seus negócios.

“O diferencial da loja é que os produtos ficam abertos e expostos, sem vidros de proteção. O cliente pode ver os detalhes de perto, mesmo as peças caras”, diz. Além de itens para colecionador, a Toy Show vende artigos de decoração, roupas e presentes.

Os itens mais baratos são chaveiros de personagens variados, que saem por R$ 15, e o mais caro é uma estátua do mestre Yoda, de Guerra nas Estrelas, que custa R$ 15,9 mil. Entre os itens raros que estão à venda, há um busto do Robocop, que custa R$ 8.500, e uma estátua do Superman, que tem apenas 250 peças no mundo, e sai por R$ 5.000.

Há peças que, de tão exclusivas, não estão à venda, apenas integram a decoração da loja. É o caso de um figurino original do personagem Walter White, da série Breaking Bad, adquirido em um leilão por cerca de US$ 10 mil, e uma estátua de três metros de altura do Hulk. O Hulk, inicialmente, era precificado em R$ 50 mil, mas, por chamar a atenção pelo tamanho, acabou virando símbolo da loja.

Mercado exige atualização constante

Para Alfredo Firmino de Carvalho, consultor do Sebrae-SP (Serviço de Apoio à Micro e Pequena Empresa de São Paulo), transformar o hobby em negócio é o sonho de muita gente. “O que não pode acontecer é o empresário ficar tão cego pela sua paixão a ponto de não perceber que o mercado não valoriza tanto aquilo quanto ele. Mas, neste caso específico, existe um público cativo”, diz.

Ele afirma que, a princípio, não vender alguns itens não prejudica o negócio, já que a loja possui uma grande variedade de produtos. “Pelo contrário, pode até aumentar o interesse por eles, ainda que inconscientemente. São objetos de desejo, que ficam ainda mais atraentes pela dificuldade de possui-los.”

No entanto, ele alerta que é importante ficar atento ao movimento da loja e ao número de vendas realizadas para que a o negócio não seja prejudicado por não vender alguns produtos. “Também é importante trazer sempre novidades, interagir com os fãs e clientes nas redes sociais, participar de eventos do setor para manter o interesse pela loja”, declara.

Serviço:

Toy Show: www.toyshow.com.br

Endereço: rua Pamplona, 1.135 - Jardim Paulista - São Paulo - SP