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'Raio franqueador' faz negócios de churros e pipoca custarem até R$ 180 mil

Márcia Rodrigues

Colaboração para o UOL, em São Paulo

15/10/2015 06h00

Até a venda de churros e pipoca, negócio de operação simples muito comum no comércio ambulante, virou franquia. Depois do "raio gourmetizador", ironia para o uso generalizado do termo gourmet para sofisticar pratos simples que ficam mais caros, agora, o "raio franqueador" parece transformar negócios comuns em franquia. Com isso, o investimento sobe.

Várias marcas já operam no mercado, com versões modernizadas dos carrinhos ou unidades em food-trucks e quiosques, cujo investimento inicial é de R$ 39 mil a R$ 180 mil (com custos de instalação + taxa de franquia + capital de giro). Enquanto isso, os carrinhos comuns, sem marca e design simples, podem custar entre R$ 1.500 e R$ 6.500 (não inclui capital de giro ou estoque).

Segundo consultor ouvido pelo UOL, o suporte da franquia pode justificar o preço. Entre as redes de franquias disponíveis no mercado estão: Loucos por Churros Plus, Churros da Praça, Top Churros, Churros Mix, Flavored Popcorn e Popcorn Plus. E a marca Gourmet Popcorn, criada em 2010, pretende iniciar o processo de abertura de franquia até o fim do ano. 

O carrinho de cachorro-quente também se tornou um negócio franqueável. A marca Geneal, famosa nos estádios e praias do Rio de Janeiro, por exemplo, opera franquias desde 2004 e oferece unidades a partir de R$ 83 mil. 

Franquias de churros apostam no Sudeste e Sul

A Loucos por Churros tem duas unidades em Curitiba (PR), uma em São Paulo (SP) e outra no Rio de Janeiro (RJ). Todas são quiosques localizados em shoppings. Até dezembro, a rede quer abrir mais seis em SP e RJ. O investimento inicial da unidade vai de R$ 150 mil a R$ 180 mil.

A Churros da Praça possui quatro unidades próprias e duas franquias. Até o fim do ano, quer abrir mais 10 lojas em São Paulo e, até dezembro de 2016, chegar a 30 estabelecimentos. Os formatos oferecidos são food-truck e loja, com investimento inicial a partir de R$ 80 mil.

Maicon Campos, 20 anos, dono da rede, disse que, de tanto observar o pai vendendo a iguaria na cidade de Araçatuba, no interior de São Paulo, resolveu ampliar o negócio e formatar a franquia. "Ele começou a vender churros no supermercado e, depois, em eventos. Com o sucesso, instalou um trailler em uma praça e fez daquele espaço o seu reduto."

Campos afirma que percebia que o sucesso do doce ocorria por ele não ser encontrado com frequência. "Você não encontrava churros em toda a parte da cidade. Hoje, mesmo tendo mais opções, também não é muito fácil. Foi, então, que eu percebi uma oportunidade de mercado."

No segmento de pipocas, a Flavored Popcorn tem uma rede com 36 unidades. A empresa quer expandir sua atuação, mas não revelou quantas lojas pretende abrir até 2016. O investimento inicial vai de R$ 150 mil a R$ 180 mil. Já a Popcorn Plus começou as atividades no ano passado e abriu a sua primeira franquia, recentemente, no Shopping Ibirapuera. O investimento parte de R$ 68 mil.

Iguarias têm boa aceitação, mas escolha do ponto é desafio

Segundo Ruy Barros, consultor do Sebrae-SP (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo), tanto o churros como a pipoca são produtos populares que têm apelo emocional. "Para muitas pessoas a iguaria remete à infância, o que torna o produto bastante desejado."

E a operação do negócio, em geral, é simples e de baixo investimento, tanto no modelo por conta própria, quando no de franquia. "Mas não é porque o investimento é baixo que o empreendedor pode arriscar e adquirir uma unidade sem fazer a lição de casa, ou seja, fazer uma pesquisa de mercado e analisar o melhor ponto para tocar o negócio", declara.

A diferença, segundo ele, é que a franquia oferece formatos "com estilo e 'roupagem' diferenciados". "Na franquia, o empreendedor tem informações sobre o negócio e a forma de operá-lo." Já o negócio por conta própria exige que, caso se queira criar um estilo diferente do carrinho ambulante, a pesquisa e planejamento ficam por conta do empreendedor e, na conta final, os custos podem sair maiores.

Barros afirma que o risco desse tipo de negócio é pequeno. No entanto, alerta que a escolha equivocada do ponto pode afundar as vendas. "É preciso verificar se há um grande fluxo de pessoas no local que seja suficiente para comercializar o produto."

Consultores dão dicas para escolher uma franquia