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3 dicas do criador dos Doutores da Alegria para criar um negócio de impacto

Wellington Nogueira, criador do Doutores da Alegria, em palestra na Convenção da ABF - Keiny Andrade/Divulgação
Wellington Nogueira, criador do Doutores da Alegria, em palestra na Convenção da ABF Imagem: Keiny Andrade/Divulgação

Larissa Coldibeli

Colaboração para o UOL, em Una (BA)*

26/10/2015 06h00

Como ator e palhaço profissional, Wellington Nogueira ajuda na recuperação de crianças hospitalizadas ao trazer de volta o riso mesmo num ambiente inóspito como uma UTI. Ele é criador dos Doutores da Alegria, ONG que já realizou mais de um milhão de visitas a hospitais em 24 anos de existência. Para ele, os futuros negócios de impacto serão os que têm o propósito claro de ajudar a sociedade.

Para criar a ONG, Nogueira se inspirou no trabalho do grupo americano Clown Care Unit, do qual fez parte em 1988, quando morou em Nova York para estudar teatro. "Eu fui para Nova York com o sonho de me tornar um artista da Broadway. Até cheguei a trabalhar com teatro musical lá, estava realizando meu sonho, mas faltava alguma coisa", diz.

Depois que encontrou seu propósito trabalhando nos hospitais, ele voltou ao Brasil em 1991 e iniciou o trabalho dos Doutores da Alegria. Durante palestra na 15ª convenção ABF do Franchising, realizada de 21 a 25 de outubro na Ilha de Comandatuba (BA), ele disse que chegou a pensar em franquear a iniciativa 20 anos atrás, mas preferiu esperar pelo crescimento orgânico.

Não demorou para que outros grupos semelhantes surgissem pelo Brasil, mas, em vez de tentar manter o domínio, ele preferiu criar uma escola, a Palhaços em Rede, para treinar adequadamente esses profissionais para atuar em todas as regiões do Brasil.

Veja três dicas de Nogueira para criar um negócio de alto impacto social:

1. Tenha o propósito de melhorar a vida de alguém
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Imagem: Arquivo pessoal

Quando iniciou o trabalho dos Doutores da Alegria, o propósito de Nogueira era, além de alegrar crianças hospitalizadas, deixar um legado. Ele diz que, cada vez mais, as pessoas estão deixando o mundo corporativo e empreendendo por não se sentirem realizadas, por não verem propósito em seus trabalhos.

"As pessoas estão, gradualmente, cansando do que é padronizado e jogado no mercado em larga escala. Elas estão buscando experiências e individualização. O modo artesanal está voltando. As micro e pequenas empresas podem assumir o risco de fazer o que as grandes não fazem, que é suprir a necessidade de um grupo, de uma comunidade."

2. Amplie a visão de resultados
resultados - Getty Images - Getty Images
Imagem: Getty Images

Nogueira diz que, em um negócio social, é necessário ampliar a visão de resultados, pois eles são construídos em longo prazo e nem sempre são mensuráveis em dinheiro. Ele dá o exemplo de um senhor que, durante uma palestra, chorou muito. Ao final, ele mostrou a foto de um jovem de branco vestido de palhaço. O rapaz, filho dele, é estudante de medicina e um Doutor da Alegria.

"Ele disse que o filho escolheu a carreira porque teve câncer no passado e recebeu as visitas da ONG durante o tratamento, e isso transformou a sua vida. Ou seja, é um impacto gigante, que não temos como mensurar."

3. Procure crescer de forma coletiva
alternativa - Shutterstock - Shutterstock
Imagem: Shutterstock

Para o palhaço, o desafio de um negócio de alto impacto social é crescer garantindo a essência e o fazer artesanal. Ele acha que essas empresas devem buscar formas alternativas de crescer, como parcerias e colaborações.

"Quando criei a escola de palhaços, muita gente me dizia que eu ia dar meu ouro e nutrir minha concorrência. Mas minha concorrência não é o outro palhaço, é a falta de conhecimento dele. Escolhi compartilhar meu conhecimento e hoje são 1.087 programas semelhantes ao Doutores da Alegria pelo Brasil, mas cada um com o seu jeito de ser."

* (A jornalista viajou a convite da ABF)

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