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Por crise, lojas fecham e desovam estoque em bazar com descontos de até 50%

Larissa Coldibeli

Colaboração para o UOL, em São Paulo

06/11/2015 06h00

Empresários que fecharam suas lojas recentemente culpam a crise econômica e usam os bazares de fim de ano para desovar seus estoques e reduzir prejuízos. É o caso de cerca de 20 dos 70 expositores do Bazar Espaço Diferenciado, realizado até domingo (8), em São Paulo. Os descontos nos produtos, como roupas e artigos para casa, chegam a até 50%.

Entre os empresários nessa situação, está Eliana Succar Assad, que por quatro anos teve uma loja de roupas femininas para mulheres acima dos 40 anos no bairro dos Jardins, em São Paulo, mas teve que fechá-la em março deste ano. “O custo fixo para manter a loja, com aluguel, funcionários, ficou muito alto. As vendas diminuíram e as contas não fechavam”, afirma.

Agora, ela espera vender os quase R$ 400 mil em mercadorias que possui para focar em seu outro negócio, uma marca de roupas esportivas para golfe. No bazar, ela diz oferecer peças com 50% de desconto ou mais, dependendo do produto. Os preços variam de R$ 80 (camisetas e cintos) a R$ 300 (blaser de linho).

Já a empresária Giuliana Alves viu durar pouco o sonho da loja própria. Há cinco meses, ela abriu uma loja de utensílios domésticos em um shopping novo em Taboão da Serra, mas o negócio durou apenas três meses, por falta de capital de giro.

“A loja não vendia o que precisava para fechar no azul. Por ser um shopping novo, tinha poucos clientes”, declara. O investimento total passou de R$ 13 mil, e ela espera vender os R$ 2.000 que possui em mercadorias para diminuir o prejuízo. “Se conseguir vender metade disso no bazar, já fico feliz.”

Apesar da dificuldade inicial, ela não desistiu de empreender. Ela diz que agora vai focar em vendas por redes sociais, como Facebook e Instagram, e pretende montar uma loja virtual. No bazar, seus produtos têm a partir de 5% de desconto, dependendo da negociação. Os preços variam de R$ 5 (chaveiro) a R$ 60 (jogo de xadrez em vidro).

Loja que fechou há dois anos ainda tem estoque

Há quem fique por muito tempo com mercadorias encalhadas de um negócio que já fechou. É o caso de Rosemeire Freire, que teve uma loja de artigos para cama, mesa, banho e decoração por quase 20 anos. 

Os primeiros 15 anos foram em um shopping de São Paulo, até que o preço do aluguel ficou muito alto e ela migrou para uma loja de rua, na alameda Gabriel Monteiro da Silva, conhecida por itens de decoração. Foram quase quatro anos no novo endereço, mas, mais uma vez, os altos custos prejudicaram a continuidade do negócio.

Ela diz que viu a crise chegar aos poucos. “Eu percebi que o mercado estava mudando, as pessoas estavam gastando com outras coisas. Os impostos altos, encargos trabalhistas, concorrência com produtos chineses, tudo isso foi tornando a loja inviável”, diz. Há dois anos, ela encerrou de vez a operação.

No bazar, ela espera se livrar do estoque que ainda guarda, num volume de produtos avaliado em R$ 120 mil. Atualmente, ela atua como decoradora. “Estou ativa nessa área, é o que está me salvando”, declara. Seus produtos têm entre 30% e 40% de desconto no bazar e variam de R$ 35 (toalha para lavabo bordada) a R$ 180 (conjunto de quatro guardanapos e porta-guardanapos).

Estoque é dinheiro parado e deve ser vendido, diz consultor

Gustavo Carrer, consultor do Sebrae-SP (Serviço de Apoio à Micro e Pequena Empresa de São Paulo), diz que o ideal, ao manter um negócio, é planejar a compra de produtos para não manter um estoque exagerado. “O melhor pode ser comprar com mais frequência, em menores quantidades. Com estoque menor, é mais tranquila a saída do mercado, se isso for inevitável”, afirma.

Ele diz que é mais fácil vender a mercadoria enquanto ainda possui ponto de venda, por isso, é válido realizar promoções e saldões na própria loja. Mas, após o fechamento, a participação em bazares e feirinhas, ou mesmo na internet, em sites do tipo marketplace (que reúnem vários vendedores), pode ser uma saída.

“O quanto antes o empresário conseguir converter seu estoque em dinheiro, melhor. Vender rápido, às vezes, é mais importante do que resgatar o valor gasto. As mercadorias são perecíveis, passam da moda, perdem a garantia e a venda fica mais difícil. Não pode ter dó de vender porque estoque é dinheiro parado”, declara.

Serviço:

Bazar Espaço Diferenciado - Especial de Natal

Data: de 5 a 8 de novembro, das 11h às 20h

Endereço: rua Dr. Queiróz Guimarães, 637 - Jardim Guedala - São Paulo - SP

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