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Irmãos endividados com franquia criam rede de grill e faturam R$ 31 milhões

Márcia Rodrigues

Colaboração para o UOL

23/11/2015 06h00

Depois de acumularem uma dívida de R$ 700 mil com um negócio malsucedido, em 2008, os irmãos engenheiros Luiz Felipe Costa, 29, e Luiz Sérgio Costa, 28, deram a volta por cima, abriram a franquia Billy the Grill e faturaram R$ 31 milhões no ano passado. O lucro não foi informado. Eles também inauguraram recentemente uma rede especializada em espetinhos, a Vizinhando.

A Billy the Grill, que hoje tem 29 lojas -- três próprias -- espera fechar o ano com 33 unidades e um faturamento de R$ 50 milhões. Para 2016, a franquia, que atua somente no Rio de Janeiro, está negociando com alguns shoppings para abrir lojas nos Estados de São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo.

Dívida foi acumulada com franquia de lanchonetes

Luiz Felipe afirma que a dívida foi acumulada quando eles eram donos de uma unidade franqueada de uma rede de sanduíches e porções. "Não tínhamos experiência suficiente para administrarmos um negócio e não recebemos suporte do franqueador para nos ajudar a fazer as coisas funcionarem. Com isso, vimos a loja afundar."

Nos primeiros 18 meses, segundo ele, o prejuízo somava em torno de R$ 700 mil. Para quitar a dívida, eles tiveram de vender um apartamento e pegar empréstimo no banco. "Nosso pai, que nos ajudou financeiramente para montar o negócio, falou que era hora de fechar as portas. Foi quando eu tive a ideia de romper o contrato com a franquia e abrir o nosso próprio restaurante." O novo negócio foi aberto em 2010.

Luiz Felipe diz que percebeu que havia muita saída do prato picanha na pedra. Por esse motivo, transformou a opção no carro-chefe da casa. "Hoje o prato é bastante popular, mas, na época, era novidade. Por isso, ele representava 60% das vendas."

Os empresários também incluíram no cardápio o prato executivo com diferentes tipos de carnes, arroz e complementos, como fritas, saladas, legumes ou purê para atender o público na hora do almoço. "A picanha e outras carnes servidas na pedra têm mais saída no fim do dia, para happy hour."

Recentemente, as lojas também passaram a oferecer promoções de sanduíches no período das 15h às 19h. "Tínhamos uma lacuna nesse período, porque o público não queria almoçar nem comer porções; por isso, passamos a oferecer promoções de lanches e estamos conseguindo vender bem. Mas todos os pratos estão disponíveis durante todo o expediente das lojas."

Empresários abrem rede de espetinhos

Em setembro do ano passado, os irmãos abriram a primeira unidade da Vizinhando, rede de restaurante especializada em espetinhos. Hoje, eles já têm três unidades e esperam fechar o ano com cinco. "Todas as unidades são comercializadas para nossos franqueados, que já atuam com a Billy the Grill."

Assim como a primeira franquia, a Vizinhando também atua apenas no Rio de Janeiro. "Decidimos iniciar a expansão em nosso Estado; assim, acompanhamos todo o procedimento dos franqueados e a padronização. Somente agora, que sentimos que o negócio está consolidado por aqui, é que vamos partir para outros Estados."

Regionalização aproxima franqueador de franqueado

Para a consultora Marina Dalul, da Cherto Consultoria, focar o crescimento da rede em um único Estado dá mais solidez para o negócio. Dalul também afirma que a regionalização ajuda o franqueado a garantir a padronização das lojas. "É muito mais fácil para o franqueador acompanhar o desempenho das suas unidades e intervir, se for o caso, se o negócio estiver concentrado em um único Estado."

A especialista diz que, para não se sentir abandonado pelo franqueador no meio da operação, o empresário deve estudar muito a rede em que deseja atuar. "Converse com outros franqueados, veja se o suporte que eles recebem é satisfatório e se eles estão conseguindo recuperar o investimento inicial no prazo prometido. Verifique, também, se eles estão atingindo o faturamento médio mensal previsto pela rede."

Por outro lado, para André Friedheim, da Francap, consultoria especializada em franquias, a rede perde oportunidades de crescer quando se concentra apenas em uma região. "Regionalizada, a marca não alcança abrangência nacional e pode ficar mais caro expandir nacionalmente, pois vai exigir um esforço maior", afirma.

Consultores dão dicas para escolher uma franquia