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Empresas alugam luva, furadeira, pandeiro e drone, por R$ 0,10 a R$ 600/dia

Carlos Brazil

Colaboração para o UOL, em São Paulo

22/02/2016 16h31

Que tal alugar luvas de boxe, máquina de café expresso, frigobar, bicicleta, violão, vaga de estacionamento no quintal de alguém ou até um drone?

Tudo isso está disponível em sites para conexão de pessoas que têm objetos usados e quem precisa deles. O custo vai de R$ 0,10 (um pandeiro meia-lua) a R$ 600 (um drone) por dia.

Veja alguns dos itens úteis ou curiosos:

  • Furadeira
  • Mala de viagem
  • Liquidificador
  • Máquina de café expresso
  • Prancha de surfe
  • Luva de boxe
  • Caixa de som
  • Câmera GoPro
  • Skate
  • Violão
  • Raquete de tênis
  • Raquete de badminton
  • Taco de beisebol
  • Pandeiro meia-lua
  • Bicicleta

Investimento ainda não dá retorno

Um dos sites é o Cyou. Criado por Pedro Luís Palermo, 23, e Guilherme Pantaleão, 24, começou como um trabalho de conclusão do curso. A ideia fez sucesso e eles decidiram apostar no projeto. “Chegamos a um ponto em que pensamos: ‘Acho que agora é a hora de lançarmos o site. Nunca mais vamos ter 21 anos para fazer isso’”, diz Palermo.

Eles venderam seus carros e investiram R$ 60 mil no empreendimento. O Cyou entrou no ar em janeiro 2015 e tem 400 cadastrados, além de 100 produtos para alugar. O site recebe 20% do aluguel dos produtos.

O problema, segundo Palermo, é que o faturamento ainda não cobre os custos de operação. “Estamos fazendo mudanças estruturais no site”, afirma o empreendedor. Mesmo assim, ele diz acreditar no mercado da chamada economia colaborativa (saiba mais sobre o tema).

Vagas na garagem do vizinho

Outra empresa é o EZ Park. O advogado Luiz Candreva, 29, teve a ideia quando não achou estacionamento em São Paulo, mas viu várias vagas desocupadas em casas próximas.

Com isso, teve a ideia de criar o site, "startup" que conecta pessoas ou empresas com vagas disponíveis a usuários que buscam pagar menos para estacionar. O site foi lançado em 2015.

O EZ Park tem 630 vagas em casas, lojas e salões de festa, principalmente em São Paulo, e 1.200 usuários cadastrados. O site cobra 30% sobre o preço do estacionamento.

Luva de boxe e drone

Rafael Dias, 27, conta que tinha uma produtora de vídeos e equipamentos que ficavam ociosos. Aí veio a ideia de criar uma plataforma para alugá-los. O negócio evoluiu para o Alooga, que existe há oito meses, recebeu investimento de R$ 100 mil próprios e conta com 500 usuários.

Não tem só equipamentos de vídeo, são produtos variados.  São cobrados 15% sobre o aluguel dos produtos, mais R$ 0,40 por transação. Um par de luvas de boxe tem diária a R$ 13, e o aluguel de um drone sai de R$ 200 a R$ 600 por dia, conforme o modelo.

Empréstimos grátis entre vizinhos

Um exemplo de site de compartilhamento que surge nessa nova tendência é o Tem Açúcar?, que se propõem a intermediar empréstimos de objetos e trocas de favores entre vizinhos. Pelo modelo, um bairro reúne pessoas cadastradas interessadas na experiência.

O site faz a conexão entre quem precisa de algo com aquele que tem algo a emprestar ou a oferecer. A intermediação de contatos é gratuita, mas sua criadora, a estudante Camila Carvalho, 25, pretende adotar um sistema de plataforma de financiamento colaborativo, pelo qual os usuários decidem quanto querem contribuir para o site ao mês.

Negócio é difícil, diz consultor

Para José Carmo Vieira de Oliveira, consultor do Sebrae-SP (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo), este não é um negócio fácil, porque, no Brasil, a tendência é muito recente, embora já fosse praticada antes de outras formas. 

“A grande vantagem é que a economia colaborativa tem alguns itens extremamente favoráveis. Ela reduz custos, o que faz as coisas serem mais baratas. Também aproxima o consumidor do fornecedor. E diminui os impactos ambientais, já que estamos falando do reúso de produtos já em circulação”, afirma.

Sobre os pontos negativos, Carmo diz que ainda há desconfiança entre consumidores e fornecedores; falta regulamentação; quem é o patrocinador do negócio tem que ter desapego pelas coisas; e, no caso de compartilhamento de aéreas de imóveis, como quartos, a pessoa acaba perdendo a privacidade.

Saiba mais:

Reportagem especial mostra como funciona a economia compartilhada

Cyou – www.cyou.com.br

Alooga  www.alooga.com.br

EZ Park  www.ezpark.me

Tem Açúcar? – www.temacucar.com

Consultores dão dicas para escolher uma franquia

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