Onda verde turbina vendas de empresas de coletor menstrual e fralda de pano
Investir em produtos que não agridem o ambiente faz bem para o planeta, mas também para os negócios. A administradora de empresas Mariana Betioli, 36, criou a InCiclo, em São Paulo, que fabrica e vende coletores menstruais no Brasil desde 2010. São usados no lugar de absorventes femininos. Segundo ela, o mercado está em expansão e suas vendas cresceram 270% no último ano.
A Nós e o Davi, de Florianópolis (SC), fabrica fraldas de pano reutilizáveis e foi aberta pela ex-estudante de sistemas de informação, Laís Oliveira, 24, e pela assistente social Beatriz Souza, 49. A produção começou após o nascimento de Davi, filho de Laís, em 2013. O desenho é diferente das antigas de pano e lembra fraldas descartáveis.
Com um investimento inicial de R$ 5.000, a Nós e o Davi diz ter faturamento mensal de R$ 50 mil e lucro de R$ 10 mil. A InCiclo não revela seus números.
Coletor custa R$ 79 e dura dez anos
O coletor custa R$ 79 e, segundo Betioli, é feito de silicone e não usa látex, corante ou processos químicos que afetem o ambiente. Além disso, é reutilizável e tem validade de até dez anos. O apelo da empresa é reduzir material higiênico descartável. "O uso de coletores é importante para mudarmos essa situação", diz a empresária.
A InCiclo aposta em publicidade e ações de comunicação para tentar convencer as potenciais clientes. "É tudo muito novo, um paradigma a ser quebrado", afirma Betioli.
No último semestre, o número de revendedores dobrou e já chega a 500, incluindo farmácias, lojas de produtos naturais e orgânicos.
Fraldas custam R$ 45, e tamanho é ajustável
Em 2013, durante a gravidez de seu primeiro filho, Davi, Laís Souza viu o filho de uma amiga usando a fralda ecológica. Ela diz que, na época, nem sabia que o produto existia.
Sua mãe, dona de uma confecção, resolveu fazer novos modelos para o neto, e as amigas passaram a encomendar. Publicou em seu blog e recebeu uma "enxurrada de encomendas".
Hoje 16 funcionários produzem e distribuem 1.200 fraldas, em média, por mês. O objetivo é chegar a 2.500. A fralda custa R$ 45. É lavável, reutilizável e pode ser ajustada desde o nascimento até a criança parar de usar, segundo o site.
"Nosso desafio é atrair novos clientes, mostrando que ela faz bem para o planeta, e que, diferentemente do que muita gente pensa, não demanda um esforço extra muito grande."
Saúde da mulher e de bebês pode ser prejudicada?
Segundo a ginecologista Patrícia de Rossi, não há contraindicação para o uso do coletor menstrual, mas é preciso cuidado na hora de manuseá-lo. "As mãos precisam ser sempre higienizadas e o copinho deve ser esvaziado em um local limpo".
"O conceito do coletor é ótimo, pela liberdade e praticidade. O obstáculo é o estranhamento que a novidade causa."
No caso das fraldas, a médica afirma que produtos naturais são menos agressivos para o corpo e não possuem riscos. Elas causam menos abafamento, diminuindo as assaduras. A médica diz que não é preciso lavagem especial para as fraldas, mas reforça a importância da frequência de trocas.
Mercado ainda é pequeno, mas tende a crescer
Néia França, consultora do Sebrae (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) diz que esse mercado é um nicho voltado para uma fatia de pessoas que possui consciência ambiental. Mas afirma que a tendência de crescimento é forte e não há chance de retroceder.
"As empresas vão ter de catequizar os clientes, investindo em comunicação e derrubando tabus." Segunda França, o grande desafio para quem deseja investir na área é ampliar o mercado, que tem crescimento lento, mas constante.
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