Para poupar embalagem, cliente de armazém vegano leva papel e pote de vidro
À primeira vista, é uma venda comum: no balcão estão dispostos queijos, linguiças, salames, salgados, bolos e doces. Porém, nada do que se oferece nessa venda é de origem animal. Carnes e queijos vegetais fazem o diferencial do Armazém VegAninha, minimercado e açougue vegano no bairro do Abranches, em Curitiba (PR).
O armazém, inaugurado há pouco menos de um mês, tem uma proposta diferente não apenas nos seus alimentos. A ideia não é só reduzir o uso de sacolas plásticas, como acontece em supermercados de São Paulo.
Nele, todo plástico é abolido, incluindo o próprio invólucro dos produtos. |O consumidor compra os mantimentos e arca com o custo da embalagem, que pode ser de vidro, pano ou papel. No caso do vidro, o cliente paga pelo casco e tem um desconto se trouxer para a próxima compra. Os valores dos frascos variam de R$ 1,50 a R$ 2.
“Pretendemos cobrar por qualquer tipo de embalagem em alguns meses. A ideia é que o cliente traga sua embalagem para não investirmos mais nisso”, diz Andrey Sanson, um dos proprietários. De acordo com ele, o ideal é que o cliente venha com sua sacola e seus vasilhames, pois o objetivo é promover um pensamento sustentável em relação ao consumo.
Já vendeu porta a porta e criou bazar
A história do VegAninha começa em meados de 2013, quando Sanson resolveu investir na produção de pães veganos. Ele e sua namorada, Ana Luiza Tomaz, vendiam de porta em porta. “Não falava que era vegano no começo, vendia para o público geral. Depois de um tempo, começamos a receber pedidos específicos como quibe, quiche, hambúrguer, carne vegetal”, conta Sanson.
Em agosto de 2015, o casal começou a organizar o Bazar Vegano, que reúne mensalmente os produtores locais para vender alimentos e cosméticos. A ideia deu certo e originou o armazém.
Até a decoração é reaproveitada
O empreendimento tem um clima de armazém antigo. As cadeiras e mesas foram feitas com móveis reaproveitados. O imóvel, de 87 anos, fica entre quatro antigas pedreiras. Duas delas são pontos turísticos da capital paranaense: a pedreira Paulo Leminski e o parque Tanguá.
Tem clientes não veganos
O público principal é composto por vegetarianos e veganos, mas o armazém já conquistou também quem não segue a dieta, diz ele.
“O pessoal do bairro comprou a ideia. Comem a coxinha, experimentam o queijo, o leite vegetal. Tem uma vizinha que adora o bolo sem ovo, acha bem mais leve. O convívio com o bairro quebrou a barreira com a ideia do vegano.”
O investimento inicial de R$ 25 mil veio de investidores e do casal. Os empreendedores sabem que a curiosidade inicial não reflete a clientela no futuro, mas esperam recuperar o investimento em um ano e meio. “O intuito é expandir, fizemos um plano de negócios para crescer”, afirma Sanson.
A ideia é lançar novos produtos continuamente. Entre os lançamentos, estão steaks de leguminosas e patê de falso atum.
De acordo com o empresário, o que existe de mais próximo da proposta do armazém é o Las Vacas Felices, na Argentina, e o La Dimension Vegana, no Uruguai.
Mercado é recente, mas público é exigente
O público crescente conta a favor do armazém vegano. Segundo Ricardo Laurino, presidente da SVB (Sociedade Vegetariana Brasileira), o veganismo cresce cada vez mais.
Por outro lado, ele faz um alerta. “É preciso ter cuidado com a qualidade, pois o público cresce e a exigência também. Naturalmente, outros locais similares vão abrir, e a comparação vai surgindo. Como o mercado é novo, existe muita margem para aperfeiçoar”, afirma.
Onde encontrar:
Armazém VegAninha: rua Eugênio Flor, 468, Abranches - Curitiba - PR
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