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Empresa vende cápsula de café para recarregar com pó gourmet por R$ 189,90

Larissa Coldibeli

Colaboração para o UOL, em São Paulo

01/08/2016 06h00

A grande quantidade de lixo gerada e a dificuldade de reciclagem de cápsulas de café motivaram a criação da Ecoreciclos, empresa que importa e vende cápsulas reutilizáveis, feitas de aço inox, compatíveis com máquinas Nespresso. O produto começou a ser vendido em janeiro deste ano, pela loja virtual.

A cápsula é recarregável com café moído, mas o pó convencional não é recomendado, pois é muito fino: pode passar pelos furos, resultando em um café de baixa qualidade e havendo risco de estragar a máquina. A moagem grossa também não é a ideal, pois faz com que a água passe mais rápido e não se extraia um café de qualidade.

A moagem recomendada é grau 8 (entre 0,4 mm e 0,5 mm), considerada média-fina. É possível encontrar cafés com a especificação em cafeterias, empórios, padarias e supermercados com produtos gourmet.

O conjunto inicial é composto por uma cápsula, dois anéis de vedação (que devem ser usados em máquinas produzidas antes de 2010, para manter a pressão ideal e evitar o vazamento de água durante o preparo), manual de utilização e uma amostra de café gourmet para exemplificar o nível ideal de moagem do café a ser usado. O preço do kit é R$ 189,90.

Importado da Suíça

O produto é importado da Suíça, do fabricante MyCoffeeStar. “É um produto vitalício, tem perfeita compatibilidade com as máquinas, é resistente, fácil de limpar e não aloja bactérias”, diz a empresária Priscila Régis, que tem exclusividade na distribuição no Brasil.

O alto preço, diz ela, se deve aos custos de importação e aos impostos. “Nossa margem de lucro é a mínima possível”, afirma, sem revelar valores. Ela diz vender, em média, 150 kits por mês.

A partir de outubro, a empresa pretende vender também cápsulas compatíveis com máquinas Dolce Gusto.

Gerar menos lixo e gastar menos atrai clientes

A empresária diz ter identificado três tipos de clientes: os motivados por consciência ambiental, que querem diminuir o lixo gerado com as cápsulas; os motivados pela economia, que preferem escolher o café que mais se adequa ao seu bolso (uma cápsula Nespresso custa entre R$ 1,75 e R$ 2,40 a unidade); e o apreciador da bebida, que quer escolher o tipo de café que vai usar, e não ficar refém das opções oferecidas pela marca.

“Nossa proposta é de consumo consciente, não queremos que as pessoas comprem cápsula a vida inteira. Considerando o preço da unidade, um quilo de café Nespresso custa entre R$ 350 e R$ 400. É superfaturado. Um quilo de café orgânico tradicional sai por R$ 40, em média. É bom para o ambiente, pois reduz o lixo gerado, e bom para o bolso”, afirma.

A Nespresso possui um programa de reciclagem de cápsulas, com pontos de coleta em todas as lojas da marca e em alguns parceiros. A empresa também não recomenda o uso de cápsulas de outras marcas, pois não pode garantir o correto funcionamento da máquina em contato com outros materiais que não o alumínio.

Para professor, perde-se a variedade e a praticidade

Para Alberto Ajzental, professor de marketing e estratégia de negócios da FGV (Fundação Getúlio Vargas), o discurso sustentável da empresa pode até conquistar alguns clientes, porém, ele não vê outros benefícios no produto.

“Ao usar o próprio café, a pessoa perde a vantagem da variedade de tipos e aromas oferecida pelas cápsulas.”

Do ponto de vista operacional, ele acha o processo de recarga da cápsula trabalhoso. “Se mais de uma pessoa for tomar café na mesma ocasião, perde-se a praticidade ao ter que abrir, limpar e abastecer a cada xícara”, afirma.

Onde encontrar:

Ecoreciclos: www.ecoreciclos.com