Start-ups apostam em carros compartilhados e miram em quem quer renda extra
Para quem tem carro, em vez de ficar parado na garagem, ele pode render uma grana extra no fim do mês. Para quem não tem e precisa usar só de vez em quando, alugar o carro de outra pessoa pode ser uma opção mais interessante do que comprar um.
Juntar essas duas pontas foi a aposta de jovens empreendedores, que decidiram investir em um novo conceito de negócio no Brasil: o compartilhamento de carros entre pessoas. É o caso das start-ups Fleety e Pegcar.
O Fleety começou a funcionar em outubro de 2014, em Curitiba, e hoje atua também em São Paulo, Rio de Janeiro e Florianópolis. Tem 5.000 veículos disponíveis para aluguel e 25 mil clientes cadastrados em todas as cidades. O Pegcar começou a operar um ano depois, em São Paulo, e atualmente oferece 250 veículos e conta com 6.000 usuários.
"As pessoas estão cada vez mais questionando a posse. É possível não ter um bem e pagar por ele só quando precisar", diz Guilherme Nagüeva, 31, sócio do Fleety. "O desafio é a questão cultural. Precisamos desmistificar a relação que as pessoas têm com o carro", afirma Conrado Ramires, 26, sócio do Pegcar.
As duas empresas receberam investimento-anjo, mas não divulgam dados financeiros, como investimento inicial ou faturamento. Onde eles ganham? Na cobrança de uma taxa a cada locação: no PegCar, são 20% do dono do carro e 10% de quem aluga; no Fleety, a taxa é de 20% para cada parte.
Como funciona
O cliente pode alugar um carro por horas, dias ou semanas. O dono do veículo é quem define o valor. A negociação de preço e tempo de aluguel é feita diretamente entre locatário e locador, e o pagamento é via cartão de crédito nos sites.
Há opções a partir de R$ 60 por dia para carros populares, como Fox e Ford Ka. Para comparação, em um site de busca de locadoras tradicionais os preços começam em R$ 74,50.
Fazer o cadastro nos sites é grátis, mas cada um deles tem suas regras para admitir novos usuários:
- Para alugar um carro, o Fleety pede apenas cópia da carteira de habilitação, dados pessoais e número do cartão de crédito, mas informa que outros documentos podem ser pedidos antes da aprovação do cadastro.
- O Pegcar exige que o condutor tenha mais de 21 anos, CNH válida e sem restrições, pelo menos dois anos de habilitação e CPF com menos de dois sinistros nos últimos dois anos.
- Nos dois sites, o cadastro é sujeito a aprovação após checagem dos documentos.
- Também há exigências para os carros ofertados, como ter menos de 10 anos de fabricação, ter seguro, estar com a documentação e a manutenção em dia e não ter modificações significativas.
Os sites têm parceria com seguradoras que oferecem coberturas durante o período do aluguel. Em geral, cobrem 100% do valor do carro na tabela Fipe e incluem colisão, incêndio, roubo, furto e assistência para panes. Em caso de sinistro, o valor da franquia é limitado a R$ 3.000, e quem paga é o locatário. Em caso de multa de trânsito, a dívida e os pontos também são transferidos para ele.
Ao final de cada locação, motorista e proprietário avaliam um ao outro e, assim, vão criando uma reputação nas plataformas.
Renda extra cobre gastos com carro
Gabriel Rodrigues Alves, 33, é dono de um Nissan Grand Livina oferecido por R$ 187 a diária no Fleety. Desde que fez o anúncio, em dezembro do ano passado, ele diz ter alugado o carro todos os meses. "Já aluguei mais de 20 vezes, geralmente em fins de semana. Como minha mulher tem carro, não fico a pé", diz.
Alves diz que a maior motivação para alugar seu carro é o dinheiro. "Com o valor dos alugueis, consigo pagar o seguro, o IPVA e a manutenção, que faço a cada 10 mil quilômetros rodados. Mas como é algo incerto, não conto com o dinheiro para o meu orçamento. É um extra bem-vindo", declara.
Menos burocaria
Jonathan dos Santos, 26, já usou o serviço duas vezes para alugar carro e diz que o principal benefício é não ter tanta burocracia, além de poder escolher um carro que esteja perto.
"Eu precisei aumentar o período de locação uma das vezes e foi muito fácil. Só avisei o dono do carro, atualizamos a locação na plataforma e fiz o pagamento. É muito melhor lidar com uma pessoa do que com uma empresa, é outra relação", diz.
Exige desapego e mais manutenção
Essa é uma forma de rentabilizar um capital que fica parado, segundo Alberto Ajzental, professor de estratégia de negócios da FGV (Fundação Getúlio Vargas). "A economia compartilhada aumenta as possibilidades."
Ele vê a iniciativa com bons olhos, mas diz que não deve atender a todos. "É um nicho específico de oferta e demanda. Quem tem carro novinho e é apegado não vai disponibilizá-lo. O serviço vai atender demandas específicas, de um certo perfil de público."
Ele afirma que a rotatividade do carro na mão de vários motoristas pode acelerar a necessidade de manutenção. "Ninguém vai tratar o veículo com o mesmo cuidado que o dono", declara.
Onde encontrar:
Fleety: www.fleety.com.br
Pegcar: www.pegcar.com
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