Por desejo de fruta do pé, empresa vende jabuticabeira até para apartamento
O prazer de colher a fruta direto do pé inspirou a criação de um negócio de família: vender jabuticabeiras.
A árvore, nativa do Brasil, chamava mais atenção dos clientes do que palmeiras raras vendidas na loja de plantas em Cerquilho (140 km a oeste de São Paulo). O dono, Fernando Grando, 67, notou a fascinação da clientela e decidiu investir mais nesse produto específico.
As árvores são vendidas já produzindo frutos e em tamanhos diferentes. Existem versões não só para casas, mas também para apartamentos, em vasos.
No início, as jabuticabeiras eram compradas e revendidas, e algumas mudas eram cultivadas no terreno da família, próximo à rodovia Castelo Branco.
Hoje, quase 20 anos depois, a empresa conta com 50 mil árvores num terreno de 10 mil metros quadrados. Vende cerca de 3.000 árvores por ano para todo o país, com um gasto médio de R$ 1.200 por cliente e faturamento anual estimado em R$ 3,6 milhões.
A empreitada aposta, em parte, na nostalgia do público. "Para muitos, é um sonho de infância ter uma jabuticabeira em casa", diz Aline Grando, 30, filha de Fernando e responsável pelo marketing da empresa familiar.
Frutos: investimento de longo prazo
Apesar de existirem plantas precoces, as árvores podem demorar de 10 a 15 anos para produzirem as primeiras jabuticabas. Como a proposta da empresa é entregar ao consumidor espécimes já em produção de frutos, o investimento precisa ser de longo prazo.
Para ajudar nesse planejamento, juntou-se à empresa o filho mais velho de Fernando, o engenheiro agrônomo Pedro Grando, 36. Em 2008, ele começou a investir na divulgação da empresa pela internet, conseguiu um boom de vendas e passou a ter lucro.
Vendendo pela internet, a empresa do interior de São Paulo conseguiu atingir clientela em outras cidades e até outros Estados, como Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Distrito Federal. Hoje, as vendas feitas pelo site somam de 80% a 90% do total.
Manual de instruções
O preço das árvores vai de R$ 150 a R$ 6.000 e pode variar conforme a idade da planta, espécie (são 12) e altura. O processo de venda, porém, não se limita a escolher a planta que mais agradar. É feita uma avaliação do espaço que o cliente tem disponível, da luminosidade no local e de como será o transporte até sua casa, entre outros.
"Além de vender as árvores, fazemos todo o atendimento técnico. Elas saem com manual de cuidados, compartilhamos novidades, damos assistência quando a planta não está produzindo", diz Aline.
Loja aos fins de semana e minifranquias
Além dos três sócios, a empresa conta com seis funcionários na produção e quatro administrativos. Nos últimos 10 anos, a família investiu cerca de R$ 1,5 milhão na empresa. A empresa não revela lucro.
Em setembro deste ano, a marca abriu em Itu (SP) uma loja que irá funcionar aos finais de semana e feriados até o final do verão –época de produção da fruta. Com isso, eles esperam fechar com crescimento de 30% nas vendas. O próximo passo é estabelecer parcerias com outras grandes lojas de plantas pelo Brasil afora, como "minifranquias" de distribuição.
Conhecer o público é chave
Um dos grandes trunfos da empresa Jabuticabeira.com.br foi conhecer seu serviço e seu público, o que permitiu trabalhar em um nicho, afirma o consultor do Sebrae-SP Fábio Brass. "Eles sabem exatamente o que querem entregar para o cliente", diz.
"Conheço alguns empreendimentos parecidos, de modo geral é uma atividade crescente. Mas eles têm um apelo que vai além do paisagismo, que é a questão do conforto, da nostalgia", afirma Brass.
A equipe multidisciplinar também permite que o atendimento seja mais completo e fortaleça a marca, diz. Outros diferenciais, segundo Brass, são a avaliação da melhor espécie e árvore para cada caso, além do serviço de acompanhamento após a compra. "Dá uma segurança maior para o cliente em um mercado com leque muito grande de opções."
Os pontos de atenção, segundo o consultor, são relativos à expansão do negócio. O investimento em marketing digital permite posicionar melhor a empresa nos mecanismos de busca, como Google, e nas redes sociais. Outra alternativa é fazer parceria com escritórios de arquitetura, lojas e outros canais de distribuição. No entanto, é sempre importante observar a capacidade de produção da empresa, diz Brass.
Dica: produtor rural leva vantagem
Para o empreendedor que quiser montar um negócio nesses moldes, vale a pena checar a possibilidade de se formalizar como produtor rural --mesmo que viva em uma zona urbana-- em vez de como uma microempresa de comércio, segundo o consultor do Sebrae-SP. Isso pode reduzir a quantidade de impostos e contribuições a serem pagos.
Além disso, também pode criar uma empresa de distribuição como microempresário individual (MEI), desde que o faturamento não ultrapasse R$ 60 mil por ano, sugere Brass. Com isso, é possível ter maior controle da estrutura de gastos de sua empresa.
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