IPCA
0,83 Mar.2024
Topo

Crise fecha restaurantes, e aparelhos vão para brechós por metade do preço

Giovana Camargo diz que a procura pela venda de equipamentos usados subiu - Divulgação
Giovana Camargo diz que a procura pela venda de equipamentos usados subiu Imagem: Divulgação

Thâmara Kaoru

Colaboração para o UOL, de São Paulo

17/10/2016 06h00

A crise econômica levou bares e restaurantes a fecharem as portas. Por outro lado, aqueceu um outro mercado: o de venda de equipamentos usados para quem já tem ou quer abrir um negócio na área de alimentação. Esses "brechós" vendem os itens até pela metade do preço de um novo.

A Camargo Máquinas é uma empresa que compra e revende equipamentos da indústria de alimentos. Por lá, a procura de empresas falidas que queriam se desfazer de seu maquinário aumentou 30% desde o ano passado, estima a diretora comercial, Giovana Camargo.

Atualmente, a empresa tem em estoque cerca de 1.500 máquinas na área de alimentação. O faturamento e o lucro não foram informados.

Quando um estabelecimento chega ao fim da linha, primeiro os donos tentam passar o ponto, com tudo o que está dentro. Se não conseguem, acabam desmontando o local para não ter mais prejuízo, afirma Joaquim Saraiva, presidente do Conselho Estadual da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes de São Paulo (Abrasel-SP). É daí que saem os equipamentos usados.

Clientela: novatos e antigos 

Se, por um lado, há empresários que não resistiram à crise, por outro há aqueles que querem começar o próprio negócio, mas não têm dinheiro para comprar tudo novo. Para eles, os usados são uma boa pedida.

Segundo Giovana, até a falta de crédito no mercado impulsiona o "brechó" de maquinários. Quem tinha dinheiro para comprar um equipamento novo, mas não conseguiu o crédito, acaba optando pelo seminovo. 

Há, ainda, o caso de estabelecimentos já consolidados que precisam substituir suas máquinas antigas ou aqueles que estão tentando se "reinventar" e se diferenciar da concorrência para atrair mais clientes, afirma a diretora. Para não gastar muito, escolhem o produto de segunda mão.

Ampliando a fábrica de chocolate

Um empreendedor que optou por comprar um equipamento usado foi Cesar Frizo, dono da fábrica Raros Fazedores de Chocolates. A empresa, que fica em Guarulhos, na Grande São Paulo, está no mercado há um ano e meio.

Quando decidiu expandir o negócio, Frizo diz que teve dificuldade para encontrar uma temperadeira (aparelho que transforma o chocolate líquido em sólido) do tamanho que queria. Também influiu o fator preço. Encontrou um equipamento usado e pagou a metade do valor de um novo.

O único ponto negativo foi a máquina não vir com o manual. "Mas como é de um fabricante nacional, conseguimos tirar dúvidas com a própria empresa", diz.

Preço é fundamental

Para Eraldo Fiore, professor de economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, equipamentos de bares e restaurantes são produtos muito específicos e, por isso, é difícil encontrar comprador. Esse tipo de empresa intermediária acaba sendo útil tanto para quem quer vender como para quem precisa comprar, diz ele.

A empresa precisa apresentar um preço atrativo, segundo ele, e tomar cuidado se decidir cobrar taxas altas pela intermediação --isso pode afastar o consumidor.

Segundo o presidente da Abrasel-SP, os usados ou seminovos custam cerca de metade do preço dos produtos diretos da fábrica. "Se vender por 80% do valor de um equipamento novo, o cliente pode pensar em se esforçar para comprar um sem uso. Mas se sai pela metade do preço fica bem mais atrativo", diz.

Crise faz com que profissionais aceitem salário abaixo do mercado

Band Notí­cias