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O pai morreu de infarto e ele teve de assumir a "prainha paulista" aos 13

Larissa Coldibeli

Colaboração para o UOL, em São Paulo

20/06/2017 04h00

Sérgio de Jesus Pereira Lopes, 42, assumiu o bar e restaurante Prainha Paulista, em São Paulo, com apenas 13 anos, ao lado da mãe, após a morte súbita do pai por infarto. Quase 30 anos depois, o estabelecimento virou ícone da região da avenida Paulista e recebe até 24 mil clientes por mês no verão, quando o movimento é maior.

Ele o irmão caçula, Augusto, na época com 11 anos, passavam os fins de semana e férias acompanhando o funcionamento do bar e aprendendo a gerenciá-lo. Dois anos depois, com 15 e 13 anos, respectivamente, eles assumiram de vez a administração do negócio.

A maior dificuldade era passar credibilidade, fazer as pessoas terem confiança, inclusive os funcionários. Lidar com valores e a parte burocrática também era um desafio. Com o operacional nós lidávamos bem porque sempre observamos nosso pai trabalhar.”

Eles também contaram com a ajuda de outros parentes, além da mãe, como tios, primos e cunhado. Há dez anos, porém, decidiram profissionalizar a empresa: contrataram profissionais do mercado e, da família, ficaram apenas os dois irmãos à frente do negócio. “É difícil trabalhar com a família porque as pessoas misturam as coisas.”

Lopes diz que o negócio da família determinou as carreiras que iriam seguir. Ele se formou em gestão e marketing e o irmão caçula em Direito: a escolha foi por cursos que pudessem ajudar na administração da empresa.

Inaugurou em 1973 com o nome Savanas

O bar foi inaugurado em 1973 com o nome de Savanas, mas os clientes sempre se referiram ao local como “prainha”. Foi em 1998, junto com a chegada da gestão profissional, que eles resolveram aderir oficialmente ao nome.

“Bar é praia de paulista. O local já virou ponto turístico. Temos um público muito eclético”, afirma.

A expansão do negócio já fez parte dos planos dos empresários: eles tiveram outras duas unidades em São Paulo, uma no Mooca Plaza Shopping e outra no Shopping Granja Vianna, mas fecharam pela dificuldade de administrar várias lojas ao mesmo tempo.

Sucessão é desafio

Para Alberto Ajzental, professor de estratégia de negócios da FGV (Fundação Getúlio Vargas), o forte da empresa é a tradição. "Virou ícone porque tem história e está bem localizado, numa região que tem muito happy hour, por exemplo. Isso faz com que não seja tão simples replicar o negócio."

Ele diz que os desafios dos empresários são aperfeiçoar a operação e se destacar da concorrência, oferecendo bom atendimento, produtos de qualidade, agilidade e rapidez. Eles também precisam se preocupar com a sucessão. "Eles conseguiram estabilizar a operação mesmo sendo muito jovens. Agora precisam pensar no que será feito no futuro: se continuará uma empresa familiar ou se será vendida."