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Sobrinho de Abilio Diniz rejeitou comércio, foi para arte e fatura R$ 21 mi

Éder Fantoni

Colaboração para o UOL, em São Paulo

17/10/2017 04h00

André Diniz, 44, buscou um caminho profissional diferente do clássico de sua família: não trabalhou nas empresas do seu tio Abílio (ex-dono do Grupo Pão de Açúcar) nem nas concessionárias do pai, Arnaldo (dono de uma rede da Mercedes-Benz). Ele resolveu tirar seu sustento das artes.

Em 2009, Diniz fundou, em São Paulo, a Urban Arts, uma galeria online que vende peças de arte. Em 2016, a empresa faturou R$ 21 milhões. O lucro e o investimento inicial não foram divulgados.

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A ideia do negócio é simples: qualquer um pode se cadastrar no site e enviar a sua arte em um arquivo digital, que passará por uma curadoria formada por duas pessoas. Se aprovada, a obra é colocada à venda. Hoje, há mais de 40 mil obras no acervo e 4.000 artistas ativos.

"É feito para artistas menos conhecidos e independentes, que muitas vezes não têm a chance de vender em uma galeria. Queremos dar espaço para eles divulgarem e venderem seus trabalhos", afirma Diniz, que administra a empresa ao lado do sócio Gustavo Guedes, 47.

A tiragem dos quadros é limitada a 250 unidades. A impressão é feita em papel fotográfico ou tecido canvas (material que simula uma tela de pintura a mão).

A empresa disponibiliza outros produtos como almofadas, pôsteres para colar na parede, sketchbooks (cadernos de rascunho) e capas para celular.

Negócio passou do online para as lojas físicas

A Urban Arts tem hoje duas galerias próprias em São Paulo e mais 16 franqueadas em todo o país.

Veja a seguir os dados da franquia, fornecidos pela empresa:

  • Investimento inicial: a partir de R$ 230 mil (inclui taxa de franquia e capital de giro)
  • Faturamento médio mensal: R$ 110 mil
  • Lucro médio mensal: de 10% a 15%
  • Retorno do investimento: entre 18 e 36 meses

A empresa diz que pretende abrir uma loja nos Estados Unidos em 2019.

O site recebe cerca de 3.000 novas artes por mês (50% são aprovadas). Os quadros custam de R$ 99 a R$ 2.500. Segundo ele, a diferença está no tamanho. “Quanto maior, mais caro. Outro fator que influência no valor é o acabamento da obra”, diz.

O preço no mercado da arte pode variar muito. No site do artista Romero Britto, por exemplo, é possível encontrar quadros de cerca de R$ 500 a R$ 7.000.

Na Urban Arts, o repasse ao artista por obra vendida na galeria física é de 10%, e, na plataforma online, 20%. “Pode parecer pouco, mas estamos praticamente dividindo o lucro com o artista”, afirma. Segundo ele, os custos de produção são altos. “O que sobra é o que é dividido com o artista”, declara.

A empresa fica com o custo da impressão, do acabamento e do enquadramento. No caso da galeria física, o repasse é menor em função dos custos fixos (pagamento dos funcionários e do aluguel, por exemplo).

De acordo com outras galerias consultadas, o valor do repasse ao artista varia muito. Depende, sobretudo, se o artista tem custos com a confecção do quadro, dizem.

Jogou polo nos EUA e tem agência de publicidade

Diniz é ligado à arte desde criança. "No colegial, pintava as calças e camisas dos meus amigos com tinta”, relata ele, que antes de fundar a Urban Arts ganhou a vida como jogador de polo profissional por 13 anos nos Estados Unidos.

O empresário se formou em comunicação visual no Instituto Europeu de Design, em 2006. No ano seguinte, criou um quiosque no shopping Iguatemi, em São Paulo, como uma ideia experimental para vender de quadros a adesivos de parede. O negócio durou seis meses.

Depois, ele fundou uma agência de publicidade, da qual participa até hoje, mas deixa os trabalhos nas mãos de um sócio. “Em 2010, passei praticamente a tocar apenas a Urban Arts”, afirma.

Mercado da arte exige atualização constante

Informação e atualização são fatores primordiais para essa área, diz Cristiane de Paula, sócia da Uniko Consultoria, especializada em franquias e varejo. Segundo ela, é preciso estar sempre atento para seguir as tendências e não ficar defasado.

“Você deve saber o que está acontecendo no mundo, em outras galerias, no mercado da arte e eventos que estão acontecendo para poder falar a mesma linguagem do negócio. É preciso estar sempre conectado com o cliente."

Para Cristiane, é importante ter uma grande variedade de obras até para se diferenciar de artistas famosos.

"O Romero Britto, por exemplo, tem uma identidade que é só dele. Num negócio como o da Urban Arts, é preciso ter várias vertentes para se conectar com um público diferente."

Onde encontrar:

Urban Arts - http://www.urbanarts.com.br/