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Será que combina? Ele fatura R$ 90 mil/mês com hambúrguer de kibe e kafta

Pedro Marques

Colaboração para o UOL, em São Paulo

08/03/2018 04h00

Foi pensando em propor algo novo que o administrador Tarik Bechara Leal, 31, abriu, em meados de 2017, o Souk Burger, no bairro de Pinheiros, em São Paulo. Ele combina culinária árabe com o popular hambúrguer –sim, tem hambúrguer de quibe no cardápio. “Hamburgueria é um ramo supercompetitivo, por isso pensei em fazer uma coisa diferente”, diz.

De cinco anos para cá, as casas especializadas em hambúrgueres artesanais surgiram mais rápido que mato em dia de chuva. Há mais de uma centena delas, muitas abertas nos últimos anos e que já se transformaram em redes. A dúvida é: ainda há espaço para novidades em um mercado saturado, pelo menos aparentemente? Segundo o consultor Paulo Ancona, que trabalha há mais de 20 anos com gestão de negócios e franchising, a resposta é sim, mas com ressalvas.

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“O mercado de hamburguerias renasceu nos últimos anos, quando começaram a surgir algumas lojas mais gourmets. Saíram os clássicos como o x-salada, o hambúrger simples, de carne baixa, e começaram a aparecer as versões mais caprichadas, com misturas de carne diferentes. Mas não é um modismo, é uma nova categoria que surgiu. E isso dá espaço para que cada hamburgueria tenha seu diferencial”, explica.

Para isso, Leal, que é formado em administração de empresas e antes de abrir a lanchonete era trainee de uma grande empresa frigorífica brasileira, fez um curso de técnicas básicas em gastronomia.

Influência dos costumes da família libanesa

“Quis aprender um pouco de cozinha para poder ter meu negócio”, explica. A ideia de unir o quibe com o hambúrguer surgiu durante as aulas. “Sou descendente de libaneses, já tinha vontade de ter um restaurante árabe”, conta. Mas a inspiração veio por causa do pão sírio e das pastas árabes, como homus e o babaganush: “Percebi que dava para montar um sanduíche com essas comidas.”

Leal foi atrás do ponto e desembolsou cerca de R$ 400 mil para levantar a hamburgueria, sendo que uma parte veio da família e outra veio de um investimento que o empreendedor havia feito no mercado imobiliário.

No total, o empreendedor precisou de um ano e meio entre planejamento e execução para abrir as portas do restaurante, em junho do ano passado, e afirma que a proposta está sendo bem aceita pelos clientes.

“Nossos sanduíches mais vendidos são o KFT (hambúrguer de kafta com chutney de tomates, creme de queijo trufado, rúcula e maionese de ervas no pão de brioche com amêndoas) e o souk (hambúrguer de quibe, cebola caramelizada, tabule, queijo prato e maionese de tahine no pão de brioche com cardamomo).

Com pouco mais de seis meses de funcionamento, a casa fatura R$ 90 mil, e Leal enxerga potencial de crescimento. “Nosso maior desafio ainda é fazer as pessoas conhecerem um sanduíche novo”, acredita ele, que em breve deve oferecer um serviço de delivery.

Hambúrguer árabe é ponto fraco e forte ao mesmo tempo

Para o consultor Paulo Ancona, o conceito de hambúrguer árabe do Souk é, ao mesmo tempo, o ponto forte e fraco do negócio. “É natural que o empresário busque uma área em que vai poder se destacar. E um hambúrguer de quibe, com certeza, vai despertar mais curiosidade”, diz.

Por outro lado, essa curiosidade pode não se converter em clientes fiéis. “Acho que ele está entrando em um nicho e vai ter um público mais fechado”, afirma. Além disso, existe o risco de o produto perder o apelo da novidade. “Não adianta dar certo por um ano e depois não saber o que fazer com o restaurante”, declara.

Mesmo com essas ressalvas, Ancona acredita que cada vez mais empreendedores vão apostar em novidades. “O público também quer coisas diferentes”, afirma.

Nesses casos, o consultor faz duas recomendações: “Tem que observar os sinais que os clientes dão e fazer pequenas adaptações ao longo do tempo. E o hambúrguer tem que ser muito bom.”

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