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Cervejaria e bar de rock inaugurados na pandemia: como fazer dar certo?

Tatiana Ferreira e Diego Verticchio abriram uma cervejaria em meio à pandemia Imagem: Divulgação

Henrique Santiago

Colaboração para o UOL, em São Paulo

19/08/2020 04h00

Eles são profissionais de outras áreas e inauguraram seus negócios bem no meio da pandemia de coronavírus, por necessidade ou sonho: uma cervejaria no RJ, um bar de rock no PR e um restaurante vegano no RS. Agora, com a retomada gradual da economia, estão preocupados se tudo vai certo.

Especialista do Sebrae diz que é necessário se capacitar muito e ter um bom atendimento pelas plataformas digitais para sobreviver. Veja a seguir as suas histórias e as recomendações para os negócios prosperarem.

Bar de rock perto do Paraguai

O casal Paulo Cesar Ferreira, 31, e Carolina Schirmer, 27, decidiu se arriscar em um novo negócio no começo de 2020. Ele, músico, e ela, psicóloga, juntaram dinheiro para abrir um bar temático de rock em Guaíra, cidade do Paraná de 30 mil habitantes que faz fronteira com Paraguai e Mato Grosso do Sul.

O empreendimento seria inaugurado em abril, mas veio a pandemia de coronavírus e forçou o adiamento dos planos.

Por mais de três meses, o Bar Trilho do Rock funcionou apenas com delivery e retirada. Os sócios se prepararam inicialmente para lotar a casa com 100 pessoas, mas tiveram que encarar uma realidade inicial de vender um hambúrguer por noite. Às vezes, nenhum pedido era feito.

O casal Carolina Schirmer e Paulo Cesar Ferreira, sócios de um bar temático de rock Imagem: Divulgação

Nesse meio tempo, o governo do Paraná determinou medidas restritivas ao comércio para conter o avanço da covid-19 na região. Eles só abriram as portas pela primeira vez em 25 de julho, quando reestruturaram o local com medidas de segurança para comportar metade da capacidade de clientes. Eles preferiram esperar o pós-pandemia para colocar karaokê e criar um festival de rock local.

"Esse momento de abertura e procura é maravilhoso. Nós não esperávamos que fosse dessa forma. É uma euforia por tudo estar dando certo e por entrar dinheiro no caixa, mas dá um receio e medo [pela doença]. Estamos muito expostos", diz Schirmer.

Um ano trabalhando para criar cervejaria

O mesmo transtorno foi vivido pelo casal Tatiana Ferreira, 35, e Diego Verticchio, 38. Eles trabalharam por mais de um ano para iniciar uma cervejaria em Niterói (RJ), onde moram. Alugaram um galpão e compraram tanques para produzir 18 mil litros de cerveja.

A ideia era começar em abril, com foco na produção própria e para terceiros. Com a pandemia, marido e esposa refletiram por semanas até encontrarem uma opção viável de operação em tempos de isolamento social.

Desde junho, a Malteca trabalha com a entrega de growlers (garrafões de chope) e, com a abertura gradativa do comércio no Rio, fecharam parceria com bares para servir seus chopes à clientela. O litro sai por R$ 15.

"O primeiro momento foi de inércia, porque ninguém sabia o que iria acontecer, como estava a evolução do vírus. Se a gente tivesse começado pelas vias normais, dificilmente iríamos pela venda de growler e delivery, tentaríamos as formas mais tradicionais, com ponto de venda. Começamos a ter contato com o cliente, entendemos suas demandas e produzimos novas cervejas", diz Ferreira, que emprega quatro funcionários.

Advogada dona de restaurante vegano

Lara Lopes usou a estrutura da casa dos pais para trabalhar em seu restaurante vegano Imagem: Arquivo pessoal

A necessidade fez Lara Lopes, 29, replanejar sua vida profissional. Advogada de formação, ela trabalhou por dois anos na cozinha de um restaurante em Porto Alegre (RS), quando decidiu aproveitar sua experiência para investir na sua própria marca. Com a pandemia, porém, voltou a morar com os pais em Pelotas, a 260 km da capital gaúcha.

Ela aproveitou o tempo em casa para viabilizar seu próprio negócio, voltado para consumidores veganos. Reformou a área da churrasqueira, que estava inutilizada, para criar uma "cozinha quase profissional", onde fica, em média, cinco horas na produção de pratos e itens de armazém que são vendidos aos novos clientes.

A empreendedora é a única responsável por praticamente tudo, desde o preparo das refeições até as publicações nas redes sociais. Somente o delivery é terceirizado para um serviço de bicicleta. Lara calcula que, de hambúrgueres a itens de armazém, são feitos 15 pedidos em média por semana. A quantidade diminuiu, mas o valor da venda subiu de R$ 25 para R$ 45.

Após a pandemia, ela quer alugar um espaço para receber a clientela. "Sinto insegurança todo dia, ainda mais porque é muito inicial. Tenho angústia muitas vezes e me pergunto para onde isso vai e como vai. Todo início tem esse sentimento, e agora é muito mais potencializado."

Dicas e cuidados

O presidente do Sebrae, Carlos Melles, avalia que a abertura de um novo negócio na pandemia depende de um olhar atencioso para a digitalização. Ele afirma que ferramentas como o WhatsApp deixaram de ser um aplicativo de conversas para se transformar em um canal de vendas e fidelização. O bom atendimento deve ser estreitado em momentos como esse.

Aos que começaram um negócio por urgência, principalmente, Melles indica que a capacitação profissional é essencial para prosperar com o fim da pandemia de coronavírus.

Para ele, a retomada da economia brasileira depende do amparo financeiro do a esses negócios.

"Essa crise certamente tem nos ensinado que é preciso ser mais capacitado em todos os aspectos. O empreendedor tem que se esmerar para fazer cursos, melhorar processo de gestão, entender melhor o cliente e o seu negócio para aumentar produtividade. Isso já era exigido antes, mas na pandemia é vital", finaliza.

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