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Currículo em garrafa de cerveja? Site mostra buscas diferentes por vagas

Carlos Abascal Peiró

Da Efe, em Paris

10/11/2014 13h26

Nada se parece mais com um currículo do que outro currículo. Por isso Alain Ruel apostou, em 2011, em vender o seu como se fosse um anúncio de uma liquidação.

A estratégia garantiu a ele um contrato e, de quebra, a criação de um site destinado a reunir e premiar os currículos mais insólitos.

Um  currículo impresso em garrafas de cerveja ou numa lata de conservas, um videogame inspirado em Pokémon e o anel gravado "comprometa-se comigo" (profissionalmente), mostram que as soluções reunidas na página CV-Originaux (Currículos Originais) não têm limites. Da eficácia não dá pra dizer o mesmo.

"O objetivo da página é reunir exemplos insólitos e analisá-los junto com candidatos e empregadores para mostrar ao internauta as chaves para um bom currículo", explicou Ruel à Agência Efe.

E, embora a originalidade não deva necessariamente ser um fator-chave, dois em cada três currículos não convencionais obtém uma entrevista, revelou um estudo produzido pelo próprio Ruel.

Segundo a pesquisa, 44% desses candidatos bem-sucedidos tem como elemento "decisivo" em sua contratação o currículo original.

Yves Bonneyrat não faz mais parte dessa porcentagem. Após "se apaixonar" por uma marca de batatas fritas, o comerciante de 43 anos colocou no currículo sua imagem em um das embalagens do produto e, em seguida, enviou para a empresa.

"A paixão por essas deliciosas batatas e o instinto comercial despertaram minha curiosidade", declarou Bonneyrat à CV-Originaux após admitir que descartou "se disfarçar de batata gigante."

A marca viu a proposta curiosa através de uma mensagem em sua conta no Twitter e elogiou o entusiasmo de Bonneyrat para conseguir um posto na empresa.

O certo é que, em tempos de crise, "é vital se sobressair para que [o currículo] possa servir, pelo menos, como passaporte para uma entrevista, mesmo que ele não se traduza diretamente em um contrato".

Às vezes o contrato acontece. "Seis meses antes de me formar decidi oferecer meu currículo em liquidação'", diz Ruel, assinalando que não se tratava tanto de valorizar suas competências, mas de se promover através da "estratégia de comunicação" incomum. 

A ideia desencadeou um redemoinho midiático que transformou Ruel de "candidato em liquidação" para um guru na liderança de uma geração em crise no mercado de trabalho.

"Não era minha intenção", afirma, ao revelar que conseguiu um contrato fixo antes mesmo de se formar.

Para além da curiosidade, os currículos extravagantes não deixam de ser um método para explorar os sete segundos, em média, que um recrutador dedica a cada currículo.

Currículos em formato de vídeo são tendência

Redes sociais e portais de emprego se mobilizam para aumentar as possibilidades de um currículo chamar atenção e mostram uma tendência em alta: os currículos em formato de vídeo.

O diretor de recursos humanos da Page Personnel, Jean-Philippe da Tour du Pin, acha que um currículo filmado nunca deveria substituir o tradicional.

"Também não convém utilizar uma 'selfie' na foto de apresentação", diz.

Enquanto isso, a página de Ruel continua crescendo e pretende criar uma versão em inglês e outra em espanhol. "A imaginação não tem limites",afirma.