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Restaurante paga quatro pizzas a ex-funcionária como parte de indenização

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Imagem: Divulgação

Carlos Eduardo Cherem

Do UOL, em Belo Horizonte

19/12/2014 11h59Atualizada em 19/12/2014 14h45

O pedido de indenização de R$ 29 mil, feito pela ajudante de pizzaiolo Ana Cristina Moraes de Andrade junto à Justiça do Trabalho de Governador Valadares (MG), terminou em pizza.

Literalmente, neste caso, já que parte do pagamento será em quatro pizzas grandes, com oito pedaços e preço em torno de R$ 50. Ela também vai receber R$ 1.000, em dez prestações semanais de R$ 100.

A ex-empregada trabalhou na Pizzaria Brother’s, sexta-feira e sábado à noite, entre agosto e outubro deste ano, recebendo R$ 50 por dia. Ela processou o estabelecimento por ter trabalhado sem carteira assinada.

Os advogados das duas partes envolvidas gostaram do acordo feito na terça-feira do semana passada (9), na 2ª Vara do Trabalho de Governador Valadares.

Segundo o advogado da ajudante de pizzaiolo, apesar da falta de registro do emprego, a juíza do caso entendeu que o valor pedido inicialmente, de R$ 29 mil, era muito alto.

“Minha cliente ficou satisfeita. O dono da pizzaria ficou satisfeito. Eu estou satisfeito. Está todo mundo satisfeito. Foi um bom acordo”, disse Mac Millan Nikita Amorin, advogado da ex-funcionária.

“O pedido (de R$ 29 mil) de indenização estava meio exagerado, não é? Ela trabalhou pouco mais de dois meses lá. Mas ficou tudo acertado, sem problemas”, diz Aloísio Batista Gusmão, advogado da Pizzaria Brother’s.

“Foi tudo feito de forma muito tranquila. Oferecemos inicialmente 20 pizzas, mas ela (a ex-empregada) até brincou e disse que não queria receber tudo em pizza porque estava meio gordinha. Aí tivemos de pagar em espécie”, afirma o defensor da pizzaria.

Pagar indenização com animais e produtos não é incomum

O proprietário da Pizzaria Brother’s, Arbi Hastenreiter, assustou-se com a repercussão do caso. “Não sei por que teve essa repercussão toda. Por que boi pode e pizza não? É o meu produto, é o que tenho”, afirma o empresário.

Segundo Hastenreiter, ele pagou no último fim de semana a primeira prestação semanal de R$ 100 à ex-empregada, que ainda foi ao estabelecimento para buscar parte das pizzas. “Ela já pegou duas pizzas grandes, metade a que tem direito”, diz.

Os advogados que trabalharam no caso são unânimes em afirmar que o pagamento de pendências trabalhistas com produtos, sobretudo animais, é muito comum na região.

“Já tive muitos clientes que receberem bois, vacas ou galinhas em reclamações trabalhistas. O que um pequeno proprietário rural vai fazer? Ele paga com o produto que tem. No comércio é a mesma coisa. Clientes meus já receberam cadeiras, mesas e sofás”, diz Gusmão, que atua nas varas trabalhistas de Governador Valadares há 25 anos.

O advogado da ex-empregada concorda. “Isso é muito comum. Muito mesmo. Toda hora faço acordos com o pagamento em bois e vacas”, afirma Amorin, que há oito anos atua na área trabalhista do município mineiro.