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Polícia prende grupo suspeito de fraudar concursos no interior de São Paulo

Eduardo Schiavoni

Do UOL, em Americana

17/06/2015 18h31Atualizada em 17/06/2015 18h33

A Polícia Civil prendeu ontem (16), de forma preventiva, 16 pessoas suspeitas de fraudar mais de 30 licitações e cinco concursos públicos de prefeituras e Câmaras Municipais nas regiões de Ribeirão Preto e São José do Rio Preto, no interior de São Paulo. Entre os presos estão secretários municipais e vereadores, e há ainda quatro pessoas sendo procuradas.

O grupo destinava vagas a pessoas que mantinham relações com políticos, segundo o Ministério Público. No total, o esquema de corrupção é suspeito de pagar pelo menos R$ 2 milhões em propina para autoridades somente em 2014 e 2015.

"Foram presos sete empresários, que representavam empresas que realizavam as provas, além de três vereadores, três secretários municipais e sete servidores públicos", disse o diretor do Deinter (Departamento de Polícia Judiciária) de Ribeirão Preto, João Osinski Junior. Foram quatro meses de investigação.

Os investigados tiveram os bens bloqueados e as denúncias contra os suspeitos devem ser apresentadas à Justiça em dez dias.

Eles poderão responder pelos crimes de organização criminosa, fraudes em licitações, fraudes em certames públicos, falsificação de documentos, falsidade ideológica, corrupção ativa e passiva. As penas podem alcançar de 10 a 36 anos de prisão.

De acordo com o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), braço do Ministério Público responsável pela operação QI (de "quem indica", referência a vagas públicas preenchidas por indicação), foram executados 55 mandados de busca e apreensão em 20 cidades da região de Ribeirão Preto e em 11 cidades da região de São José do Rio Preto.

Empresas teriam recebido mais de R$ 2 milhões em dois anos

O grupo criminoso era liderado por Marlene Galiaso (PV), empresária e vereadora de Pradópolis (SP), de acordo com o Gaeco. Ela teria usado a empresa Gerencial Assessoria, sediada em Ribeirão Preto, para participar de licitações fraudulentas para a realização de concursos públicos ou prestar serviços de assessoria a prefeituras e Câmaras.

Segundo o Gaeco, um grupo de empresas indicadas por Marlene participava da licitação, mas elas já tinham combinado entre si quem iria ganhar --havia uma espécie de "rodízio", para evitar suspeitas. A ganhadora repassava até um terço do dinheiro recebido para os agentes públicos e, quando havia concursos, aprovava pessoas previamente indicadas.

O UOL tentou entrar em contato com o advogado de Marlene, mas não conseguiu falar com o profissional até a publicação desta reportagem. 

Fraudes teriam atingido dezenas de cidadas

Foram identificadas fraudes nos concursos feitos pela Câmara de Mineiros do Tietê e de Santa Ernestina, e das prefeituras de Jaboticabal e Ipuã, segundo o promotor do Gaeco, Marcel Bombardi.

As empresas também foram contratadas de forma fraudulenta por outras 15 cidades. A operação investiga, ainda, seleções em outros dez municípios.  

As Câmaras de Mineiros do Tietê e Santa Ernestina, bem como as prefeituras de Jaboticabal e Ipuã informaram que devem cancelar os concursos se a fraude for confirmada.

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