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Pode discutir política no trabalho? Veja cuidados para não afetar o emprego

Antonio Scorza/Agência O Globo
Imagem: Antonio Scorza/Agência O Globo

Do UOL, em São Paulo

15/03/2016 06h00

Governo ou oposição. Petralha ou coxinha. Impeachment ou golpe. As polêmicas no campo político têm dividido os debates (e a população brasileira em geral). Isso foi agravado nas últimas semanas, com a condução coercitiva do ex-presidente Lula pela Polícia Federal, o pedido de prisão dele e as manifestações do último domingo (13).

Mas será que essas discussões podem ir para o ambiente de trabalho?

Para Silmara Santos Adad, supervisora do curso de Etiqueta e Comportamento Corporativo do Centro Europeu, escola com cursos profissionalizantes, não há problema em falar sobre política no trabalho. "É um assunto inevitável. Afeta a vida de cada um de nós. Tudo pode ser abordado, dependendo da forma", afirma.

A consultora de comportamento organizacional Lícia Egger concorda. "Eu acredito que neste momento não podemos desestimular pessoas a se colocarem. Estamos aprendendo o exercício político. É importante que não tenham medo de falar, mas saibam se colocar com maturidade, educação e respeito ao outro", diz.

Paixão pode cegar

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Imagem: Getty Images

As especialistas defendem que o mais importante é manter o respeito e a educação à opinião dos outros. Caso contrário, isso pode prejudicar sua imagem no ambiente de trabalho.

"A parte comportamental respinga na profissional. Passa uma imagem radical, de que não sabe dialogar, não respeita a opinião do outro", afirma Silmara Adad.

"As pessoas muito passionais, muito apaixonadas, têm tendência a serem vistas dessa forma, que não têm meio-termo, não têm tranquilidade. A paixão pode levar ao pecado de cegar o olhar", diz Lícia Egger.

Fale só na hora certa 

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Imagem: Thinkstock

Além da forma, antes de se posicionar sobre um assunto político é preciso saber se o ambiente permite isso. "A manifestação é direito de todos, o que precisa é ter senso de oportunidade, perceber o que é próprio do momento", diz Lícia Egger.

Ela afirma que é preciso ter atenção ao ambiente, principalmente em um lugar onde as opiniões são diferentes da sua. "Sempre que alguém opina de maneira contrária, a tendência é o outro não gostar", diz. Ela compara com uma discussão sobre futebol. Cada um tem o seu time, e é inútil tentar convencer o outro a mudar.

"Se seu chefe tem opinião totalmente diferente da sua, pode ser melhor ficar quietinho", diz Adad. "Às vezes não precisa falar, perceba o ambiente. Por que vou levantar uma bandeira, colocar o holofote em mim?"

Não fuja de perguntas

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Imagem: Thinkstock

Da mesma maneira que colocar sua posição de forma desrespeitosa ou intransigente pode queimá-lo profissionalmente, não ter opinião alguma também é ruim, dizem as especialistas. Se um chefe ou colega perguntar o que acha do momento político, é preciso falar alguma coisa.

"Pega muito mal um adulto, profissional, que não sabe o que está acontecendo, não tem opinião formada. É um risco", afirma Lícia Egger. "Em determinadas ocasiões, é até melhor se colocar de maneira contrária, mas com lucidez, explicar. Ficar fora do jogo não é boa medida."

Segundo a consultora, uma forma de responder é falar sempre o que considera melhor para o bem do povo, do país. "Quando a pessoa se coloca desse jeito, tem uma possibilidade maior de ser bem vista, ser vista como uma pessoa que pensa no bem (de todos)."

Cuidado com demissão

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Imagem: Thinkstock

Não custa lembrar, mas ter calma durante as discussões não é apenas uma questão de preservar a boa imagem profissional, mas também de manter o emprego, principalmente em casos extremos. Agressões físicas ou verbais a colegas de trabalho podem levar à demissão por justa causa.
 

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