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Com coronavírus, país perde 1,1 mi de vagas com carteira em março e abril

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Imagem: Divulgação

Do UOL, em São Paulo

27/05/2020 11h08Atualizada em 27/05/2020 12h25

Com meses de atraso, o governo divulgou hoje os primeiros dados sobre emprego com carteira assinada em 2020. O país perdeu um número recorde de 763.232 vagas de janeiro a abril, o pior desempenho para o período desde o início da série histórica, em 2010.

O emprego foi fortemente afetado pela crise do coronavírus, que provocou a paralisação de diversos setores da economia no país. Em janeiro e fevereiro, foram criados 337.973 vagas. Os impactos da pandemia começaram em março e se estenderam por todo o mês de abril. Como resultado, a perda de vagas só nesses dois meses passou de 1,1 milhão. Só em abril, foram cortadas 860.503 vagas.

Os números do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) representam o saldo, ou seja, a diferença entre contratações e demissões.

Em nota, o Ministério da Economia afirmou que o resultado teria sido ainda mais grave sem o programa do governo de pagamento de benefícios para os que têm jornada de trabalho reduzida ou contrato suspenso. A estimativa do ministério é que foram preservados 8,1 milhões de empregos por meio da iniciativa.

Desse número, 4,4 milhões de trabalhadores tiveram o contrato suspenso.

Mais afetado, comércio perdeu 342,8 mil vagas

O setor mais atingido pela crise foi o comércio, com fechamento de 342.748 postos de janeiro a abril. Aparecem em seguida o setor de serviços (-280.716), indústria (-127.886) e construção civil (-21.837). A agricultura, por outro lado, viu abertura de 10.032 postos no acumulado do ano.

Contratações despencam em abril

O saldo negativo no ano teve grande influência das demissões em março e da queda nas contratações em abril, meses em que boa parte das cidades estava com comércios e serviços não essenciais fechados.

Em março, foram 1.386.126 contratações contra 1.626.828 demissões (saldo de -240.702). Em abril, foram 598.596 admissões e 1.459.099 desligamentos (860.503 vagas fechadas).

Em janeiro e fevereiro, as contratações superaram as demissões no país. Veja abaixo o saldo do emprego formal em cada mês de 2020:

  • Janeiro: +113.155 vagas
  • Fevereiro: +224.818 vagas criadas
  • Março: -240.702 vagas
  • Abril: -860.503 vagas

Mudança no sistema

Os dados do Caged, que normalmente são divulgados mensalmente, estavam atrasados por causa de uma mudança no sistema de preenchimento de dados sobre os funcionários pelas empresas.

Além disso, no final de março, o Ministério da Economia afirmou que o cenário de pandemia vinha dificultando ainda mais o preenchimento do sistema.

IBGE faz pesquisa diferente

Os dados do Caged consideram apenas os empregos com carteira assinada. Existem outros números sobre desemprego apresentados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que são mais amplos, pois levam em conta todos os trabalhadores, com e sem carteira.

A última Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua registrou que o Brasil tinha, em média, 12,9 milhões de desempregados ao final do primeiro trimestre do ano.

(Com Reuters)