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Pretos e pardos ganham 58% da renda de brancos, segundo IBGE

Felipe de Souza

Colaboração para o UOL, em Campinas (SP)

03/12/2021 10h00

Um abismo salarial continua separando pretos e pardos dos brancos no Brasil. Segundo um levantamento feito pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgado nesta sexta-feira (3), a média de ganhos de pretos e pardos equivale a 57,7% da renda de brancos. Os dados foram levantados com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), entre 2012 e 2020.

Segundo a Síntese de Indicadores Sociais (SIS), o rendimento médio mensal real (já considerando a inflação) não chega nem perto de R$ 2.000 para pretos ou pardos, enquanto para brancos passa de R$ 3.000.

Veja os dados de renda:

2012

  • Pretos ou pardos: R$ 1.609
  • Brancos: R$ 2.795

2019

  • Pretos ou pardos: R$ 1.712
  • Brancos: R$ 2.957

2020

  • Pretos ou pardos: R$ 1.764
  • Brancos: R$ 3.056

Em oito anos, a diferença caiu apenas 0,15 ponto percentual. Os pesquisadores do IBGE aprofundaram essa questão e levantaram também o rendimento-hora dos trabalhadores.

Qualquer que seja o grau de instrução (ensino fundamental, médio, superior incompleto ou completo), os brancos recebem mais que os pretos e pardos. No caso daqueles que concluíram faculdade, os brancos ganham 44% a mais.

Mais desemprego para pretos e pardos

Além disso, a taxa de desocupação da população preta ou parda foi maior do que a da população branca, "revelando mais uma desigualdade estrutural do mercado de trabalho brasileiro", segundo o estudo.

Em 2020, eram 15,9% pretos ou pardos desempregados, contra 11,1% brancos.

Há mais pobres e extremamente pobres

O levantamento aponta que os valores utilizados na linha de pobreza e extrema pobreza estão desatualizados no país. A política de valorização do salário mínimo desde os anos 2000 e a falta de um mecanismo que fizesse a atualização disso fazem com que o país tenha mais pobres e extremamente pobres do que realmente diz ter.

Segundo o levantamento feito pelo IBGE, se fosse analisada apenas a linha de corte do Bolsa Família (R$ 178 per capita mensais para a pobreza), seriam 13,6 milhões de pobres. Porém, se for considerada a média do Banco Mundial, que daria R$ 262 per capita mensais, seriam 22,3 milhões de pobres.

Na pobreza extrema, a situação é parecida. Com o limite determinado pelo Bolsa Família (R$ 89 per capita mensais), são 7,3 milhões de extremamente pobres. Pelo índice do Banco Mundial (R$ 155 per capita mensais), seriam 12 milhões de pessoas extremamente pobres.