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Veja as maiores perdas e ganhos da Bolsa no ano, e as apostas para 2013

Epaminondas Neto

Do UOL, em São Paulo

27/12/2012 06h00

Muita gente já se frustrou com aplicações na Bolsa de Valores por comprar e vender ações no momento errado. Acertar as ocasiões corretas é muito difícil e, por esse motivo, especialistas recomendam esse tipo de investimento como aplicação de longo prazo.

Em um período mais extenso, é possível que os preços das ações compradas, após uma eventual queda, possam voltar a níveis mais favoráveis para o bolso do poupador.

A pedido da reportagem do UOL, a consultoria Economática levantou o desempenho das ações mais negociadas neste ano, e que compõem o famoso índice Ibovespa, sempre destacado na imprensa quando se trata de dizer se a Bolsa caiu ou subiu. O cálculo está atualizado até a sessão de negócios do dia 19.

O levantamento da Economática mostra um retrato de "dois mundos" no universo da Bolsa de Valores brasileira: algumas ações praticamente dobraram de preço, enquanto outras perderam mais da metade do valor ao longo deste ano.

O preço projetado constante nas tabelas abaixo é o conhecido "preço-alvo" na linguagem dos especialistas. Trata-se de uma estimativa baseada nos resultados anteriores das empresas e deve ser considerado com bastante prudência pelos investidores.

Essas projeções de preço são revisadas regularmente pelos especialistas, pelo menos uma ou duas vezes por ano, ou de acordo com mudanças na situação econômica do país e da empresa em questão. Também deve se lembrar que são estimativas considerando um horizonte de 12 meses, não menos.

Os maiores ganhos da Bovespa no ano

Veja as ações que mais valorizaram no ano

AçãoVariação em 2012Preço atual da açãoPreço projetado
B2W ON98%R$ 17,82R$ 16
Hypermarcas ON92,35%R$ 16,35R$ 16,65
Duratex ON71,85%R$ 14,91R$ 19,74
Sabesp ON70,75%R$ 85,35Não disponível
Lojas Renner ON70,56%R$ 80R$ 80\R$ 73,14
Lojas Americanas PN65,37%R$ 18,38R$ 21\R$ 15,97
Natura ON64,70%R$ 57,15R$ 57,65
Fibria ON62,94%R$ 22,60R$ 22,50\R$ 18,80
CCR ON58,69%R$ 18,75R$ 24
Cosan ON58,57%R$ 41,96R$ 47,80\R$ 34,17

No grupo das ações que subiram com força estão papéis muito recomendados por especialistas do setor financeiro. São, basicamente, papéis pertencentes a empresas que baseiam seus ganhos no consumo doméstico: grandes cadeias de lojas, fabricantes de bens de consumo, e empresas ligadas aos setores de transporte e infra-estrutura.

Como a economia mundial piorou muito nos últimos anos, as empresas que faturam vendendo para "dentro" apresentavam perspectivas melhores do que as companhias que faturam vendendo para o exterior. Enquanto no Brasil a taxa de desemprego cai e a renda do trabalhador cresce, os países europeus travam lutas inglórias para sair da recessão e a recuperação dos EUA patina.

Também chama a atenção o fato de essas ações muito valorizadas serem de empresas que atuam em setores com pouca ou nenhuma intervenção do governo, pelo menos no período recente. Alguns analistas de bancos e de consultorias de investimentos aconselharam aos investidores que se afastem de empresas que atuem nos setores com alguma exposição ao "risco governo".

As maiores perdas da Bolsa em 2012

Veja as ações que mais desvalorizam no ano

AçãoVariação em 2012Preço atualPreço projetado
OGX ON-68,72%R$ 4,26R$ 9,50\ R$ 8,89
Eletrobrás ON-60,63%R$ 6,45Não disponível
Eletrobrás PNB-59,42%R$ 10,01R$ 9,47\ R$ 8,77
Eletropaulo PN-58,29%R$ 13,65R$ 16,86 \ R$ 15,30
Trans. Paulista PN-45,26%R$ 29,95Não disponível
PDG ON-42,60%R$ 3,27R$ 4,85 \ R$ 3,80
Cesp PNB-42,05%R$ 18,35R$ 21,83
Rossi ON-37,23%R$ 4,37R$ 7,45 \ R$ 4,30
MMX ON-34,45%R$ 4,36R$ 5,22
LLX ON-34,42%R$ 2,21Não disponível

Dentre as maiores perdas do ano, por ironia, também há ações que já foram muito recomendadas por especialistas de corretoras de valores (responsáveis pela negociação de ações na Bolsa): os papéis de empresas do setor elétrico.

A intervenção do governo para reduzir as tarifas de energia provocou uma reviravolta na opinião dos investidores sobre as perspectivas para essas empresas. Muitos acreditam que o risco de investir nesses papéis aumentou, e que as condições exigidas pelo governo são bastante desfavoráveis para as companhias.

Quando essa opinião fica mais pessimista, as ações das empresas sofrem. Não surpreende, portanto, que esses papéis registrem alguns dos piores desempenhos deste ano.

Cenário menos sombrio para incorporadoras e imobiliárias em 2013

As perspectivas para essas companhias elétricas continuam pouco favoráveis para o ano que vem, como revelam relatórios preparados por especialistas nas últimas semanas. Mas no caso de outras ações que também tiveram desempenhos muito ruins neste ano, o horizonte parece ser menos sombrio.

As empresas do setor imobiliário são um exemplo. A opinião dos especialistas sobre as perspectivas para incorporadores e imobiliárias já variou da euforia ao desânimo nos últimos anos.

Primeiro, houve entusiasmo quando muitas companhias investiram na venda de residências para as classes de baixa renda, junto com o forte aumento dos preços dos imóveis. Mas logo a realidade bateu à porta, e os ganhos de muitas companhias foram espremidos por altos custos.

A área de análise da XP Investimentos ainda mantém as ações da PDG entre as suas sugestões para os clientes, mas com reservas. A recomendação é manter, mas não comprar mais.

Os especialistas da XP avaliam que a PDG, e também a Brookfield, podem corrigir parte dos seus problemas ao longo de 2013, chegando em melhor forma para 2014. A PDG, por exemplo, já avisou ao mercado que vai focar em imóveis de média e alta renda e na região Sudeste.

Mas não há tanta clareza no mercado sobre a trajetória da Rossi Residencial.

Mercado continua desconfiado das elétricas

As empresas do setor elétrico, com algumas poucas exceções, continuam sob o olhar desconfiado do mercado. Em relatório recente, a corretora Planner desaconselhou a compra de ações da Eletropaulo, lembrando que uma recente decisão judicial determinou o pagamento de um valor superior a R$ 1 bilhão por essa companhia à Eletrobrás, a respeito de uma operação financeira datada de 1986.

A Eletrobrás é outro caso complicado. No início de dezembro, a agência Fitch Ratings piorou sua avaliação sobre as condições financeiras dessa empresa, após a decisão da estatal de renovar suas concessões de acordo com as novas exigências do governo. Para a Fitch, em um opinião reforçada por outros especialistas, as receitas da Eletrobrás devem sofrer nos próximos anos.

A Cesp também enfrenta um cenário complexo. Como não aceitou os termos para a renovação de suas concessões, vai perder três usinas (que representam 70% de sua produção) a partir de 2015. A empresa também discorda das indenizações previstas pelo governo (R$ 1,8 bilhões), apontando um valor maisde  três vezes superior.

OGX, de Eike Batista, é aposta para o futuro

A petrolífera OGX é vista por especialistas como uma aposta para o futuro. Mesmo os especialistas com uma visão otimista sobre essa empresa antecipam que a petrolífera deve apresentar receita e lucros significativos somente a partir de 2014, e que, no curto prazo, os preços dos papéis dessa empresa devem ter problemas para crescer.

Com dois anos de fortes quedas nas suas ações, a empresa enfrenta a descrença dos investidores, o que pode piorar se a OGX não cumprir suas metas de produção e de instalação de plataformas.