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Veja aplicações para proteger seu dinheiro contra a inflação

Epaminondas Neto

Do UOL, em São Paulo

02/01/2013 06h00

A taxa básica de juros (Selic) serve de "guia" para os principais fundos de investimentos oferecidos em bancos.

Os fundos DI ficam menos atraentes quando essa taxa cai, enquanto os fundos de Renda Fixa se tornam mais vantajosos, e vice-versa.

Mas o investidor pode optar por "perseguir" a taxa de inflação, em vez de se guiar pela taxa básica de juros. Veja as aplicações financeiras voltadas para esse objetivo.

Veja os investimentos que podem proteger contra a inflação

Aplicação financeiraVantagensDesvantagens
Tesouro Direto: NTN-BsAs taxas de serviço cobradas tendem a ser baixasO rendimento pode variar de forma brusca
Fundos de inflaçãoO banco escolhe a melhor forma de aplicar o dinheiro pelo investidorAs taxas de serviços podem ser bem altas
CDBs-IPCAO Imposto de Renda somente é cobrado no saque do dinheiro aplicadoA oferta desse produto é bastante restrita
Fundos ImobiliáriosO investidor aplica em um bem real, com aluguel corrigido pela inflaçãoAtrasos no pagamento do aluguel derrubam o rendimento da aplicação

1) Tesouro Direto - NTN-B

Uma solução muito citada por especialistas do setor financeiro é a compra de um título da dívida pública denominado NTN-B, por meio do programa federal Tesouro Direto. Essa operação deve ser feita por meio de uma corretora de valores, mas não é complicada: está acessível por meio de qualquer grande banco.

A NTN-B é um "pedaço" da dívida pública, vendido pelo Tesouro Nacional. Esse título garante que o dinheiro aplicado vai ser corrigido pela inflação (no caso, o índice de preços usado é o IPCA) mais uma taxa de juros, que varia conforme o prazo de validade do papel; quanto maior a data de validade, maior tende a ser o ganho oferecido além da inflação.

No final de dezembro, as opções à disposição do investidor eram títulos a vencer nos anos de 2015, 2017, 2020, 2024, 2035, 2045 e 2050. Para reaver o dinheiro aplicado, o investidor deve revender o papel para o Tesouro Nacional (essa operação de "recompra" pelo Tesouro somente ocorre uma vez por semana, nas quartas-feiras).

Os recursos pagam imposto à Receita Federal somente no resgate.

Esses preços podem variar muito diariamente: quanto maior a data de validade, maior pode ser a variação dos preços do título. Se o investidor quiser sacar o dinheiro antes do prazo do vencimento, pode ser forçado a vender o papel a preços não tão vantajosos, de maneira similar ao que ocorre no mercado de ações.

"Esse título pode ter perdas se as expectativas de inflação caírem muito, ou se por outro lado, as taxas de juros subirem", diz Ulisses Nehmi, sócio-diretor da Sparta Investimentos.

Se o investidor não quiser se preocupar com essas ressalvas, pode pagar os bancos para ter esse trabalho.

2) Fundos de inflação

Há toda uma "família" de fundos de investimentos que justamente têm como objetivo "perseguir" a inflação. O nome técnico para esse tipo de aplicação é "Fundo de Renda Fixa Índices". Esses fundos aplicam o dinheiro do investidor preferencialmente em NTN-Bs, embora não somente nesse papel.

Como os demais produtos desse tipo, há a cobrança de Imposto de Renda (descontado a cada seis meses) e de taxas de administração, que podem ser inferiores a 1% ou superiores a 3% ao ano.

O investidor tem liquidez diária (pode sacar o dinheiro em qualquer dia útil) e não precisa se preocupar (muito) com a variação dos preços dos títulos. O trabalho dos gestores é justamente montar uma "cesta" desses papéis de modo a suavizar o vaivém dos valores. Na prática, o que o poupador vai ver é um rendimento menos instável.

"Essa variação depende de cada fundo. Se o investidor comprar uma NTN-B de prazo mais curto, a variação pode ser muito menor que um fundo, por exemplo, em que o gestor [o responsável pela administração do fundo] optou por um aplicar em  vários NTN-Bs de prazo mais longo", afirma Eduardo Moreira, sócio-diretor da gestora de investimentos Brasil Plural.

Em 2012, esses fundos "de inflação" renderam quase 20% até novembro, conforme acompanhamento da Anbima (associação que reúne os principais bancos que comercializam fundos de investimentos), superando o ganho de muitos fundos do tipo DI ou de Renda Fixa. Mas não há garantias de que repitam esse desempenho em 2013.

"É muito, muito pouco provável que esses fundos rendam desse mesmo jeito em 2013. Para que isso acontecesse, seria preciso que a inflação realmente saísse do controle, por exemplo, ficando acima de 7%, ou que as taxas de juros recuassem bastante, caindo para 4%, em outro exemplo. Esses não são os cenários mais prováveis para o mercado hoje", diz Ulisses Nehmi, da Sparta Investimentos.

"Os preços das NTN-Bs já ficaram menos interessantes, mas acho que alguns desses fundos ainda podem ter um rendimento atrativo no ano que vem", afirma Eduardo Moreira, da Brasil Plural.

A Anbima tem uma ferramenta online que ajuda o investidor a escolher o fundo mais adequado para o seu bolso. O UOL tem um simulador semelhante.

3) CDBs 'de inflação'

Outra aplicação disponível para o investidor são os CDBs (Cédula de Depósito Bancário) ou RDBs (Recibos de Depósito Bancário) voltados para "perseguir" a inflação e oferecer algum ganho a mais. Também nesse caso, o índice de preços usado como referência é o IPCA.

Por enquanto, os grandes bancos não têm uma boa oferta desses produtos para os investidores. Boa parte dos CDBs oferecidos é pré-fixado (quando o investidor sabe de antemão quanto vai ganhar) ou pós-fixado do tipo DI (quando o objetivo da aplicação é perseguir a taxa básica de juros).

A ofertas desses "CDBs de inflação" está restrita a bancos de pequeno ou médio porte, a exemplo do banco Ficsa. Pelo site CDB Direto, ele oferece um RDB que paga o IPCA mais uma taxa de 2,3% ao ano caso o poupador mantenha o dinheiro aplicado por dois anos. Essa taxa sobe para 3,5% por um prazo de cinco anos.

Como os CDBs, o RDB também paga Imposto de Renda (no resgate ou no vencimento da aplicação) e é garantido pelo FGC (Fundo Garantidor de Crédito) até o limite de R$ 70 mil por CPF. O resgate, porém, é mais complicado: o banco somente paga o rendimento prometido caso o investidor deixe o dinheiro aplicado pelo prazo estabelecido.

"Notamos que tem muito investidor que está decepcionado com o rendimento da poupança e que está migrando para esses produtos", diz Valmir Duarte, consultor  do site CDB Direto, do banco Ficsa.

4) Fundos imobiliários

Como forma de proteger o patrimônio contra a inflação, Eduardo Moreira sugere ainda os fundos imobiliários. O dinheiro é aplicado num imóvel, que vai ser alugado. O rendimento, portanto, tende a ser corrigido pelo IGP-M (um dos índices de preços mais usados para o reajuste dos aluguéis). Entre os vários riscos dessa aplicação está o possível atraso nos pagamentos.