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Expectativas para as ações da Petrobras pioraram nos últimos anos

Epaminondas Neto

Do UOL, em São Paulo

28/01/2013 06h00

Os preços das ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) perderam gás nos últimos anos, fazendo reduzir as expectativas do mercado sobre os papéis de uma das maiores empresas do país e da América Latina.

Entre janeiro de 2008 e o início deste ano, o preço da ação preferencial (que dá prioridade ao investidor no pagamento dos lucros da empresa) caiu do patamar de R$ 35 para pouco mais de R$ 19: um tombo de 45,7%.

Nessa mesma época, a inflação acumulada foi de 31,8%, enquanto a poupança proporcionou um ganho de 40%.

Os especialistas se ajustaram à realidade e também revisaram suas projeções para os valores desse papel ao longo desse período.

Em 2008, havia a expectativa de que a ação atingiria a casa dos R$ 55 no final daquele ano. Em 2010, a média das projeções feitas no mercado recuou: havia um consenso de que a ação, na verdade, deveria estar cotada em torno de R$ 47.

Já em 2013, os relatórios mais recentes distribuídos por corretoras de valores (responsáveis pela negociação de ações na Bolsa) indicam que, em tese, a ação deveria ser negociada na faixa dos R$ 26 e R$ 27 até dezembro, ante o preço atual de R$ 19,60.

O retrospecto dos últimos anos não impede que os papéis da petrolífera permaneçam na lista de recomendações distribuídas por muitas corretoras de valores a seus clientes.

A vitória da esperança sobre a experiência

O que aconteceu nesse meio tempo, além da maior crise econômica mundial em quase um século? A capitalização da Petrobras, mal vista pelo mercado porque, entre outros motivos, aumentou o poder do governo na empresa. O governo injetou dinheiro e elevou sua participação.

E para 2013, quais as expectativas? Os “otimistas” a respeito da empresa citam três premissas: a) melhoras na gestão da estatal, após a troca na presidência da estatal; b) a venda de algumas operações da petrolífera, de modo a viabilizar os investimentos previstos para os próximos anos; c) o aumento dos preços dos combustíveis, provavelmente ainda neste semestre.

Como pano de fundo, as reservas gigantescas do pré-sal, com a perspectiva dos primeiros leilões para explorar essas riquezas ainda neste ano.

“Eu mantenho uma recomendação formal de compra, mas tendo em vista um horizonte dilatado de tempo. A questão é que as ações da Petrobras estão muito baratas, principalmente na comparação com as outras empresas petrolíferas [no mercado internacional]”, diz Roberto Altenhofen, analista da Empiricus Research para o setor de petroquímica.

Os especialistas observam a relação entre o preço da ação e o patrimônio da empresa para verificar quando um papel está barato ou caro. No caso da Petrobras, se alguém se dispusesse a comprar todas as ações da estatal, neste momento, pagaria menos do que o valor estimado para as riquezas da companhia.

“Por esse critério, as ações estão baratas, mas isso pode ser questionado. Pela minha visão, o preço do papel merece um pouco desse desconto [a diferença entre o preço do papel e o valor do patrimônio dividido pelo número de ações]”, acrescenta o analista, lembrando os problemas de gestão da empresa.

Uma visão menos positiva

Os analistas que já deixaram de recomendar o papel têm uma visão bem menos positiva. Embora reconheçam o potencial de longo prazo da companhia, os problemas de curto prazo se impõem.

Para começar, o risco de o reajuste dos combustíveis ficar abaixo do necessário para melhorar o caixa da empresa; em segundo lugar, o aumento da necessidade de importações, devido à demanda solicitada pelas usinas térmicas.