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Quer sair da poupança? Conheça os principais erros a evitar

Epaminondas Neto

Do UOL, em São Paulo

07/03/2013 06h00

“A poupança é boa para investidores menos sofisticados, pequenos valores e reservas para imprevistos”, diz o consultor de finanças pessoais do Itaú, Jurandir Macedo.

CONHEÇA 6 ERROS AO SAIR DA POUPANÇA
Ignorar que renda fixa não é renda "estável": mesmo produtos de risco baixo, como fundos DI, podem ter meses desfavoráveis
Buscar produtos fáceis de sacar como a poupança: o rende é melhor quando a dinheiro fica mais tempo aplicado
Não diversificar: especialistas recomendam misturar produtos prefixados (como CDBs-pré) com pós-fixados (como fundos DI)
Não prestar atenção aos custos: taxas de administração e Imposto de Renda podem reduzir  o rendimento de alguns produtos
Escolher investimentos pelos ganhos passados: uma aplicação que teve um bom ano não necessariamente vai repetir o desempenho
Não monitorar o desempenho das aplicações: especialistas sugerem que o poupador reavalie seus investimentos a cada três meses

A definição sintetiza a opinião de muitos especialistas sobre a aplicação financeira mais popular do país, que sofreu mudanças drásticas desde o ano passado.

A alteração nas regras ligou o rendimento da poupança à variação da taxa básica de juros do país, usada pelo governo para combater a inflação e regular o crescimento econômico.

Sob essas novas regras, o ganho da poupança perdeu muito de seu apelo. Hoje, o rendimento mensal é de 0,4%, muitas vezes abaixo da inflação do período, que vem batendo 0,5% (ou mais) a cada mês desde o ano passado.

Mas essa alteração somente vale para depósitos feitos a partir de 4 de maio de 2012. Depósitos feitos antes dessa data ainda rendem pela regra antiga, que garante um ganho em torno de 0,5% ao mês e acima de 6% em 12 meses.

Por esse motivo, especialistas insistem que o dinheiro guardado na poupança “antiga” deve ser retirado só em último caso.

“Somente em caso de vida ou morte”, afirma Luiz Jurandir Simões, professor de Finanças da Universidade Metodista de São Paulo.

O jogo muda no caso da poupança “nova”. Mas o investidor interessado em transferir uma parcela dos recursos para aplicações que podem render melhor precisa tomar alguns cuidados para não se frustrar.

A renda fixa não é fixa

Quem guarda seu dinheiro na poupança possui, em tese, um perfil conservador de investimentos: provavelmente não deve tolerar perdas em suas aplicações.

É recomendável, portanto, que ao sair dessa aplicação ainda permaneça no universo dos produtos financeiros de risco baixo, como CDBs, os fundos de investimentos mais tradicionais (os fundos DI e de renda fixa) e os títulos do Tesouro Direto.

Usualmente, esses produtos são classificados nos bancos como aplicações de “renda fixa”. Mas essa expressão pode confundir os poupadores.

“Renda fixa não é uma expressão realmente muito adequada, porque passa a impressão que o rendimento vai ser o mesmo todo mês”, diz o consultor Jurandir Macedo.

O caso dos fundos DI é o exemplo mais simples para contestar esse equívoco. Esses fundos têm por objetivo perseguir o CDI (um juro de mercado, que segue de perto a taxa básica de juros do país). Caso essa taxa fique menor, a tendência desses produtos é entregar um rendimento menos interessante para o investidor. O contrário também é verdadeiro.

Portanto, esse produto de “renda fixa”, embora faça o dinheiro do investidor render regularmente, pode ter meses mais ou menos vantajosos, conforme as decisões do Banco Central (responsável pela taxa básica de juros).

O prazo dos depósitos importa

Diferentemente da poupança, produtos como os fundos de renda fixa ou CDBs fazem o dinheiro do investidor render todo dia. No caso da caderneta, o ganho é calculado uma vez por mês.

Mas essa característica não significa que o poupador não vai ter desvantagens ao sacar a qualquer momento o dinheiro depositado em um fundo.

Produtos de renda fixa sofrem o impacto do Imposto de Renda. A carga do IR é mais pesada quanto menor o prazo dos depósitos. Abaixo de seis meses, a parcela do Fisco sobre os ganhos é de 22,5%; acima de 2 anos, cai para 15%.

Não se esqueça dos custos

Fundos de investimento de renda fixa também possuem custos inexistentes na poupança, como taxas de administração. Essa taxa é maior se o investimento inicial exigido pelo banco for pequeno.

Investimentos de R$ 100, portanto, tendem a ser mais caros que um fundo com uma aplicação inicial mínima de R$ 10 mil.

CDBs não têm taxas de administração, mas o rendimento também depende do valor depositado. Quanto maior, melhor tende a ser o ganho oferecido pelo banco.

Diversificar é importante

Quando possível, é interessante que o poupador não coloque todo o seu dinheiro em apenas uma aplicação. Uma regra básica é misturar investimentos pós-fixados (como fundos DI) e prefixados (como CDBs prefixados). Dessa forma, pode se proteger contra os riscos da economia.

“A diversificação deveria ser aplicada para qualquer situação. Quem possui três apartamentos em um mesmo prédio pode ficar em uma situação complicada se esse prédio pegar fogo”, diz o especialista Luiz Jurandir Simões.

“Mas diversificar não é uma iniciativa trivial. O investidor não vai diversificar realmente se comprar um CDB prefixado no Itaú e outro CDB pré no Bradesco”, afirma.

Reavalie seus investimentos periodicamente

Hoje, é importante monitorar o ganho das aplicações contra a inflação. A previsão para o IPCA (a inflação oficial)  é de 5,7% neste ano e acima de 5% em 2014.

“Mas não adianta o investidor ficar monitorando todo o dia ou todo o mês a aplicação, para ver se bateu a inflação. Os índices de preços não têm uma trajetória linear todo o mês. É mais interessante fazer essas comparações a cada três meses, por exemplo”, diz Marcos Crivelaro, consultor de finanças pessoais e professor da paulista Fiap (Faculdade de Tecnologia da Informação).