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Com Bolsa em queda e dólar em alta, analistas dizem onde investir agora

Sophia Camargo

Do UOL, em São Paulo

28/06/2013 18h36

A Bovespa perdeu 22% no primeiro semestre, o pior resultado desde o ápice da crise global de 2008, quando despencou 42,25%. O dólar fechou o período com alta de quase 9%. A taxa de juros aumentou, mas não o suficiente para conter as perdas provocadas pela inflação.

Nem o ouro, tradicional porto seguro em épocas de crise, se salvou – caiu 21,92%. Esse foi o cenário do primeiro semestre de 2013 – nada bom para a maioria dos investidores.

Em junho, a queda da Bolsa se intensificou com a perspectiva de aumento da taxa de juros pelo Fed, o banco central norte-americano, depois de notícias de recuperação da economia norte-americana.

O aperto monetário na China e possíveis efeitos negativos no seu crescimento também trouxeram apreensão ao mercado. O cenário interno foi ainda mais grave em razão de problemas específicos: a ameaça de rebaixamento da nota de crédito do Brasil pela agência Standard & Poors; o aumento da curva de juros futuros; a piora da balança comercial e de pagamentos; as manifestações populares e a consequente redução de tarifas pelos governos, o que afetou empresas cotadas na Bolsa de Valores.

Como consequência, o real continuou a se desvalorizar e a Bolsa, a cair.

O governo aumentou a taxa Selic, a taxa de juros básica da economia, duas vezes seguidas neste semestre, para 8% ao ano, mas os investimentos em poupança e renda fixa ainda não conseguiram ganhar da inflação, que continuou alta.

Segundo dados coletados pelo administrador de investimentos Fábio Colombo, a estimativa do IPCA (inflação oficial) é de 3,21% no semestre. Enquanto isso, a poupança rendeu 2,56% e os fundos DI, 3,57% em média. Como os fundos pagam taxa de administração, esses investimentos, na sua maioria, perderam para a inflação.

Analistas sugerem em que setores investir seu dinheiro

Com essa situação, a orientação dos analistas é investir em fundo cambiais (atrelados ao dólar) e fundos ativos de ações, que não seguem o Ibovespa, mas procuram oportunidades no mercado.

O sócio da Bogari Capital, Érico Argolo, diz que várias empresas estão com seus preços muito abaixo do valor ideal, e que por isso é possível investir nestes papéis. "Há setores que caíram demais, como o bancário e o elétrico. Há boas oportunidades também no setor de varejo”, diz. “Meu conselho é ir comprando aos poucos, para ganhar lá na frente".

O administrador de investimentos Fábio Colombo também acha que há boas oportunidades na Bolsa, desde que o investidor vá comprando devagar.

E como a perspectiva para a economia ainda é indefinida, ele aconselha a diversificar os investimentos apostando em fundos cambiais atrelados ao dólar ou ao euro. "Esses fundos ficaram esquecidos, mas agora parece que é hora de voltar a eles."

Para Renato Breia, procurar títulos de renda fixa que paguem juros reais (já descontada a inflação), mais pelo menos 4% ao ano é interessante. "Esse mercado sofreu bastante, mas com a tendência de alta dos juros tende a melhorar", diz.

Investimentos em renda fixa ainda apanham da inflação

Segundo Colombo, os fundos de renda fixa e a poupança estão pouco atrativos para os investidores. "Quando se tira a taxa de administração e o Imposto de Renda, o rendimento está muito próximo do resultado da inflação ou até negativo. Os únicos papéis que foram um pouco melhores foram os títulos indexados à inflação, mas mesmo assim, não muito”, diz, referindo-se aos títulos indexados ao IPCA que tiveram rentabilidade de 4,9% no ano.

A Bolsa apanhou muito no primeiro semestre. Não se via uma queda tão grande desde a crise de 2008. Renato Breia, responsável pela área de fundos da Rico.com.vc, homebroker da Octo Investimentos, avalia que o mau desempenho deveu-se a uma conjunção de fatores negativos.

O principal foi o fato de o Ibovespa ser altamente dependente de empresas exportadoras e de commodities, que sofreram com a retração do crescimento chinês (como a Vale).

Interferências do governo também atrapalharam, no caso da Petrobras, setores elétrico e bancário. Agora, mais recentemente, também as manifestações populares aumentam o ambiente de insegurança.

"Esse ambiente de mudança de regra do jogo o tempo todo é complicado. Por isso o primeiro semestre para a Bolsa foi tão tenebroso."