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Especialistas dizem onde investir seu dinheiro a partir de R$ 5 mil

Sophia Camargo

Do UOL, em São Paulo

18/07/2013 06h00

O cenário não está simples para quem quer investir. A Bolsa teve o pior desempenho semestral desde 2008, a inflação preocupa, o dólar está subindo, a poupança e a renda fixa patinam com rendimentos pouco expressivos.

Para saber onde investir nesse momento, o UOL consultou três especialistas: o educador financeiro Mauro Calil, da Academia do Dinheiro; o professor de Finanças da Fiap e autor do livro "Como sair do vermelho e se tornar um investidor de sucesso" Cláudio Carvajal e professor da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV-EAESP) Wesley Mendes da Silva.

ONDE INVESTIR CONFORME O VALOR

ATÉ R$ 5.000 
CDBMauro Calil recomenda por ser garantido em até R$ 250 mil pelo Fundo Garantidor de Crédito, o que dá a mesma segurança da poupança. Mendes e Carvajal recomendam apenas de grandes bancos.
POUPANÇAMauro Calil e Cláudio Carvajal recomendam a aplicação por não ter incidência de Imposto de Renda ou taxa de administração e ser fácil de sacar. Wesley Mendes não recomenda por ter baixa rentabilidade
TÍTULOS DO TESOURO DIRETOTodos os consultores recomendaram por ter uma melhor rentabilidade que a poupança, apesar de sofrer incidência de Imposto de Renda. Calil e Carvajal recomendam os títulos pós-fixados. Mendes recomenda, além destes, a compra dos títulos indexados à inflação.
ATÉ R$ 50 MIL 
CDBMauro Calil recomenda por ser garantido em até R$ 250 mil pelo Fundo Garantidor de Crédito, o que dá a mesma segurança da poupança. Mendes e Carvajal recomendam apenas de grandes bancos.
FUNDOS CAMBIAISCom a alta do dólar, os fundos cambiais voltaram a apresentar uma maior atratividade. Mendes da Silva recomenda investir a partir desse montante.
FUNDOS MULTIMERCADOO patrimônio maior permite arriscar um pouco mais. Mendes da Silva e Cláudio Carvajal recomendam. Carvajal sugere investir 30% do patrimônio, se o investidor aceita riscos. Se não aceitar, 10% pelo menos. Esses fundos embutem mais riscos e costumam ir melhor em tempos de incerteza.
LETRAS DE CRÉDITO DO AGRONEGÓCIO (LCAs)Mauro Calil recomenda por ser uma espécie de "renda fixa turbinada". É garantida em até R$ 250 mil pelo Fundo Garantidor de Crédito. Isenta de IR.
LETRAS DE CRÉDITO IMOBILIÁRIO (LCIs)Mauro Calil recomenda por ser uma espécie de "renda fixa turbinada". É garantida em até R$ 250 mil pelo Fundo Garantidor de Crédito. Isenta de IR.
POUPANÇAMauro Calil e Cláudio Carvajal recomendam a aplicação por não ter incidência de Imposto de Renda ou taxa de administração e ser fácil de sacar. Wesley Mendes não recomenda por ter baixa rentabilidade
TÍTULOS DO TESOURO DIRETOTodos os consultores recomendaram por ter uma melhor rentabilidade que a poupança, apesar de sofrer incidêndia de Imposto de Renda. Calil e Carvajal recomendam os títulos pós-fixados. Mendes recomenda, além destes, a compra dos títulos indexados à inflação.
ACIMA DE R$ 50 MIL 
AÇÕESMauro Calil recomenda investir a qualquer momento, desde que o prazo disponível para investir o dinheiro seja superior a 8 anos. Cláudio Carvajal recomenda a partir desse nível de investimento como uma forma de diversificar. Wesley Mendes da Silva diz que a perspectiva para esse investimento ainda deve ser de muita turbulência.
CDBMauro Calil recomenda por ser garantido em até R$ 250 mil pelo Fundo Garantidor de Crédito, o que dá a mesma segurança da poupança. Mendes e Carvajal recomendam apenas de grandes bancos.
FUNDOS CAMBIAISCom a alta do dólar, os fundos cambiais voltaram a apresentar uma maior atratividade. Cláudio Carvajal recomenda investir a partir desse montante.
FUNDO DE CAPITAL GARANTIDOMauro Calil diz que esse investimento é interessante por permitir ao investidor ter uma rentabilidade superior em períodos em que o mercado está instável, como agora. A vantagem é que, mesmo que tudo dê errado, o fundo garante ao menos o patrimônio investido.
FUNDOS MULTIMERCADOO patrimônio maior permite arriscar um pouco mais. Mendes da Silva e Cláudio Carvajal recomendam. Carvajal sugere investir 30% do patrimônio, se investidor aceita riscos. Se não aceitar, 10% pelo menos. Esses fundos embutem mais riscos e costumam ir melhor em tempos de incerteza.
LETRAS DE CRÉDITO DO AGRONEGÓCIO (LCAs)Mauro Calil recomenda por ser uma espécie de "renda fixa turbinada". É garantida em até R$ 250 mil pelo Fundo Garantidor de Crédito. Isenta de IR.
LETRAS DE CRÉDITO IMOBILIÁRIO (LCIs)Mauro Calil recomenda por ser uma espécie de "renda fixa turbinada". É garantida em até R$ 250 mil pelo Fundo Garantidor de Crédito. Isenta de IR.
POUPANÇAMauro Calil e Cláudio Carvajal recomendam a aplicação por não ter incidência de Imposto de Renda ou taxa de administração e ser fácil de sacar. Wesley Mendes não recomenda por ter baixa rentabilidade
TÍTULOS DO TESOURO DIRETOTodos os consultores recomendaram por ter uma melhor rentabilidade que a poupança, apesar de sofrer incidêndia de Imposto de Renda. Calil e Carvajal recomendam os títulos pós-fixados. Mendes recomenda, além destes, a compra dos títulos indexados à inflação.
FUNDOS IMOBILIÁRIOSCarvajal e Calil sugerem como diversificação. Mendes da Silva não aconselha por acreditar que os preços dos imóveis estão caindo.
  • FONTES: CLÁUDIO CARVAJAL, MAURO CALIL E WESLEY MENDES DA SILVA

Para até R$ 5.000, poupança e Tesouro Direto ajudam a acumular capital

Para as quantias até R$ 5.000, os educadores consultados sugeriram poupança e títulos do Tesouro Direto, além de CDB, com objetivo de acumular capital.

O educador financeiro Mauro Calil diz que a caderneta de poupança ou títulos do Tesouro Direto são uma forma de ir acumulando dinheiro, mas que o Tesouro Direto ainda é melhor, pois a poupança rende 70% do que rende o Tesouro Direto, ainda que sobre esta aplicação incida IR.

Veja os cálculos do professor:

Se a pessoa poupasse os R$ 5.000, com o atual rendimento da caderneta de poupança, ao final de 12 meses, ela teria R$ 5.297,50.

Num CDB que pagasse 8,5% ao ano, os R$ 5.000 se transformariam em R$ 5.425,00 ao final de 12 meses. Tirando o IR de 17,5%, a pessoa teria, líquidos, R$ 5.350,63.

No Tesouro Direto, considerando um papel que pagasse 10,75%, ao final de 12 meses, descontado o IR de 17,5%,  a pessoa teria R$ 5.442,84.

O professor da Fundação Getulio Vargas (FGV-EAESP) Wesley Mendes da Silva diz que os investidores, especialmente os que tenham menos recursos, devem optar por investimentos mais conservadores, como a renda fixa, ainda que esta não tenha tido ganhos expressivos nos últimos tempos.

"Eu escolheria papéis indexados à inflação. Assim, ao menos há uma proteção contra a corrosão causada pela alta dos preços."

Para quem tem até R$ 10 mil, Mendes da Silva sugere títulos do Tesouro, fundos de renda fixa ou CDBs de grandes bancos. "Nunca poupança. Não acho que seja bom investimento para ninguém, pela baixa rentabilidade."

Para Cláudio Carvajal, professor de Finanças da Fiap, quem tem até R$ 5.000 deveria ficar na poupança por conta da liquidez diária (facilidade de sacar imediatamente o dinheiro) e da ausência de taxa de administração e Imposto de Renda.

"A poupança é sempre boa pela questão do baixo risco e alta liquidez, mas atualmente ela está com rendimento quase nulo por conta da inflação. Mas ainda assim é uma alternativa para quem vai precisar do dinheiro no curtíssimo prazo e não vai sofrer nenhum tipo de risco."

O professor considera que os investimentos em renda fixa tendem a ter um retorno mais interessante pela tendência de alta na taxa de juros para conter a inflação. Para Carvajal, entre os títulos do Tesouro Direto, ele optaria pelos pós-fixados e pelos indexados à inflação. "Creio que são as melhores opções no momento."

Entre R$ 5.000 mil e R$ 50 mil, especialistas aconselham diversificar

A partir de R$ 5.000, o educador financeiro Mauro Calil diz que já dá para começar a investir no que ele chama de "renda fixa turbinada".

Pode-se começar a diversificar investindo em LCIs (Letras de Crédito Imobiliário) e LCAs (Letras de Crédito Agrário) e CDBs, além de fundos.
Nesse caso, porém, já começa a aparecer a questão do prazo, pois algumas destas aplicações impedem que se resgate o dinheiro antes de um determinado período.

Calil diz que todas essas aplicações financeiras têm a garantia do Fundo Garantidor de Crédito. "Isso dá a elas a mesma segurança da caderneta de poupança; nem mais nem menos."

Carvajal sugere que o investidor coloque uma parte dos seus investimentos em fundos multimercados. "Quem aceita um pouco de risco pode colocar até 30% do patrimônio nesses fundos. Quem tem aversão a risco pode colocar uns 10%. Mas é importante fazer isso para poder conseguir uma rentabilidade melhor."

Para quem tem renda mais alta, o professor Mendes da Silva sugere diversificar com fundos multimercados, que embutem um pouco mais de risco, e fundos cambiais, por conta da probabilidade de aumento do valor do dólar.

Os fundos imobiliários também não estão com boas perspectivas, na visão do especialista. "Já dá para verificar que o preço dos imóveis está começando a cair, há vários empreendimentos com unidades sobrando porque as pessoas estão endividadas, com a renda comprometida."

Acima de R$ 50 mil, mais riscos em busca de melhor rentabilidade

A partir de R$ 50 mil, o professor Cláudio Carvajal sugere que o investidor mantenha uma parte em renda fixa, uma parte em fundos multimercados e uma parte em renda variável como ações ou fundos imobiliários.

Para ele, uma aposta interessante também são os fundos cambiais, atrelados a moedas como dólar ou euro. "Acho que ainda há espaço para o dólar subir."

Mendes da Silva avalia que a tendência da Bolsa é de queda. "As empresas precisam de expectativa de lucro para crescer e juros baixos para se financiar. O que há agora é exatamente o contrário, pois a tendência é de alta dos juros e queda no consumo por conta do alto endividamento das famílias."

Por isso para diversificar, deve-se levar em conta o risco. "Uma mulher de 40 anos com três filhos pode arriscar muito menos que uma mulher de 20 anos sem filhos", diz.

Mauro Calil diz que, se o investidor tiver um prazo mais longo, pode optar ainda pelos fundos imobiliários e renda variável, mas em prazos superiores a cinco anos.

"A pessoa tem de aprender a ter um perfil de investidor: não importa se o mercado está caindo ou subindo, tem que poupar sempre. Só assim vai conseguir acumular um patrimônio significativo."

Ele afirma que agora também é um bom momento para aplicar em ações. "Não é porque a Bolsa caiu que você não vai mais colocar dinheiro lá. Este é o momento de aplicar em ações, mas com prazo de pelo menos 10 anos. Em 12 anos, colocando todo mês R$ 350 em ações, dá para chegar a R$ 1 milhão. É uma conta muito possível", diz.

"As pessoas se esquecem que ações pagam dividendos. Então eu posso ter a ação valendo menos, mas a empresa está me pagando dividendo. Isso é um rendimento importante", afirma.

O educador lembra que também há fundos de capital garantido, que protegem o patrimônio da pessoa e ela não perde dinheiro. "Esses fundos protegem  o investimento, garantindo no mínimo o mesmo valor aplicado. Se o mundo andar de lado, como agora, o investidor recebe mais do que a média, e, se houver um excelente desempenho do mercado, o investidor recebe 80% desse desempenho, por exemplo."