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Imóveis, dólar, tesouro direto, poupança: saiba onde investir seu dinheiro

Sophia Camargo

Do UOL, em São Paulo

17/01/2014 06h00

As perspectivas da economia para 2014 são de baixo crescimento da economia brasileira, alta do dólar por conta da diminuição dos estímulos à economia norte-americana e incerteza acentuada inerente ao período de eleições presidenciais no Brasil.

Com relação à taxa de juros, a expectativa é de que suba ainda um pouco, atingindo até 11% ao ano, segundo especialistas. Nesta semana, o Banco Central aumentou pela sétima vez consecutiva a taxa de juros, para 10,5% ao ano. Diante desse cenário, onde aplicar o dinheiro?

O UOL ouviu orientações do coordenador do Laboratório de Finanças do Insper Michael Viriato e do diretor da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) Miguel Ribeiro de Oliveira. Veja os principais pontos a seguir:

Poupança – Para Miguel Ribeiro de Oliveira, da Anefac, a poupança, que bateu recorde de captação em 2013, vai continuar sendo um bom investimento em 2014.

A caderneta só perderia atratividade, na opinião do especialista, se a taxa Selic subisse para acima dos 12% ao ano. Se isso ocorrer, a poupança perderia dos fundos em todas as situações. Mas como a taxa deve se manter abaixo dos 11% ao ano, segundo acredita Oliveira, o investimento deve continuar atrativo em 2014.

O professor Michael Viriato, do Insper, acha que a poupança deve ser usada apenas para proteger da inflação o dinheiro usado no dia a dia, mas não deve ser utilizada como investimento.

Fundos de renda fixa – Com juros mais altos, os fundos ganham atratividade, mas o investidor deve ficar atento às taxas de administração, que devem ser as mais baixas possíveis (abaixo de 1% ao ano) e o período em que pretende deixar o dinheiro investido, para não perder muito com o Imposto de Renda, cuja tabela varia de 22,5% para aplicações abaixo de 180 dias até 15% para aplicações acima de dois anos.

CDB – Miguel Ribeiro de Oliveira diz que uma aplicação que pague acima de 85% do CDI já vale a pena. "Não é pouco se estamos falando de 10,5% da Selic. O rendimento vai ser de 8,9% sem taxa de administração", diz. A incidência de IR depende do tempo em que a aplicação for mantida.

Os bancos de segunda linha pagam uma melhor rentabilidade, mas também têm mais risco. O conselho de Michael Viriato é manter o investimento até o limite do Fundo Garantidor de Crédito, que cobre até R$ 250 mil no caso de falência do banco.

Tesouro Direto – Uma das aplicações mais recomendadas pelos especialistas, pelo fato de ser o próprio investidor quem decide onde aplicar seu dinheiro nos títulos públicos ofertados pelo governo. É necessário fazer um cadastro e ter conta em uma corretora ou banco.

Paga-se uma taxa de custódia de 0,3% e mais uma taxa de administração para a corretora ou banco que, segundo Viriato, está na casa de 0,25%, em média. Há empresas que não cobram essa taxa de administração. Para saber quais não cobram, acesse a página do Tesouro Direto.

O Tesouro oferece títulos indexados à inflação, juros que acompanham a taxa Selic e juros prefixados. Os especialistas dizem que é preciso verificar quanto tempo o investidor tem para deixar o dinheiro aplicado e assim comprar papéis que se casem com seus objetivos para evitar sacar antes do prazo e sofrer com as oscilações do papel no meio do caminho.

"Tem papel para 2017, tem papel para 2035. O investidor tem de pesquisar",diz Oliveira.

Saiba como escolher o melhor título para seu investimento.

Fundos imobiliários – O fundo imobiliário paga dividendos mensais isentos de IR e está com uma taxa de retorno bastante interessante, afirma Michael Viriato, do Insper.

"Se o investidor pensa em comprar um apartamento, ele pode começar a fazer essa compra através de fundos imobiliários, se não quer correr o risco de o preço dos imóveis disparar", afirma.

Ribeiro de Oliveira chama a atenção para o fato de o fundo imobiliário ter um problema de liquidez, já que o investidor não pode revender o papel para o próprio fundo, mas tem de encontrar outras pessoas interessadas. Além disso, em 2013 os fundos tiveram uma perda de 10,62%.

"O problema dos fundos é que, se houver um período de inflação muito alta, há uma fuga desses fundos", diz Oliveira.

Imóveis – Comprar imóveis para locação é uma boa maneira de investir o dinheiro, diz Ribeiro de Oliveira. Mas, como esse investimento imobiliza o dinheiro, é preciso tomar muito cuidado ao escolher que imóvel comprar.

"Quem faz uma boa escolha tem ótima rentabilidade, já que um imóvel de R$ 100 mil, por exemplo, pode render um aluguel de 1,2% do valor do imóvel, já descontando tudo. É uma excelente rentabilidade". Mas quem compra um imóvel fisicamente tem de pagar IPTU, custo de manutenção. Se escolher um mau local, pode ficar com o imóvel encalhado e tendo de arcar com todos esses custos.

Ações  - a expectativa de um ano de baixo crescimento econômico não beneficia o mercado de ações. Segundo os especialistas consultados, o mercado não deve apresentar um bom desempenho.

Eles recomendam que quem quiser investir na Bolsa deve comprar ações de empresas nas quais veja boas perspectivas de futuro e sempre pensando no médio prazo. "Pessoalmente, acho melhor investir num fundo de ações que comprar as ações propriamente ditas. Quando um gestor de um fundo investe, ele está comprando papéis de várias empresas e, mesmo que um setor vá mal, outro pode compensar as perdas", diz Ribeiro de Oliveira. "Eventualmente você vai ter uma empresa que pode se destacar positivamente."

Dólar – A tendência para 2014 é de alta do dólar por conta dos deficits da balança comercial brasileira e diminuição dos incentivos à economia norte-americana. Mesmo assim, os especialistas não recomendam o investimento para quem não pretende ter despesas em dólar, como viagem de lazer ou de estudo.

"Se pretende gastar US$ 3.000 daqui a seis meses, vá comprando US$ 500 por mês para se proteger das variações da moeda", diz Viriato. Oliveira diz que essa não é uma aplicação voltada para pensar em investimentos, por conta da grande volatilidade.

LCI e LCAs - As letras de crédito imobiliário (LCI) e letras de crédito do agronegócio (LCA) são uma boa opção de investimento, na visão do professor do Insper Michael Viriato, especialmente pela isenção de IR e garantia do Fundo Garantidor de Crédito. No entanto, como em todos os investimentos, é preciso estar atento ao prazo. O rendimento é maior se o dinheiro fica lá mais tempo.