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Serasa: brasileiro ignora o pouco que sabe de finanças e insiste em erros

Arte/UOL/Stefan
Imagem: Arte/UOL/Stefan

Sophia Camargo

Do UOL, em São Paulo

07/08/2014 14h54

O brasileiro tem conhecimentos rudimentares de finanças pessoais, mas não põe em prática o pouco que sabe para evitar erros como endividamento exagerado. Essa é uma das conclusões da segunda edição do Indicador de Educação Financeira (IndEF) 2014, elaborado pela Serasa Experian e Ibope Inteligência, apresentado hoje.

Com isso, o índice, que mede, em uma escala de 0 a 10 o nível de educação financeira, atingiu a média 6, repetindo o desempenho do ano passado.

Os institutos entrevistaram 2.002 pessoas maiores de 16 anos de idade, em 140 cidades de todos os Estados brasileiros e do Distrito Federal, incluindo capitais, periferia e interior no primeiro trimestre de 2014.

O Indicador é composto por três subíndices referentes a finanças pessoais e familiares dos brasileiros: o Conhecimento, a Atitude e o Comportamento, tendo cada um deles um peso diferente: Atitude (24%), Conhecimento (26%) e Comportamento (50%).

Enquanto o indicador Conhecimento teve média 7,4, o Comportamento ficou em 5,1. "Isso mostra que a maioria das pessoas possui conhecimentos básicos e rudimentares de finanças, que seriam suficientes para apresentarem um comportamento mais adequado. Mas, isso não ocorre na prática", diz Luiz Rabi, economista da Serasa Experian.

Um exemplo da falta de sintonia entre conhecimento e comportamento é o uso do cartão de crédito. Rabi diz que a maioria das pessoas sabe que se não pagar a fatura integral do cartão de crédito irá arcar com altos juros. Mesmo assim, continuam a fazer isso.

"São vários exemplos: comprar por impulso, para ostentar, comprar parcelado, não poupar para evitar pagar juros."

A pesquisa mostra ainda que os jovens é que têm menor educação financeira. O grupo de 16 a 17 anos apresentou queda em relação à nota do ano passado: de 5,9 para 5,5.

Os brasileiros que têm entre 18 e 24 também caíram na comparação com 2013, de 5,9 para 5,8. Já os mais velhos têm um desempenho melhor. Acima dos 45 anos, a média da educação financeira ficou acima de 6,1 em 2014.

"Isso provavelmente acontece porque os mais velhos aprenderam com erros cometidos no passado", diz Rabi.

A pesquisa também derruba o mito de que mulher gasta mais ou comete mais erros nas finanças, diz Rabi. A pesquisa mostra que os homens têm um pouco mais de educação financeira (nota 7,5 para homens contra 7,3 para mulheres); mas o mau comportamento é equivalente nos dois gêneros (nota 5,1 para ambos).

A diferença entre classes sociais também não é significativa quando a questão é usar mal o dinheiro. As classes mais ricas A/B têm mais conhecimento (nota 8), ante as menos endinheiradas (nota 7,4 para a classe C). Mas o comportamento não é bom para nenhuma delas: nota 6,2 para as classes A/B e 6 para a classe C.