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Quer trocar poupança por outra coisa, mas não sabe? Veja o passo a passo

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Sophia Camargo

Colaboração para o UOL, em São Paulo

10/10/2016 06h00

A poupança está perdendo da inflação há um bom tempo. Em 12 meses, a inflação acumulada pelo IPCA ficou em 8,67%, enquanto o rendimento da poupança está em 8,35% segundo informa Miguel Ribeiro de Oliveira, diretor-executivo da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade. 

O rendimento está bem abaixo do obtido no Tesouro Selic: 10,43% líquidos (considerando alíquota máxima de IR de 22,5%, taxa de custódia de 0,3% e taxa de administração de 0,2%), segundo Oliveira. 

Para saber como sair da poupança e começar a se arriscar em outros investimentos, o UOL ouviu cinco especialistas: Alexandre Cabral, professor de Finanças do Instituto de Administração (FIA); Dirceu Arcoverde, consultor de investimentos do portal Desfixa; Marcio Cardoso, sócio da corretora Easynvest; e Rodrigo Assumpção, planejador financeiro certificado pelo IBCPF, além de Miguel Ribeiro de Oliveira.

Veja, a seguir, o passo a passo baseado nas dicas dos especialistas:

1) Avalie sua situação financeira
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Não decida nada sem entender como estão suas finanças pessoais. Faça um orçamento doméstico para conhecer receitas e despesas. Descubra se está pagando alguma dívida com juros elevados, como cheque especial ou cartão de crédito.

Juros de dívidas são muito maiores do que qualquer investimento. Pegue a poupança, quite essa dívida e só depois pense em investir melhor, diz Dirceu Arcoverde.

2) Defina a meta de investimento
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Descubra para que você está investindo. É para comprar um carro, uma casa? Para poupar para a aposentadoria? Ou para uma reserva de emergência? Isso é importante para definir o tipo de investimento.

Se o dinheiro ficar aplicado no longo prazo, será mais fácil encontrar taxas melhores de rentabilidade. Se for privilegiar a liquidez, ou seja, a facilidade de ter o dinheiro na mão, provavelmente renderá menos.

3) Avalie as opções e os riscos
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Os especialistas recomendam começar a trocar a poupança pelo Tesouro Selic, título negociado pela plataforma Tesouro Direto que tem rendimento atrelado à taxa Selic. Os papéis do Tesouro Direto têm a garantia do Tesouro Nacional, considerado, assim, o risco mais baixo entre todos os investimentos.

Outras opções de investimentos que têm a mesma garantia da poupança são os CDBs e as LCIs e LCAs. Se a instituição em que o dinheiro estiver investido quebrar, o investidor que tiver até R$ 250 mil (somando todos os investimentos e juros) está garantido pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Acima desse valor, vai se juntar aos credores da massa falida.

Já os fundos não são garantidos pelo FGC, mas isso não significa que não sejam seguros. Quando você investe em um fundo, seus ativos ficam custodiados em bancos, em contas separadas. O risco do fundo é o risco dos ativos que o compõem.

4) Consulte seu banco
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Especialistas sempre dizem para não fazer investimentos só no seu banco, porque podem não oferecer a melhor opção a você. Mas Ribeiro de Oliveira e Alexandre Cabral aconselham a pelo menos ouvir o que o próprio banco tem a oferecer.

As corretoras costumam oferecer boas taxas e custos menores de investimento, mas é importante também manter um bom relacionamento com o banco.

Se precisar de um empréstimo, quem tem investimentos no banco consegue taxas menores. Em uma corretora, isso não existe, diz Oliveira.

Cabral lembra também que quem mantém investimentos no banco tem diminuição ou até mesmo isenção de tarifas. "As tarifas podem ser muito altas: às vezes podem ser maiores até do que a rentabilidade de uma aplicação."

Mas lembre-se de que o gerente é um funcionário do banco e precisa bater metas, vender produtos que nem sempre são os mais indicados para você. Cabral não aconselha a comprar títulos de capitalização, por exemplo.

Os bancos também não costumam oferecer Tesouro Direto por conta da baixa taxa de administração em comparação com os fundos oferecidos por eles, mas pergunte sobre essa aplicação.

Confira, ainda, a rentabilidade e prazos de investimento para fundos, CDBs e LCIs.

"Não se esqueça de perguntar quanto vai ganhar após o desconto do IR e das taxas. E também pergunte se tem facilidade de tirar o dinheiro a qualquer hora, isso é, se o dinheiro vai ficar preso no banco muito tempo", diz Cabral.

5) Pesquise as corretoras
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Diferentemente dos bancos, que costumam oferecer como opção de investimento apenas os seus próprios produtos, as corretoras oferecem investimentos de diversas instituições.

Se escolher uma corretora, terá de fazer um cadastro informando os dados pessoais como RG, CPF, comprovante de residência e deverá também preencher um questionário sobre o perfil do investidor para ver que tipos de produtos se adequam ao seu caso.

É possível escolher uma corretora pesquisando no site da Bolsa de Valores (link encurtado e seguro: http://zip.net/bbttNY). Se optar pela corretora para investir no Tesouro Direto, a dica do professor Alexandre Cabral é conferir a lista das corretoras autorizadas a operar o Tesouro (link: http://zip.net/byrryW) e também o ranking das corretoras que mais negociam o investimento. Neste caso, o último dado é de junho, veja nesse link: http://zip.net/bgttVv

As corretoras podem ou não cobrar taxas para operar no Tesouro Direto e tarifas de manutenção de conta. Também diferem no prazo para fazer os depósitos na conta após o pedido de resgate dos investimentos.

6) Saiba como investir
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Caso decida investir no Tesouro Direto, este será o caminho:

  • Escolha um banco ou corretora para intermediar as transações
  • Entre em contato com a instituição financeira escolhida e solicite seu cadastramento. Você deverá fornecer a documentação necessária para que essa instituição abra uma conta em seu nome para operar com o Tesouro Direto
  • A partir disso, você receberá uma senha provisória da BM&FBovespa para o primeiro acesso à área restrita do Tesouro Direto, em que são realizadas as operações de compra e venda, assim como consultas a saldos e extratos
  • Troque a senha provisória por uma nova que deverá conter entre 8 e 16 dígitos, composta por letras, números e caracteres especiais. A partir desse momento você é um investidor habilitado
  • Decida qual título deseja comprar. A sugestão dos especialistas para quem está saindo da poupança é começar pelo Tesouro Selic.
  • Veja mais dicas sobre como investir no Tesouro

Antes de se decidir pelo CDB, fundo ou LCI, faça isso:

  • Confira as opções disponíveis oferecidas pelo banco e corretora
  • Verifique se há prazo de carência para tirar o dinheiro (CDB pode ter, LCI normalmente tem)
  • Verifique a rentabilidade oferecida, confira as taxas cobradas
  • Veja mais dicas sobre CDB, LCI, LCA e fundos

Rodrigo Assumpção afirma que é preciso ficar atento a taxas e outros custos. Segundo ele, não vai adiantar tirar o dinheiro da poupança, se o investidor optar por investimentos que tenham rendimento muito baixo.

Por exemplo, um CDB com taxa de 80% não traria grande diferença na comparação com a poupança. A única diferença seria que a rentabilidade é diária enquanto na poupança é preciso esperar pelo aniversário. Fundos com altas taxas de administração também corroem a rentabilidade. O ideal é optar por fundos com até 1% de taxa.

7) Retirada da poupança
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Ao decidir tirar o dinheiro da poupança, lembre-se de aguardar a data de aniversário para fazer essa retirada. É a que rentabilidade da poupança só é creditada na data de aniversário. Se tirar o dinheiro antes, perderá a rentabilidade do mês.

8) Continue de olho
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A situação da economia muda muito. Com as taxas de juros elevadas, as aplicações em renda fixa são boas opções, mas isso pode mudar. Se as taxas de juros caírem, o investidor terá de se arriscar mais para tentar uma rentabilidade melhor. Por isso é importante monitorar constantemente as suas aplicações, a fim de mudar caso seja necessário.

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