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Até para morte é preciso ter dinheiro; funeral custa de R$ 668 a R$ 21 mil

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Imagem: Getty Images/iStockphoto

Thâmara Kaoru

Do UOL, em São Paulo

02/11/2017 04h00

Pensar na própria morte ou na partida de parentes próximos pode ser doloroso. Porém, quando se trata de planejamento financeiro, até esse tema delicado deve ser levado em consideração.

“Quase ninguém gosta de falar sobre isso, mas a morte é a única certeza na vida. Sendo algo inevitável, é preciso se planejar”, afirma Emerson Weslei Dias, coach e diretor da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade).

O educador financeiro Reinaldo Domingos, do canal Dinheiro à Vista, concorda. “Ninguém quer pensar nisso. É um assunto difícil de ser falado, mas necessário para que as pessoas próximas não sofram tanto quanto elas já vão sofrer com a sua ausência.”

Veja o que é preciso levar em consideração, segundo os especialistas:

Preço do funeral

enterro - Alex Almeida/Folha Imagem - Alex Almeida/Folha Imagem
Imagem: Alex Almeida/Folha Imagem

Caixão, flores, sepultamento e velório. Tudo isso tem um custo. Na cidade de São Paulo, por exemplo, é preciso pagar, no mínimo, R$ 668,34 pelo funeral completo. Mas os preços podem chegam a R$ 20.916,47, dependendo do tipo de caixão escolhido, enfeites florais, mesa de condolências, véu e velas. Quem optar pela cremação paga ainda entre R$ 193,01 e R$ 2.064,12, segundo a Prefeitura de São Paulo.

"As pessoas que ficam e que recebem a notícia geralmente não estão emocionalmente estruturadas e precisam cuidar de documentação, liberação do corpo e pagamento de taxas. É preciso pensar quanto tenho que guardar para esse momento. Existe até plano funerário. É preciso pensar nisso para não deixar um remédio amargo para quem fica", afirma Domingos. 

E quem não tiver o dinheiro? Em São Paulo, a prefeitura afirma que há uma lei que concede a gratuidade do sepultamento. Porém, será necessário que o solicitante do serviço preencha um atestado de responsabilidade dizendo que não tem condições de arcar com os custos. Nesses casos, o enterro só poderá ser feito nos cemitérios Dom Bosco (zona norte), Vila Formosa (zona leste) ou São Luiz (zona sul).

A família da pessoa que tiver doado algum órgão também pode ser dispensada de pagar taxas em São Paulo. O subsídio inclui o caixão, velório, transporte do corpo e o sepultamento. A família deve apresentar o comprovante de doação de órgãos. Se optar por cremar ou sepultar em cemitério particular, a gratuidade será parcial. Caso os familiares desejem um velório superior ao que é oferecido pela prefeitura, é preciso pagar a diferença.

Onde quer ser enterrado

cemitério - Getty Images/iStockphoto - Getty Images/iStockphoto
Imagem: Getty Images/iStockphoto

Segundo Domingos, é preciso pensar também onde e como a pessoa quer ser enterrada. Se quer um enterro ou ser cremado em outra cidade, por exemplo, é preciso lembrar que será necessário pagar o transporte do corpo e os custos cobrados no local. Se quer ficar em um cemitério particular, também precisa pensar em comprar o terreno. 

“Tudo tem um custo. Não quero ser enterrado aqui, mas sim em outro Estado, tem um traslado que é preciso ser levado em consideração.”

Manutenção do cemitério

Cemitério - Getty Images/iStockphoto - Getty Images/iStockphoto
Imagem: Getty Images/iStockphoto

Domingos afirma que aqueles que optarem por comprar um jazigo em um cemitério particular também devem deixar uma reserva para a manutenção do terreno, já que os familiares podem não estar preparados para esse gasto extra.

“Essa manutenção acontece antes da morte e depois dela. É quase eterno. Por isso, há essa necessidade de ter uma reserva."

Já as famílias daqueles que foram enterrados em cemitérios públicos de São Paulo devem lembrar que passados três anos do enterro será preciso pagar a taxa de exumação (retirada dos restos mortais), que varia de R$ 82,72 a R$ 506,74.

Dívidas deixadas

dívidas - Getty Images - Getty Images
Imagem: Getty Images

Segundo a advogada especializada em planejamento sucessório e patrimonial Ana Paula Oriola de Raeffray, se houver herança, o dinheiro servirá para pagar as dívidas deixadas por quem morreu.

“Todo mundo lembra que vai receber alguma coisa, mas as pessoas não lembram o que terão de pagar. Será preciso pagar tudo, no limite do que receber de herança. Ou seja, se quem morreu tinha uma dívida de R$ 1 milhão, mas deixou de herança um fusca, o herdeiro vai vender o fusca e pagar a dívida com o dinheiro da venda do carro. Ele não precisa assumir o resto da dívida."

Se o herdeiro recebeu R$ 1 milhão e a dívida é de R$ 1.000, ele paga essa dívida e fica com o restante.

Testamento e seguro de vida

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Para evitar brigas após a morte, se tiver bens, o ideal é já deixar determinado o que cada um vai receber. “Se quer deixar seus filhos em uma situação tranquila, vale a pena pensar em ter um testamento para não fomentar briga por partilha”, diz Dias.

Para o especialista, é importante pensar também em fazer um seguro de vida para deixar um dinheiro extra para quem fica. "Se não conseguiu fazer uma reserva financeira, é melhor fazer um seguro. Quem tem filho pequeno, por exemplo, se partir amanhã e não tiver nenhuma reserva, o filho está perdido. Deixar isso conversado e acertado facilita a vida de todo mundo."