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Tarifa de banco sobe até 78% no ano; conheça opções para economizar

Foto: Pixabay
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Téo Takar

Colaboração para o UOL, em São Paulo

21/12/2017 04h00

Um estudo elaborado pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) confirmou o que muita gente já vinha percebendo no bolso: os grandes bancos aumentaram suas tarifas bem acima da inflação nos últimos 12 meses. Em alguns casos, os reajustes chegaram a 78%, para uma inflação de menos de 3%. O período analisado vai de novembro de 2016 a outubro de 2017.

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O Idec comparou os valores cobrados por Banco do Brasil, Bradesco, Caixa, Itaú Unibanco e Santander para 27 serviços avulsos, como saques, extratos e transferências. Também foram analisados 58 pacotes personalizados, que incluem diversos serviços por um preço fixo, além dos preços para os quatro pacotes padronizados pelo Banco Central. Veja os resultados.

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Bancos públicos tiveram os maiores aumentos

O Idec constatou que a Caixa e o Banco do Brasil (BB) realizaram os maiores aumentos nas tarifas avulsas no período analisado.

No BB, a tarifa para pagamento de contas na função crédito subiu 66,67%, de R$ 4,50 em 2016 para R$ 7,50 em 2017. Na Caixa, o saque em espécie no cartão de crédito em terminais eletrônicos teve um aumento de 53,85%, passando de R$ 6 para R$ 10.

Das 27 tarifas analisadas, a Caixa reajustou 23 delas nos últimos 12 meses. O aumento médio foi 14,56%, o equivalente a mais de cinco vezes a inflação do período, de 2,70%. O BB aparece logo atrás, com aumento médio de 10,07%. Bradesco (5,12%), Itaú (4,87%) e Santander (3,10%) também reajustaram suas tarifas acima da inflação.

Santander e Itaú possuem as tarifas mais caras

Apesar dos reajustes elevados neste ano, as tarifas dos bancos públicos ainda estão entre as menores do setor. Para fazer a comparação, o Idec somou as 27 tarifas analisadas para cada banco, como se um cliente utilizasse cada um dos serviços pelo menos uma vez.

O Santander aparece como o banco mais caro, apesar de ter promovido os menores aumentos de tarifas neste ano. Os 27 serviços da instituição totalizaram R$ 415,80, seguido pelo Itaú (R$ 393,45). No Banco do Brasil, os serviços custaram o total de R$ 379,50.

A surpresa positiva do estudo foi o Bradesco, que apresentou o menor valor para as 27 tarifas somadas, de R$ 374,15, praticamente empatado com a Caixa (R$ 374,75).

“Podemos dizer que houve um alinhamento das tarifas dos bancos públicos em relação aos valores cobrados pelos bancos privados. Mas, mesmo com esse aumento, as tarifas do Banco do Brasil e da Caixa ainda estão entre as menores”, afirma Ione Amorim, economista do Idec.

Pacotes personalizados com aumentos abusivos, diz Idec

O Idec também analisou os chamados pacotes personalizados, que já incluem uma série de serviços, mediante cobrança de uma taxa mensal.

Diferentemente dos pacotes padronizados pelo Banco Central (leia mais abaixo), cada banco configura os serviços inclusos nos pacotes personalizados da forma como achar melhor. Por isso, o cliente deve ficar bastante atento na hora de aceitar esse tipo de pacote, já que é mais difícil compará-lo com outros.

Nesse quesito, os bancos públicos fizeram feio mais uma vez. O pacote Convencional, da Caixa, teve o maior reajuste de todo o estudo: 78,88%. O banco elevou seu preço de R$ 25,10 para R$ 44,90 mensais.

Na sequência, os maiores aumentos foram do pacote Fácil, da Caixa (alta de 20,19%, indo para R$ 25), Universitário, do Bradesco (elevação de 18,64%, subindo para R$ 7), Itaú Uniclass 3.0 (aumento de 10,71%, indo para R$ 31), e o pacote Personalizado, do BB (crescimento de 9,05%, alcançando R$ 49,40).

Um aumento de 78% para uma inflação de menos de 3% no ano é, sem dúvida, abusivo. É um índice muito elevado, especialmente se você considerar o fato de que não houve nenhuma melhora significativa no serviço, não foi agregado nada a mais no pacote.

Ione Amorim, economista do Idec

Falta de concorrência fica evidente nos pacotes padronizados

O Idec constatou que, após os últimos reajustes, praticamente deixou de existir diferença entre os grandes bancos nos valores cobrados pelos quatro pacotes de serviços padronizados pelo Banco Central.

A Caixa, por exemplo, passou a cobrar R$ 12,10 pelo pacote tipo 1, enquanto Bradesco e Itaú cobram R$ 12,45. No pacote mais caro, o tipo 4, a Caixa tem a menor tarifa, de R$ 36,80, e o Itaú, a maior, de R$ 39.

“A menor diferença foi de 3% para os pacotes do tipo 1 e 2. E a maior diferença foi de 6% para os pacotes 3 e 4. Ou seja, os bancos estão praticamente cobrando os mesmos valores, o que reforça nossa preocupação com a falta de concorrência no setor”, diz a economista do Idec.

Para ela, o Banco Central deveria rever as regras do setor, de forma a estabelecer limites para os reajustes e estimular a concorrência. “O melhor caminho seria o surgimento de novos bancos que pudessem concorrer com os que estão aí. Mas sabemos que isso é muito difícil de acontecer.”

Fique atento ao extrato de tarifas

O Idec recomenda ao consumidor que acompanhe regularmente a movimentação de sua conta, em especial a cobrança de tarifas.

Para saber tudo que você paga durante o ano com tarifas bancárias, consulte o extrato anual de tarifas. Os bancos são obrigados a fornecer esse extrato gratuitamente até o dia 28 de fevereiro do ano seguinte.

Ione Amorim, economista do Idec

Ela afirma ainda que é comum os bancos oferecerem pacotes que, muitas vezes, não levam em consideração as reais necessidades do cliente, mas sim o perfil de renda, resultando em contratações de serviços caros e que não são utilizados.

Qualquer cliente tem direito ao pacote gratuito de serviços

A mesma regra do Banco Central que criou os quatro pacotes padronizados de serviços também obrigou os bancos a oferecer o chamado “pacote essencial” para todos os clientes, de forma gratuita, independente do tipo de conta ou perfil de renda.

No pacote essencial, o cliente tem direito, mensalmente, a quatro saques, duas transferências para contas do mesmo banco, consultas ilimitadas de extrato pela internet, dois extratos impressos e dez folhas de cheques.

“Já recebi casos de consumidores que procuraram o gerente para alterar o pacote, mas o gerente insistia em afirmar que o pacote essencial não existia. Existe sim, é de graça e vale para todo mundo. É um direito do consumidor exigir a troca do seu pacote de tarifas por qualquer outro, se for conveniente”, diz Ione.

Se você não conseguir trocar seu pacote de tarifas na sua agência, Ione recomenda registrar uma reclamação por telefone no serviço de atendimento (SAC) do banco e anotar o número da reclamação. Caso o problema não seja resolvido em cinco dias úteis, procure o Banco Central ou faça uma reclamação pelo site consumidor.gov.br.

Veja o que dizem os bancos sobre os aumentos de tarifas

O UOL Economia ouviu os cinco grandes bancos que foram alvo do estudo do Idec sobre tarifas bancárias. Veja o posicionamento de cada instituição:

Itaú Unibanco

"O Itaú busca sempre manter a melhor relação custo-benefício para o cliente. Os reajustes realizados pelo banco levam em consideração a inflação, custos operacionais e características de cada pacote ofertado. Importante reforçar que mantivemos ao longo destes anos nosso posicionamento de ter preços competitivos no mercado, sem abrir mão de oferecer aos clientes qualidade de serviço e produtos de valor agregado."

Banco do Brasil

“O Banco do Brasil realiza continuamente estudos de evolução de valores de tarifas e pacotes de serviços e promove eventuais atualizações, assegurando que os preços praticados estejam entre os mais competitivos do mercado, a partir do compromisso de oferecer atendimento de qualidade. A qualquer momento, o cliente pode optar por manter o pacote contratado, ou mesmo pelo cancelamento ou adesão a outra modalidade disponível, que melhor atenda suas necessidades.”

Bradesco

“Algumas tarifas foram realinhadas em função de aumento dos custos operacionais envolvidos, porém na média os reajustes ficaram abaixo dos indicadores de inflação. Além disso, o valor máximo fixado em tabela não necessariamente reflete o efetivamente pago pelo cliente, isso porque o banco oferece programas de bonificação, fidelização e negociações aos seus clientes.”

Santander

“O Santander informa que os preços e os reajustes das tarifas dos pacotes de serviços visam a acompanhar os movimentos do mercado e a inflação do período referente a última alteração. Vale ressaltar que o banco oferece orientações sobre as melhores alternativas de utilização dos serviços, conforme a movimentação usual e as necessidades financeiras dos clientes.”

Caixa Econômica Federal

A Caixa não respondeu ao pedido da reportagem até a conclusão desta reportagem.

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