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Investidores saem do Tesouro Direto para gastar ou ganhar mais; veja opções

Getty Images/iStockphoto/StockFinland
Imagem: Getty Images/iStockphoto/StockFinland

Téo Takar

Do UOL, em São Paulo

11/05/2018 04h00

A queda da taxa Selic reduziu drasticamente os ganhos dos investidores que aplicam em títulos pós-fixados no Tesouro Direto, o chamado Tesouro Selic. Em pouco mais de um ano, os juros e o rendimento caíram a menos da metade, de 14,25% para 6,5% ao ano.

Por isso, muitas pessoas estão preferindo retirar uma parte do dinheiro e buscar investimentos que ofereçam melhor rentabilidade, ou simplesmente gastar em produtos e serviços.

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O número de investidores cadastrados no Tesouro Direto tem registrado recordes. Em março, passaram de 2 milhões de pessoas. Porém, os saques de quem já está lá também foram recordes. Em março, o resultado ficou negativo em quase R$ 100 milhões.

O movimento de saída de recursos começou em agosto do ano passado, quando os saques superaram as aplicações em quase R$ 59 milhões, e atingiu o pico em janeiro deste ano, com saída líquida de R$ 1,7 bilhão.

Como o Banco Central já sinalizou que pretende reduzir novamente os juros na próxima reunião do Copom, na quarta-feira que vem (16), a tendência é que os saques no Tesouro Direto continuem a todo vapor. Se você possui recursos aplicados em Tesouro Selic, título que acompanha a variação da taxa básica de juros, veja abaixo algumas sugestões do que fazer com o dinheiro.

CDB é alternativa ao Tesouro Direto com risco baixo

Se gastar não está nos seus planos, mas você ainda mantém a maior parte do seu dinheiro aplicado em títulos pós-fixados, do tipo Tesouro Selic, está na hora de diversificar os investimentos em busca de maior rentabilidade.

“Ficou mais difícil ganhar dinheiro fácil. O investidor precisa se mexer e também estar disposto a correr mais riscos”, afirma Joelson Sampaio, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Especialistas recomendam migrar parte dos recursos que estão no Tesouro Direto para aplicações mais rentáveis, como CDBs oferecidos por bancos médios, fundos multimercados e fundos de ações.

“Um CDB de banco médio paga o equivalente a 120% do CDI para quem puder manter o dinheiro investido por dois ou três anos. Bem mais do que o Tesouro Selic, que rende perto de 100% do CDI. E o risco é mínimo, já que o CDB conta com a cobertura do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) em caso de quebra do banco emissor”, diz Mauro Calil, especialista em investimentos do Banco Ourinvest e fundador da Academia do Dinheiro.

Fundos multimercados rendem mais, mas risco também é maior

Quem tem mais disposição para correr riscos poderá ver seu investimento crescer mais rapidamente. O problema é que o dinheiro também poderá encolher em alguns momentos de maior nervosismo e incertezas no mercado financeiro.

Fundos multimercados (que investem simultaneamente em vários tipos de ativos, como ações, moedas e papéis de renda fixa) são as melhores opções para quem tem pouca intimidade com o mercado financeiro.

“Pesquise fundos que tenham um bom histórico de rentabilidade. Com os juros no atual patamar, vale a pena correr o risco para obter ganhos maiores”, afirma Calil.

Você pode conferir a rentabilidade média dos principais fundos multimercados no site da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais). Baixe a planilha consolidada e acesse a página 11, onde consta a rentabilidade dos fundos por tipo. Lá você encontrará diversas classes, inclusive a dos multimercados.

Há uma grande variação de rentabilidade conforme o tipo (estratégia de investimento) de multimercado. Os fundos do tipo “Capital Protegido” acumulam ganho médio de apenas 0,91% de janeiro a março de 2018 e de 10,06% em 12 meses. Já os fundos do tipo “long and short direcional” renderam em média 6,58% neste ano e 17,25% em 12 meses.

As aplicações em fundos multimercados somaram R$ 40,2 bilhões entre janeiro e abril deste ano, um aumento de 24,6% em relação aos investimentos feitos no mesmo período de 2017, segundo dados da Anbima.

Momento é bom para pechinchar e consumir

Diante da queda nos ganhos das aplicações de renda fixa, como é o caso do Tesouro Direto, muitas pessoas estão mais propensas a gastar o dinheiro, adquirindo produtos e serviços.

“A queda da Selic provocou um certo desânimo nas pessoas em poupar”, afirma Calil. “Tenho vários clientes que estão mais dispostos a consumir neste momento. Querem trocar de carro, viajar ou colocar em prática os planos de casamento”, diz.

Como o país ainda está se recuperando de um longo período de crise econômica, Calil avalia que o momento é bom para quem está pensando em gastar. “Com dinheiro no bolso para pagar à vista, você tem mais condições de negociar um desconto, pechinchar.”

A recuperação econômica deve estimular as pessoas a gastarem mais nos próximos meses, afirma Sampaio. “Os saques de investimentos para consumo ainda não são representativos, mas tendem a aumentar, conforme o consumidor se sentir mais confiante em relação à manutenção do seu emprego e ao futuro do país.”

Saques superam investimentos desde agosto de 2017

O movimento de saída de recursos do Tesouro Direto começou em agosto do ano passado. Veja abaixo o movimento líquido (aplicações menos resgates) nos últimos meses. O dado mais recente disponível é de março deste ano:

  • Maio de 2017: entrada de R$ 691 milhões
  • Junho de 2017: entrada de R$ 744 milhões
  • Julho de 2917: entrada de R$ 316 milhões
  • Agosto de 2017: saída de R$ 59 milhões
  • Setembro de 2017: saída de R$ 487 milhões
  • Outubro de 2017: saída de R$ 189 milhões
  • Novembro de 2017: saída de R$ 125 milhões
  • Dezembro de 2017: saída de R$ 42 milhões
  • Janeiro de 2018: saída de R$ 1,668 bilhão
  • Fevereiro de 2018: saída de R$ 279 milhões
  • Março de 2018: saída de R$ 100 milhões

Se não sabe responder a estas 5 questões, será muito difícil ficar rico

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