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Ainda não recebeu restituição do IR? Veja se vale a pena antecipar o valor

Stefan
Imagem: Stefan

Téo Takar

Do UOL, em São Paulo

16/07/2018 04h00

Os grandes bancos oferecem aos seus clientes a possibilidade de antecipar o valor da restituição do Imposto de Renda de 2018. Será que vale a pena recorrer a esse tipo de empréstimo?

Se você está pendurado no cartão de crédito, no cheque especial ou tem outras dívidas com juros altos em atraso, pode ser uma opção interessante. Porém, os especialistas recomendam alguns cuidados. Veja abaixo em que casos vale a pena apelar para a antecipação e que cuidados tomar.

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Restituição deve ser suficiente para pagar dívidas

Devido à defasagem na tabela do IR, a tendência é que a restituição deste ano seja menor do que a dos anos anteriores.

"Se a restituição for pequena, pode não valer a pena fazer um empréstimo de antecipação, mesmo que eu tenha dívidas caras para pagar. O ideal é que a restituição seja suficiente para cobrir toda a dívida", afirma Mauro Calil, especialista em investimentos do banco Ourinvest e fundador da Academia do Dinheiro.

"Se eu pegar um empréstimo que paga apenas metade do meu cheque especial, daqui a alguns meses a dívida já terá voltado ao mesmo patamar que estava. Só que eu passarei a ter duas dívidas: a do cheque especial e a do empréstimo de antecipação da restituição", diz Calil.

Não use o dinheiro para fazer compras

Não pegue o empréstimo para fins de consumo, como comprar roupas ou eletrodomésticos. É melhor esperar a Receita Federal liberar a restituição do que se endividar.

"Lembre-se de que o dinheiro da restituição virá corrigido pela Selic. É como se fosse um investimento isento, já que o ganho nesse período não sofre retenção de imposto", diz Reinaldo Domingos, presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin) e fundador do canal Dinheiro à Vista.

Usar o crédito para consumo só vale a pena se a compra for uma oportunidade de ocasião, com um desconto à vista superior a 30%. "Caso contrário, só pegue esse dinheiro para quitar dívidas caras ou para resolver uma emergência, como um problema de saúde", afirma Domingos.

Fique atento às condições do empréstimo

É possível pegar um empréstimo de até 100% do valor da restituição do IR, mas alguns bancos estabelecem limites. No Itaú Unibanco, por exemplo, clientes especiais podem pedir até R$ 10 mil. No Banco do Brasil, o limite é de R$ 20 mil. No Bradesco, o crédito pode chegar a R$ 50 mil, sempre atrelado ao valor máximo da restituição que o cliente irá receber.

As taxas de juros também variam de banco para banco e conforme o perfil de crédito do cliente. No Bradesco, a taxa mínima é de 1,79% ao mês. No Banco do Brasil, os juros começam em 1,89% ao mês. No Santander, variam de 1,99% a 4,36% ao mês. E no Itaú, a menor taxa é de 3,13% ao mês.

"Confira qual é a taxa de juros que será cobrada antes de pegar o empréstimo. Veja se ela é realmente menor do que os juros da outra dívida, caso você esteja pensando em usar o dinheiro para quitá-la", diz Domingos.

A antecipação da restituição do IR deve ser solicitada no mesmo banco que o contribuinte indicou em sua declaração do IR para a Receita, aquele onde a restituição será recebida.

"Quem entregou a declaração e indicou o banco A para receber a restituição, mas encontrou uma condição de empréstimo melhor no banco B, pode fazer uma retificação (veja aqui como retificar a declaração), indicando o novo banco para que a restituição seja creditada", afirma Calil.

Principal risco é declaração cair na malha fina

Fique atento ao vencimento do empréstimo. Dependendo do banco, a dívida tem que ser quitada até 15 de dezembro. Se você receber a restituição antes dessa data, a dívida é automaticamente liquidada.

"O maior risco é a declaração cair na malha fina", afirma o professor Michael Viriato, coordenador do laboratório de finanças do Insper. "A restituição pode demorar ou até nem sair."

Nesse caso, o cliente terá que quitar o empréstimo até a data estipulada pelo banco ou pegar um novo crédito para pagar a dívida vencida. "É preciso ter convicção de que a declaração foi feita corretamente, para ter garantia de que a restituição vai sair", diz Reinaldo Domingos, da Abefin.

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