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Juros caem de novo, e alguns investimentos perdem da inflação. O que fazer?

João José Oliveira

do UOL, em São Paulo

11/12/2019 18h22

Resumo da notícia

  • Banco Central reduz Selic para 4,5% e piora situação de investimentos que já rendem menos que inflação
  • Corte da Selic afeta investimentos porque a taxa é referência para algumas das aplicações mais procuradas por brasileiros
  • Caderneta de poupança e fundos de renda fixa DI são investimentos mais afetados pela Selic mais baixa
  • Consultores sugerem fundos de renda fixa sem taxa de administração e títulos privados para melhorar ganho sem perder segurança e liquidez

O Banco Central cortou os juros pela 16ª vez, e a Selic, taxa básica de juros no país, caiu para 4,5% ao ano, nova mínima histórica. Essa taxa é usada como referência para definir quanto rendem as aplicações de renda fixa mais conservadoras, como poupança e fundos DI. Por isso, esses investimentos devem render cada vez menos —talvez até menos que a inflação. Em português claro: quem investir nesses produtos irá perder dinheiro.

Segundo profissionais do mercado, está cada vez mais difícil ter boa rentabilidade sem correr muito risco e podendo sacar o dinheiro a qualquer momento, sem perdas. Eles dão algumas dicas para escapar dessa armadilha. Veja abaixo.

Poupança perde para a inflação

Os brasileiros têm, ao todo, R$ 826 bilhões guardados na poupança.

O rendimento da poupança equivale a 70% do CDI, que acompanha a Selic. Então, com a nova queda dos juros, a poupança vai render 3,15% ao ano. Mas a inflação acumulada em 12 meses até novembro está em 3,27%.

Portanto, mesmo sendo isenta de Imposto de Renda e de taxas, a poupança fará o investidor perder dinheiro.

"A inflação pode ter repiques, como em novembro, em que subiu 0,51% puxada pelos alimentos. Isso foi bem mais que a poupança, que rendeu 0,2871%", disse Gabriel Ribeiro, sócio e chefe da área de produtos da Messem Investimentos.

Alguns fundos de renda fixa e CDBs também

Também já estão perdendo da inflação alguns fundos de renda fixa mais tradicionais, como os Fundos DI, que acompanham o CDI. Mesmo para os que rendem mais que a inflação —por exemplo, 4,5% ao ano—, há cobrança de pelo menos 15% de IR sobre o lucro, além das taxas de administração.

No fim das contas, o que vai para o bolso do investidor mal chega a 3% em 12 meses, dependendo de quanto o fundo está cobrando de taxa de administração.

Os CDBs de bancos que pagam menos de 85% do CDI também estão rendendo menos que a inflação.

O que fazer com sua reserva de emergência?

"Está cada vez mais difícil ter segurança, liquidez e rentabilidade", afirmou o sócio da empresa de investimentos Monte Bravo, Rodrigo Franchini.

A questão é que poupança, fundos DI e títulos do Tesouro Selic —que também estão perdendo da inflação— são aplicações usadas principalmente para fazer uma reserva para emergências. Mesmo nesse tipo de investimento, há alternativas para escapar do rendimento negativo, dizem os consultores.

Dica 1: olho aberto com as taxas

A primeira dica é olhar os custos que comem parte do rendimento. O investidor deve procurar fundos de renda fixa DI que cobrem taxa de administração inferior a 0,2%, segundo Glenda Ferreira, especialista em finanças pessoais da empresa de análise independente Levante Casa de Ideias.

Segundo ela, tem muita gente perdendo dinheiro com as tarifas. "De acordo com uma pesquisa da Magnetis, quase 1,8 milhão de cotistas, ou cerca de 60% daqueles que investem em fundos DI, estão em fundos com taxa de administração de 1% ao ano ou mais. Destes, pouco mais de um terço investe em fundos com taxa de 2% ao ano ou mais", disse a especialista.

Segundo ela, há várias opções no mercado com taxa zero nos principais bancos e corretoras.

Dica 2: aproveite contas remuneradas

Outra opção vale para quem tem conta em bancos digitais: usar as contas remuneradas, que remuneram o dinheiro em 100% do CDI. Mesmo levando em conta que essas opções têm desconto de Imposto de Renda, ainda é mais negócio que a poupança, por exemplo.

Quer mais retorno? Veja sugestões

Para quem já tem uma reserva de emergência e quer buscar mais rendimento, mas sem grandes oscilações, os analistas sugerem alternativas que estão rendendo um pouco acima da inflação. Parte das aplicações pode ir para títulos de empresas, como CDBs, LCIs, LCAs, CRIs, CRAs e debêntures.

A consultora da Levante diz que uma opção para quem não conhece muito desses investimentos, mas quer experimentar, é procurar fundos de renda fixa de crédito privado, que aplicam nesses títulos.

"A vantagem do fundo em relação a comprar diretamente os títulos é que os fundos conseguem taxas mais atrativas de remuneração por serem grandes investidores. Além disso, os gestores dos fundos podem analisar os riscos de cada ativo. Isso é importante porque, quando investimos numa empresa, é preciso conhecer se a companhia poderá cumprir o que prometeu", disse Glenda.

Além disso, ao investir em fundos, o aplicador consegue uma diversificação maior. "Há fundos que compram 20 papéis diferentes, outros chegam até 100. Assim, o risco é bem diluído", disse.

No caso dos CDBs, o gestor da Messem, Gabriel Ribeiro, diz que o investidor tem que ficar atento ao limite coberto pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), para receber o dinheiro caso o banco emissor do título tenha problemas.

Fundos imobiliários

Os consultores também recomendam fundos imobiliários. O responsável pela área de produtos da Ourinvest, Fernando Fridman, disse que essas carteiras estão rendendo mais que a inflação com alguma folga. "O setor está em fase de retomada e vão aparecer novos fundos", disse o executivo.

Novamente, ressaltam os profissionais de mercado, o aplicador deve estar atento à taxa de administração. As taxas variam de acordo com os ativos que compõem o fundo, normalmente a partir de 1%, para os mais simples, que investem, por exemplo, apenas em Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs).

Para Frachini, da Monte Bravo, com os juros baixos e a maior concorrência entre as administradoras de recursos, as taxas estão caindo. "O importante é comparar", disse o executivo da Monte Bravo.

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