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Fundos multimercados viraram queridinhos; veja se você pode ganhar com eles

João José Oliveira

do UOL, em São Paulo

03/02/2020 04h00

Resumo da notícia

  • Fundos multimercados receberam mais de R$ 66 bilhões em 2019 e atingiram patrimônio de R$ 1,2 trilhão
  • Veja fundos multimercados que mais renderam em 2019
  • Multimercados também apresentam mais risco que fundos de renda fixa e devem ser usados para aplicações de longo prazo, dizem profissionais

Os juros caíram para níveis nunca antes vistos, e o brasileiro está procurando alternativas para fazer o dinheiro render, já que os tradicionais fundos de renda fixa mal batem a inflação. Uma das opções que estão caindo no gosto dos aplicadores locais são os fundos multimercados. O gestor desse produto pode aplicar simultaneamente em diferentes classes de ativos -ações, moedas, títulos do governo- e assim buscar um ganho maior. Essa maior liberdade, por outro lado, representa mais risco, avisam os profissionais de mercado.

Em 2019, os fundos multimercados registraram entrada líquida de R$ 66,8 bilhões, uma captação 37,3% maior que em 2018. Assim, essa categoria atingiu patrimônio de R$ 1,18 trilhão. Por outro lado, os fundos da classe renda fixa tiveram saída líquida de R$ 69,3 bilhões, o pior resultado desde 2008, segundo a Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais).

Os fundos multimercados deram aos investidores ganhos entre 7,20% e 14,19%, dependendo dos tipos dessa carteira (são 11 tipos, na classificação Anbima). Já os fundos de renda fixa duração baixa grau de investimento, ainda o tipo mais utilizado pelos brasileiros, tiveram variação de 5,74% em 2019 -pouco acima dos 4,3% da inflação medida pelo IPCA.

"Está ficando claro para o investidor que ficar na renda fixa não vai dar o retorno que deu no passado. Olhando a indústria de fundos no Brasil, ainda há muito dinheiro para ir para os multimercados", afirma o diretor de relações com investidores da Persevera Asset, Marcos Yokota, que cuida desses produtos na empresa.

Liberdade para investir

"O gestor do fundo multimercado tem mais liberdade para atuar", afirma o sócio gestor da AZ Quest, Bernardo Zerbini. Assim, se comprar títulos do governo não vale mais a pena porque a taxa básica de juros, a Selic, caiu de 14,25% para 4,5% nos últimos três anos, o gestor tem a capacidade para investir em vários mercados, tanto no Brasil quanto no exterior.

Da mesma forma, se o mercado de ações começa a ir mal, o gestor pode buscar uma estratégia de aplicação que mantenha o ganho do aplicador.

Por outro lado, essa maior liberdade também representa riscos. "As pessoas têm que ter consciência de que o risco é maior", afirma Zerbini.

Quanto você aguenta de risco?

Ao aplicar em diferentes mercados, o fundo pode sofrer com as oscilações de alta e baixa, algo que não ocorre com os fundos de renda fixa tradicionais. "Antes de investir, a pessoa tem que checar o quanto está disposto ao risco", diz o gestor de produtos da RB Investimentos, Gabriel Tamashiro.

Segundo ele, uma forma de checar o tamanho de risco que um fundo assume é a volatilidade (instabilidade). Quanto maior, mais risco aquele gestor está assumindo. "É uma das variáveis mais importantes para checar se o risco é muito elevado ou não", afirma Tamashiro.

Ganho versus risco

A empresa de informações financeiras Economatica listou os fundos que mais ganharam em 2019. Os dados mostram que dois desses fundos também ficaram entre os que apresentaram a maior volatilidade, ou seja, mais oscilaram durante o ano.

"Antes de investir, a pessoa tem que perguntar ao gestor em que classe de ativo o fundo investe e qual a relação entre risco e retorno que ele está assumindo", disse o coordenador do MBA Banking da FIA, Roy Martelanc.

Investir em longo prazo

Por oscilar mais, os fundos multimercados devem ser usados como aplicações de longo prazo, alertam os profissionais de mercado. "No mínimo por 12 meses", diz Zerbini, da AZ Quest. Isso porque, se precisar sacar o dinheiro logo, pode ser justo no momento em que a aplicação esteja em baixa e acabar perdendo dinheiro.

No momento de resgatar, outro alerta é sobre o tempo que leva para o cliente colocar a mão no dinheiro. Diferentemente das regras dos fundos de renda fixa, quando o dinheiro pode ser sacado no mesmo dia do pedido de resgate, nos multimercados o prazo para a liquidação do negócio pode ser de mais de um mês.

"O dinheiro demora para entrar na conta do cliente, e nesse período o mercado também pode mudar", afirmou o executivo da AZ Quest.

Multimercados cobram mais taxas

Outro ponto que o investidor deve ficar atento é com relação aos custos. Nos fundos renda fixa há usualmente apenas uma taxa, a de administração, de 1% em média, sobre o dinheiro aplicado.

Nos fundos multimercados, existem duas taxas -a de administração, de 1,82%, em média- e mais uma taxa de performance, que costuma ser de 20% sobre o ganho em relação a um indicador, o benchmark.

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