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Quais são os piores fundos do mercado? Estudo aponta quais evitar

Getty Images/iStockphoto
Imagem: Getty Images/iStockphoto

João José Oliveira

do UOL, em São Paulo

10/02/2020 04h00

Resumo da notícia

  • Empresa de análises lista fundos de renda fixa para pessoas físicas que estão corroendo ganhos do aplicador
  • Taxa de administração elevada é um dos principais vilões nos fundos que são mal avaliados pelo estudo
  • Bancos dizem que fundos mal avaliados são produtos para remunerar dinheiro que fica parado na conta corrente

Você já deve estar acostumado a listas que apresentam os melhores fundos de investimento. O UOL mesmo já mostrou os vencedores no segmento imobiliário e o ranking dos campeões no decênio encerrado em 2019. Mas o que dizer sobre os piores do mercado?

A empresa de análises Spiti criou uma lista desse tipo a partir da avaliação de fundos de renda fixa voltados para pessoa física e com mais de dez anos de existência. Além do rendimento, foram comparados indicadores como taxa de administração.

Autora do estudo, Luciana Seabra afirmou que taxas elevadas acabam corroendo parte do rendimento. Ela lembra que a taxa básica de juros, a Selic, caiu a níveis históricos, reduzindo também o CDI, usado como referência para o rendimento dos fundos de renda fixa DI.

Mas as taxas de administração não caíram. Isso significa que o banco está ficando com uma parte cada vez maior do rendimento. Se o investidor não se movimentar, os bancos não vão se desfazer dos produtos ruins.
Luciana Seabra, analista da Spiti

Taxa de administração deveria cair junto com rendimento

A primeira dica da analista para avaliar se o fundo vale a pena é comparar a taxa de administração com o rendimento. Se o rendimento do fundo caiu, a taxa de administração não pode ficar congelada.

Há três anos, quando a taxa básica de juros estava em 14,25% ao ano, os fundos de renda fixa tradicionais tinham um rendimento bruto (sem descontar impostos e taxas) ao redor de 12% ao ano. Quem aplicasse R$ 1.000 ganharia R$ 120. Com uma taxa de administração de 2%, a parte do banco seria de R$ 20.

Hoje, com a Selic em 4,5%, o mesmo fundo vai render cerca de 4%, e o aplicador vai ter um ganho anual bruto de R$ 40. Como a taxa de administração continua igual, R$ 20 ficam com o banco. Ou seja, a parte da instituição financeira subiu de 17% para 50% do rendimento.

Trabalho do gestor justifica a taxa cobrada?

O cliente também deve avaliar o trabalho do gestor na administração do fundo. "Não faz sentido taxa de administração elevada em produtos que não têm muita inteligência envolvida", disse Seabra.

Nas carteiras de renda fixa DI, por exemplo, tudo que o banco precisa fazer é comprar título público. Nos fundos de ações que acompanham o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, o gestor só precisa comprar ações que reproduzam o indicador.

Para Seabra, o cliente deve comparar o rendimento do fundo com o indicador usado pelo gestor como referência, como o Ibovespa, "Se o ganho do investidor está muito abaixo da referência, é porque a maior parte do ganho está ficando com o banco", afirmou.

11 piores fundos em dezembro

Veja abaixo a lista dos 11 piores fundos em dezembro, segundo a Spiti, e suas taxas de administração.

  • Safra Prático Aplicação Automática Fic Renda Fixa Curto Prazo: 2,85%
  • Banrisul Super Fi Renda Fixa: 3%
  • Bradesco Hiperfundo Fic Renda Fixa Referenciado Di: 2,9%
  • Caixa Liquidez Fic Renda Fixa Curto Prazo: 3,1%
  • Santander Classic Fic Renda Fixa Referenciado Di: 2,7%
  • Banestes Investidor Automático Fi Renda Fixa Curto Prazo: 3%
  • Itauvest Plus Fic Renda Fixa Curto Prazo: 2,75%
  • Santander Extra Fic Renda Fixa Referenciado Di: 2,7%
  • Santander Top Fic Renda Fixa: 2,7%
  • Itaú Fic Renda Fixa Referenciado Di: 2,75%
  • BB Automático Mais Fic Renda Fixa Curto Prazo: 2,5%

Fundos não são para investir a longo prazo, dizem bancos

Os bancos citados argumentam que os fundos listados pela Spiti não são para investimento de longo prazo, e sim para o cliente não deixar o dinheiro parado na conta. Servem apenas para dar algum rendimento a recursos que serão usados em breve, dizem.

O Banrisul disse por nota que vem acompanhando os movimentos da indústria de fundos de investimento e da redução da taxa Selic. "O fundo de investimento mencionado destina-se a rentabilizar os recursos do dia-a-dia dos clientes e contam com 100% de liquidez e praticidade de movimentação, o que denota maior custo operacional"m afirmou.

Aroldo Medeiros, diretor comercial e de produtos da BB DTVM, disse que o estudo compara produtos diferentes."[O fundo] é um produto de conta corrente, não é fundo de aplicação", afirmou, em relação ao BB Automático Mais Fic Renda Fixa Curto Prazo. "A recomendação que damos para a rede de atendimento é dizer ao cliente que, se o dinheiro dele está no fundo há mais de 60 dias, ele está no fundo errado."

O Bradesco disse que o Hiperfundo não é distribuído como um produto de investimentos nem consta nas carteiras recomendadas. "É um fundo de prateleira voltado para clientes com demandas específicas, que procuram alguma rentabilidade, com liquidez diária, baixo risco e, essencialmente, buscam concorrer a prêmios", disse o banco.

O Santander afirmou que o fundo Supremo DI não é mais comercializado. "Diante do atual cenário e para atender aos atuais cotistas, a instituição reduziu a taxa de administração deste fundo, em setembro de 2019, para 2,7% ao ano", informou o banco.

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